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A Denúncia de desigualdade social na obra Capitães Da Areia

Por:   •  15/10/2018  •  1.576 Palavras (7 Páginas)  •  614 Visualizações

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pego por dois policiais bêbados que o humilharam o obrigando a correr em volta de uma sala enquanto levava chicotadas, por conta disso o menino criou um sentimento de ódio.

Ao longo da narrativa essa trama de ódio propõe outra consideração relevante, Jorge Amado leva os leitores a uma ponderação sobre culpa. Mais especificamente, é levantada uma polêmica, de um lado as ações dos Capitães da Areia, essas demonstram que os meninos são criminosos, porém, também é revelada a diferença e o conflito entre classes sociais previamente apresentado, o que aponta para um culpa alheia. Sobre isso, o autor do livro expressa de modo implícito que na opinião dele o que se diz a culpa pertence ao governo e suas ações consideradas esdruxulas contra os meninos como os Capitães da Areia.

Como já dito o livro julga o sistema político da Bahia, esse apresenta duas “soluções” para crianças que são condenadas por ações criminosas: A primeira é o reformatório, instituição para meninos que diz reformar os delinquentes para que esses saiam felizes e pacíficos. O segundo recurso usado é o orfanato, organização para meninas da rua que precisam de um lar.

Fica claro que essas respostas ao crime infantil não são bem aceitas por Amado, autor do livro. O pensador apresenta fortes evidências contra as soluções apresentadas. Em primeiro lugar, a trama apresenta uma descrição do reformatório através da estadia de Pedro Bala no espaço, é exposto que lá os meninos são agredidos e sujeitos a diversas punições que hoje em dia estão fora da lei. Além disso, fica claro que o diretor do reformatório esconde o que realmente acontece com as crianças e poucos tem acesso a essa informação, evidenciando que o que está sendo feito é realmente ilegal. O Padre José Pedro é uma das pessoas conhecedoras da real situação da instituição, esse enviou uma carta para o Jornal da Tarde que evidenciava isso:

“Em vez de reconquistarem as crianças com bom tratos, fazem-nas mais revoltadas ainda com espancamentos seguidos e castigos físicos verdadeiramente desumanos” (pg18)

É também relevante uma reflexão sobre a igreja, essa instituição é considerada conservadora e extremamente tradicional. Sem dúvida, Amado considera que essas ideias devem ser deixadas para traz, já que a organização é contra as ideias de liberalismo e comunismo. O dito fica claro em uma conversa entre o Padre e o Arce-bispo:

“ O senhor é um comunista, um inimigo da Igreja” (pg 134)

José Pedro é um personagem que representa fielmente os pensamentos do autor do livro, esse acredita que os meninos não tem culpa sobre suas ações:

“Quem cuida deles? Quem os ensina? Quem os ajuda? Que carinho eles tem?” (pg 134)

Essa fala do Padre é essencial para o entendimento da polemica do livro, é incentivado que os capitães não tem culpa, a culpa é do sistema social.

Outra reflexão significativa para a compreensão do livro é o porquê da publicação da obra. Já é de conhecimento que o autor causava certas reflexões, mas é de ainda maior relevância que Jorge Amado levantava uma denuncia. De acordo com o dicionário Aurélio o governo “se submete hierarquicamente aos princípios e normas fundamentais da constituição”, porém Amado chama atenção para os “objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil”, o que se remete ao artigo 3o da constituição Brasileira:

“ I. Construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II. Garantir o desenvolvimento social;

III. Erradicar a pobreza e marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV. Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”

Com o dito em mente, a ideia de denúncia fica mais clara, é implícito que o autor de “Capitães da Areia” pensa que o governo atual na época não era adequado as suas funções. Já foi expresso que os primeiros exemplares desse livro foram censurados, mas, para melhor entendimento dessa opinião, é fundamental a análise do sistema político em 1937, nesse período a Constituição Brasileira defendia eleições indiretas e se empunha contra o liberalismo, uma filosofia política que pensava em direitos humanos, eleições democráticas, liberdade de religião, liberdade de imprensa e outros.

No tempo evidenciado houve um grande conflito político no Brasil, o presidente Getúlio Vargas elegeu uma nova constituição, essa bania, entre outros, o comunismo, ideologia que promovia um sistema político igualitário e sem classes sociais. Jorge Amado era parte de um grupo de ativistas comunistas, por isso a publicação do livro que, claramente, faz queixa contra as diferenças sociais. A consequência disso é, em grande parte, o que é retratado no livro.

Com base em tudo o que já foi expresso a conclusão possível é que a obra “Capitães da Areia” de Jorge Amado é uma crítica social contra sistema de governo da época. O livro é uma

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