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A LEITURA COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO DOS DEFICIENTES

Por:   •  6/6/2018  •  2.822 Palavras (12 Páginas)  •  385 Visualizações

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Em âmbito brasileiro, a questão dos deficientes remonta ao Império, período em que os portadores de necessidades especiais eram retirados do seio de sua família e da sua comunidade, levados para instituições ou escolas especiais onde viviam enclausurados, tornando-os incapazes de viver em sociedade. Só a partir da década de 50, incentivado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos que trouxe as ideias de igualdade, liberdade, diversidade e fraternidade, é que se estabeleceu uma força contrária, mas que só estabeleceu um novo paradigma: o da normalização.

Normalizar era a intenção de tratar os indivíduos deficientes, que eram vistos como se tivessem um desvio do normal, através da medicina, psicologia e outras áreas, para ajustá-las ao restante da sociedade, buscando chegar o mais próximo possível do que era tido como normal, oferecendo a eles clínicas e centros de reabilitação. Essa ideia logo começou a ser criticada, porque a inclusão não exige que o indivíduo se molde a sociedade, como se o problema estivesse nele e que devia ser corrigido, mas agora, cria-se um novo conceito de que não se deve apagar as diferenças, e sim, respeitá-las.

A partir da década de 80, então, iniciou-se um processo de tomada de consciência, em que, a sociedade e o ambiente em que vivem deveriam ser modificadas para tornar os espaços acessíveis a todos. Nesse contexto, a inclusão presume que a sociedade atenda todas as diversidades com qualidade, respeito e valorização.

Atualmente no Brasil, 23,9% da população total tem algum tipo deficiência – visual, auditiva, motora, mental ou intelectual – de acordo com o último censo demográfico do IBGE, das quais 18,6% são deficientes visuais, 5,1% tem deficiência auditiva, 7% tem dificuldades motoras e 1,4% sofrem de problemas mentais. Justificando assim a enorme importância de se falar de inclusão.

Nesse artigo, a partir de revisões bibliográficas, falaremos de leitura como uma forma de inclusão dos deficientes visuais e auditivos, visto que o ato de ler é basilar para a formação intelectual e social do indivíduo, mas, no caso dos portadores de deficiência, ler adquire uma significação especial, o da inclusão.

1. LEITURA NO PROCESSO EDUCACIONAL

A educação é considerada em todo o mundo um meio para o desenvolvimento do indivíduo e da própria humanidade. Toda criança, jovem, homem e mulher, independentemente de sua condição social, financeira, física e mental, têm direito à educação. O direito à educação é inalienável e universal. A educação é uma questão de direitos humanos, e os deficientes também devem fazer parte das escolas, as quais devem se adaptar e modificar seu funcionamento para incluir todos os alunos. “Art. 26º - 1.Toda a pessoa tem direito à educação. [...] 2.A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais[...]” (ONU, Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948).

A leitura tem um papel fundamental no processo educacional, pois além de se adquirir conhecimento, ela estimula o bom funcionamento da memória, e aprimora a capacidade interpretativa. Por isso todos devem criar o hábito de ler, e tal hábito deve ser estimulado principalmente na sala de aula, onde também deve assumir função de inclusão dos portadores de deficiência. Mas como é desenvolvida a leitura na vida dos deficientes visuais e auditivos?

1.1. O DEFICIENTE VISUAL E A LEITURA

Neste trabalho é de suma importância a conceituação de deficiência visual. De acordo com o dicionário Aurélio (2001), deficiência significa falta, imperfeição ou insuficiência. A deficiência visual é definida como perda parcial ou total, congênita ou adquirida, da visão, e pode ser ainda classificada em dois grupos de deficiência, de acordo com a acuidade visual: baixa visão (o funcionamento visual é comprometido, mas, ainda é possível ler com o uso de recursos ópticos) e cegueira (há perda total da visão, o que leva a pessoa a necessitar do Sistema Braille para leitura e escrita).

No Brasil é considerada cega a pessoa “na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica” (BRASIL, Decreto 5.296, de 2 de dezembro de 2004).

Para o indivíduo cego, a leitura ocorre através do ouvir ou do contato, e lhe proporciona “informações que chegaram a sua mente sem passar pelos seus olhos” (SANDES, 2009, p. 18).

O indivíduo não vidente utiliza o Sistema Braille, o audiolivro ou os ledores para desenvolver a leitura.

O Sistema Braille foi criado pelo francês Louis Braille, filho do seleiro Louis Simon-René. Aos três anos de idade, em 1812, Louis Braile se acidentou com ferramentas de trabalho de seu pai e perdeu a visão, mas, a cegueira definitiva veio dois anos depois, quando ele estava com cinco anos de idade. Com dez anos, ele entrou para o Instituto Real de Jovens Cegos de Paris e lá começou a desenvolver seu sistema, baseando-se nas ideias anteriores de Valentin Haüy, fundador do Instituto, e Charles Barbier, capitão francês. Somente em 1829, aos 20 anos, Braille publicou o Código que leva seu nome.

No Brasil o Braille foi adotado em 1854, no Imperial Instituto dos Meninos Cegos, e logo teve absoluta aceitação.

O Código Braille é formado por caracteres indicados por seis pontos de preenchimento em alto relevo, dispostos três a três verticalmente, sendo possível gerar até 63 combinações que indicam letras, números, pontuações, acentuações, sinais matemáticos e notas musicais. A leitura do braille é feita da esquerda para a direita, através do contato de uma ou ambas as mãos, as quais são expostas a grande estimulação, gerando uma maior sensibilidade tátil e aumentando a agilidade nas leituras gradativamente.

Além disso, com o avanço das tecnologias assistivas e outras tecnologias digitais, novas formas de produção de livros foram surgindo, como o livro falado, criado em 1970 no Rio de Janeiro, pelo professor cego Beno Arno Marquardt, que é um complemento do livro em Braille. O livro falado é isento de direitos autorais, incentivando a reprodução de obras literárias, sem fins lucrativos, cujo objetivo é a educação dos deficientes visuais.

Os deficientes visuais contam ainda com mais uma alternativa de leitura:

os ledores. Os ledores são pessoas que voluntariamente, ou não, realizam a leitura para cegos em instituições

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