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Estratégias de Leitura em Letras

Por:   •  14/11/2018  •  5.231 Palavras (21 Páginas)  •  264 Visualizações

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2.3 Estratégias de leitura

Tendo como ponto de partida as pesquisas de Brown (1980), Baker & Brown (1984), Kato (1999) e Oxford (1990) sobre leitura, tanto em língua materna quanto em Língua Estrangeira (daqui por diante representado pela sigla LE), não se pode negar que o bom desempenho na compreensão de textos está mais intimamente associado às habilidades específicas que o leitor emprega ao ler um texto do que à sua capacidade lingüística.

Logo, faz-se necessário perceber que o processo de leitura, além de estar relacionado com a compreensão total ou parcial do texto, engloba mecanismos que permitem ao leitor lidar e superar suas deficiências no domínio do vocabulário e da estrutura textual, principalmente em LE. Por isso, “para o leitor alcançar um bom entendimento do texto, construindo adequadamente seu sentido [...], são adotados alguns procedimentos: as estratégias de leitura” (SOUZA, 2003, p. 119), que podem ser caracterizadas como ações, técnicas, comportamentos ou procedimentos específicos utilizados pelo leitor, de forma consciente ou não, que vão se juntar às suas habilidades lingüísticas, de modo a alcançar um objetivo e facilitar a execução de determinada tarefa textual (Oxford, 1990). O desenvolvimento, pois, dessas estratégias de leitura pode tornar o leitor mais eficiente, não apenas na LE, mas também na LM. Isso porque, durante esse processo, ele toma consciência que

a leitura é um processo ativo de construção de sentido a que se chega por meio de antecipações, confirmações e/ou reformulações de hipóteses, inferências,utilização de conhecimentos prévios, uso de informações não lingüísticas, como dados iconográficos (ilustrações, gráficos, tabelas, pontuação, diagramação, efeitos e formas tipográficos etc.), e não apenas por intermédio da soma do significado de todas as palavras do texto. (TOTIS, 1991, p.37).

Além disso, de acordo com Baker & Brown (1984), leitores proficientes e menos proficientes diferem entre si quanto aos tipos de estratégias utilizadas durante a leitura, as quais, de modo geral, podem ser concebidas sob o ponto de vista cognitivo, e ser classificadas como estratégias cognitivas e metacognitivas. Entende-se, por estratégia cognitiva de leitura,

o conjunto de princípios que regem o comportamento inconsciente e automático do leitor, e seu conjunto serve essencialmente para construir a coerência local do texto; sendo as principais delas: scanning, fixação, formação, busca, escolha provisória, testagem, testagem grafonológica, regressão, decodificação, iniciação ou reconhecimento da tarefa, seleção, inferência, predição, confirmação ou desconfirmação, correção e finalização (MARTINS, 2003, p. 103).

As estratégias metacognitivas, por sua vez, “...referem-se a atividades planejadas, reflexivas e intencionais de processar o sentido do texto [...]; elas caracterizam o comportamento do leitor maduro, pois derivam do controle planejado e deliberado das atividades que levam à compreensão” (Ibid., p. 103).

Para Kato (1999), as mesmas podem ser resumidas em duas: o estabelecimento de um objetivo geral para a leitura e o monitoramento da compreensão para atingir esse objetivo. Na verdade, o conhecimento do propósito da leitura e a compreensão do texto vão definir a maneira por que o leitor vai realizá-la, sendo que a mesma pode ser ou uma leitura geral ou uma leitura de pontos específicos e/ou uma leitura mais detalhada.

Sem dúvida, um dos primeiros passos para desenvolver e aperfeiçoar a habilidade de ler e de compreender textos escritos é a percepção de que “um leitor competente não lê de forma linear, mas sim em busca do significado global daquilo que lê [...], criando significado com base no seu conhecimento da língua e do mundo” (Ibid., p. 38). Para tanto, ele se aproxima do texto através de um processo chamado de predição, a partir do qual expectativas e hipóteses são formuladas a respeito do material ainda não lido, a fim de prepará-lo mentalmente para a leitura, estimulando-o a pensar sobre o provável assunto do texto, antes de iniciá-la. De acordo com Munhoz (2001), isso é feito graças ao conhecimento prévio sobre o tema; através do contexto semântico (palavras de um mesmo grupo semântico); do contexto lingüístico (pistas gramaticais e lexicais: conectivos; tempos verbais e verbos auxiliares; pronomes; adjetivos; afixos: prefixos e sufixos; correntes lexicais; palavras repetidas e palavras de referência; relações de sentido entre os vocábulos e as estruturas; sinônimos e paráfrases, etc.); do contexto não-lingüístico (gravuras, gráficos, tabelas, números, etc.); do conhecimento sobre a estrutura do texto (gênero textual, título, subtítulo, divisão de parágrafos, etc.) e das marcas tipográficas (símbolos, letras maiúsculas, negrito, itálico, etc).

Clarke e Silberstein (apud TOTIS, 1991, p. 40), por sua vez, apontam quatro tipos de estratégias de leitura, baseadas nos diferentes objetivos que os leitores têm ao ler um texto. A primeira delas, também conhecida como skimming, consiste na realização de uma leitura rápida que visa a obter o sentido global do texto; é um tipo de leitura seletiva. A segunda, também chamada de scanning, caracteriza-se como uma leitura mais detalhada em que se procura uma informação específica dentro do texto. A terceira delas é uma leitura de compreensão total do texto, que busca compreender a mensagem e os aspectos essenciais do mesmo. E, por fim, há a crítica, na qual o leitor é solicitado a dar o seu parecer a respeito do texto.

Conforme sugere Totis (1991), esse tipo de leitura estratégica, instrumental ou com fins específicos - que é direcionada para o desempenho de uma determinada atividade -, consiste, também, na inferência do significado de palavras desconhecidas a partir do contexto em que estão inseridas, sem recorrer imediatamente ao dicionário, o qual passa a ser um mero auxiliar para a compreensão dos significados, e seu uso uma estratégia usada pelo leitor para resolver um problema de compreensão (LEFFA, 2001). Contudo, em se tratando dessa estratégia de pular ou prever o significado de uma palavra desconhecida, de acordo com o contexto ou por analogia com outras palavras, a mesma é muito utilizada por leitores proficientes, sendo também empregada com relativo sucesso pelos leitores pouco proficientes, desde que estes tenham desenvolvido uma razoável capacidade de inferência e logicidade.

Outra estratégia importante diz respeito ao título do texto que, de acordo com Marcuschi (1985), não é um mero acessório, uma vez que o integra de forma especial como elemento de

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