Análise do conto: Umas Férias - de Machado de Assis
Por: eduardamaia17 • 20/12/2018 • 3.795 Palavras (16 Páginas) • 2.723 Visualizações
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Passamos então, a classificação dessas personagens, como elas podem ser encontradas dentro de uma história. As personagens podem ser classificadas em principais ou secundárias.
A personagem,
é classificada como principal quando suas ações são fundamentais para a constituição e o desenvolvimento do conflito gramático. Geralmente, desempenha a função de herói na narrativa, reivindicando para si a atenção e o interesse do leitor. Não é incomum que um mesmo texto apresente mais de uma personagem principal. (BONNICI, Thomas, ZOLIN, Lúcia, 2003, p.38).
Já a personagem secundária
é classificada como secundária quando suas ações não são fundamentais para a constituição e o desenvolvimento do conflito dramático. Geralmente, desempenha uma função subalterna, atraindo menos a atenção e o interesse do leitor. Pode acontecer, no entanto, de a personagem secundária revelar-se, por um artifício do enredo ou por uma reviravolta nos acontecimentos da história, fundamental para o desenvolvimento do conflito dramático presente na narrativa. (BONNICI, Thomas, ZOLIN, Lúcia, 2003, p.38).
Quanto a caracterização desses personagens podemos encontrar personagens planas, que apresentam um número pequeno de atributos, “tal classificação que inclui dois subtipos: a personagem tipo e a personagem estereótipo” (BONNICI, Thomas, ZOLIN, Lúcia, 2003, p.38).
Sendo que a personagem estereótipo é
aquela cuja identificação se dá por meio da acumulação excessiva de signos que caracterizam determinada categoria social. [...] A personagem estereótipo é, pois, uma cristalização máxima dos lugares comuns e dos valores socialmente atribuídos às diversas categorias sociais. Pode-se dizer que, no texto literário, sua psicologia e suas ações são como que determinadas pela categoria social à qual pertence – fato normalmente construído por meio da descrição dos seus atributos físicos e de seu figurino. (BONNICI, Thomas, ZOLIN, Lúcia, 2003, p.38).
E também além das personagens planas encontramos as planas com tendência a redondas e por fim as personagens redondas que é
aquela que apresenta um alto grau de densidade psicológica, ou seja, marca-se pela alinearidade no que se refere à relação entre os atributos que caracterizam o seu ser (a sua psicologia) e seu fazer ( as suas ações).[...] Tal personagem é imprevisível, surpreendendo o leitor ao longo da narrativa, pois representa de modo denso a complexidade, os conflitos e as contradições que caracterizam a condição humana e nesse sentido, não é redutível aos limites de uma categoria social.( BONNICI, Thomas, ZOLIN, Lúcia, 2003, p. 39).
Assim, a partir dessas definições, vejamos agora uma descrição de personagens escolhidos do conto e com isso, identificaremos as características físicas, psicológicas, morais, ideológicas e sociais dos mesmos, dando credibilidade ao que é dito.
- JOSÉ MARTINS
Para darmos início a nossa análise, começaremos pelo personagem principal da história e também narrador, chamado José Martins. José Martins além de personagem principal é o narrador da história. Um menino de dez anos de idade, era um ano mais novo que sua irmã, jovem, gostava de folgar e não gostava de ir à escola para aprender.
Usava sempre chapéu, botins de cordavão, calças largas que caiam sobre o peito do pé.
José Martins apesar de não gostar de estudar era um menino esperto, tinha uma curiosidade bem grande pelas coisas e na história se mostra muito ansioso para chegar em casa e saber o que estava a acontecer. Conversava bastante com sua irmã, era bastante falador e tinha uma imaginação tentadora, passava o caminho inteiro imaginando o que estava a acontecer em sua casa. Não podendo deixar de notar também que ele tem um sentimento muito grande por seu pai, onde a tristeza ganha o maior papel no conto.
Com estas afirmações e com a pesquisa realizada sobre personagens podemos visualizar que José Martins é um dos personagens principais da história, pois tudo que acontece no conto é em torno dele, também pelo de que é ele que narra a história.
Podemos afirmar que José Martins é um personagem redondo, pois apresenta uma variedade maior de características, que podem ser classificadas como físicas, sociais, ideológicas e morais.
Suas características físicas estão bem explícitas como o seu modo de vestir, corpo e etc. As psicológicas identificamos, quando lendo percebemos o seu estado de espírito, personalidade, e principalmente sua ansiedade para chegar em casa e curtir as “férias” que estão por vir, e logo depois a tristeza que invadiu seu coração por descobrir que não haveria férias e sim que seu pai havia morrido, essas atitudes e fatos que acontecem com o personagem são dinâmicas e se desenvolvem muito bem no desenrolar do conto por isso causam surpresa ao leitor graças a essa disponibilidade psicológica que tem muita semelhança com a dos seres humanos. Sociais percebemos que ele é uma criança da classe média baixa, pelo seu jeito simples de se vestir, suas atitudes de não gostar de estudar e ir para escola, gostar de conversar bastante, por conseguinte o que também tem muito a ver com o nosso mundo.
As semelhanças são tantas, nós leitores nos identificamos com muitas das coisas que acontecem no livro e essa verossimilhança é muito importante nos faz pensar e perceber que muitas coisas que acontecem com a personagem é exatamente a mesma coisa que acontece em nossas vidas, na vida real, e isso faz com que o conto se torne interessante e muito bem escrito, mas essa verossimilhança não é somente pelo fato de que aquilo que é narrado se assemelha a realidade, mas também é a impressão da verdade que o conto consegue provocar no leitor.
- FELÍCIA
Dando sequência a nossa análise, apresentamos Felícia, irmã mais velha de José Martins. Felícia é personagem principal da história também, pois seu tio Zeca e seu irmão vão buscar ela na escola também para a tal das férias que eles iriam ter, sendo assim ela passa o caminho inteiro conversando com seu irmão José.
Felícia tinha 11 anos, um ano mais velha que seu irmão, “calçava sapato raso, atado ao peito do pé por duas fitas cruzadas, vindo acabar acima do tornozelo com laço” (Assis, Joaquim Maria Machado de, 1839-1908, p.108). Durante o trajeto até a casa dos Martins, Felícia parava para
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