UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL - CAMPUS REALEZA CURSO DE GRADUAÇÃO EM LETRAS: PORTUGUÊS E ESPANHOL – LICENCIATURA
Por: Evandro.2016 • 19/10/2018 • 1.231 Palavras (5 Páginas) • 475 Visualizações
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Elias pega na corrente, põe-se a passá-la nos dedos e à volta do pulso. É uma cadeia delicada em forma de pulseira mas numa bela perna de mulher vale como um compromisso público de pacto de cama. Atrás do balcão, o invejoso cinzento observa o deslizar da corrente nos dedos do polícia. A maneira como ele a estende em redor do punho, e a cinge, e a perpassa com a palma da mão, essas lentidões, esse voltear. Como a percorre em círculo com dois dedos e depois em torno do pulso, e como enquanto isso a unha mágica vai perdendo o brilho e o olhar se vai amortecendo atrás das lentes (p.77).
Mesmo enfeitiçado, Elias não esquece o real motivo da prisão de Mena, ele procura deixar bem claro para si mesmo, que ele detém o poder, pois ele é o investigador e a suspeita é ela. Mena no seu emaranhado de erotismo, passa a ser vista no desenrolar da trama, como uma moça nada ingênua, ardilosa e consciente do jogo de sedução que está fazendo parte, em que ao contrário que pensa o investigador, quem domina é ela. Ela o despreza como homem e como policial, ele percebe, contudo em vez de ficar enraivecido, ele fica excitado, o descaso dela para com ele, só aumenta o desejo por ela, e ela sabe disso.
Mena confidencia, sem nenhum pudor, de maneira detalhada as relações mais intimas que possuía com o Major Dantas, indagando que se fazem “coisas” pela cidade que ninguém possa imaginar, em locais aparentemente impossíveis, mas que são utilizados para se manter relações sexuais, até mesmo em locais públicos, e sinuosa donzela as relata com a intenção de instigar cada vez mais as fantasias sexuais de Covas.
Entre depoimentos, excitações e fetiches, o investigador recebe a notícia que Mena será transferida, e não mais a terá em seu domínio.
Mena exerce um papel muito importante na trama, pois representa o feminino reprimido pela violência masculina, não só a violência que sofreu do Major Dantas e do investigador Covas, mas também do regime fascista que governava na sua época, um governo em que mulheres não tinham voz, e se não aceitassem ser oprimidas eram tratadas como prostitutas, mulheres sem valor.
O romance, não deixa evidentes os culpados ou inocentes do assassinato que o originou, contudo da voz a mulher oprimida, a voz a um povo que vivia um regime de ditadura, um sistema policial perverso e repressivo, enfim a obra expõem as dores,os temores, mesmo sem expor.
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