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TOMÁS DE AQUINO-OS NOMES DIVINOS/MEIRINALVAJS

Por:   •  7/4/2018  •  2.507 Palavras (11 Páginas)  •  238 Visualizações

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amigo e outros.

Em Tomás de Aquino [ST, q. 13, art. 1, r. 1], o homem só pode nomear algo se for conhecido pelo intelecto. Dessa forma, a nomeação direta e absoluta de Deus é impossível, pelo fato do homem não conhecer diretamente a Deus. O homem conhece a Deus por meio das criaturas existentes na natureza, segundo a relação de princípios, e pelo modo da excelência e da negação que cada criatura possui. Por exemplo, as criaturas possuem altura, no entanto não conhecemos a altura de Deus. Além disso, a princípio, Deus não tem altura. Por esse motivo podemos nomeá-lo de “altíssimo”.

Para o Aquino [ST, q. 13, art. 1, r. 2] atribuímos nomes abstratos para significar a singularidade de Deus, como, por exemplo, “pai” e “bom”, e nomes concretos para significar sua substância e perfeição, como, por exemplo, “perfeito”, “criador” e “único”. No entanto, todos esses nomes são falhos e incompletos quanto ao modo de Deus ser em si mesmo, pois são produto do intelecto humano e, por sua vez, esse intelecto não conhece a Deus, tal como ele é.

O que o intelecto faz é perceber que há certo grau de perfeição nas coisas e no próprio homem. Por meio do princípio de participação, ou seja, o homem é coparticipante da perfeição de Cristo (Romanos 8, 17; Efésios 3, 6), é possível ao intelecto humano inferir que existe em Deus um grau de perfeição muito superior ao existente no ser humano. Por exemplo, se há coisas boas e doces na realidade, então em Deus há um grau muito superior de bondade e de doçura. Com isso, é possível dizer, por exemplo, que Deus é “bom”, “doce” ou ainda “boníssimo” e “docíssimo”.

De acordo com Tomás de Aquino, pelo fato de “Deus ser incorpóreo” [ST, q. 13, art. 3, a. 3], ou seja, o homem só ter acesso a ele “mediante a fé” (I Pedro 1, 5), a qual é o firme fundamento das “coisas invisíveis” (Romanos 1, 20), só é possível se nomear Deus por meio de metáforas. Quando se diz, por exemplo, que “Deus é bom”, a palavra “bom” que consta da proposição é apenas uma metáfora que fala sobre Deus. Em hipótese alguma está representando Deus em si mesmo, mas apenas representa metaforicamente o que Deus é e, ao mesmo tempo, o desconhecimento do homem sobre ele. É por isso que “todos os nomes atribuídos a Deus o são por metáforas” [ST, q. 13, art. 3, r. 1] ou de outra maneira: “nomes só podem ser atribuídos a Deus por metáforas” [ST, q. 13, art. 3, r. 1].

Nisso o próprio Aquino pergunta: “Os nomes atribuídos a Deus são sinônimos?” [ST, q. 13, art. 4]. Dentro da discussão que é travada, ou seja, dos nomes divinos, essa é uma pergunta de suma importância. Apresentam-se dois motivos para essa importância. Primeiro, se Deus é perfeito, eterno e está além da realidade humana, então apenas uma única palavra humana poderá representar a Deus. Ao invés de se dizer ou criar-se umas dezenas de palavras, bastará ao homem estabelecer que apenas uma única palavra seja o suficiente para designar e significar Deus. Segundo, tanto filosoficamente como historicamente são atribuídos diversos nomes a Deus, tais como: uno – único , bom, perfeito, eterno e outros. Se os nomes atribuídos à divindade foram sinônimos então bastará apenas uma palavra para unir as diversas formas linguísticas existentes.

Tomás de Aquino demonstra que apesar de Deus ser uno e único – sem entrar na discussão filosófica da trindade –, o intelecto humano apreende-o de forma múltipla. Se o homem apreendesse Deus de forma una e única o próprio homem seria Deus. Não haveria distinção entre o homem e Deus. No entanto, isso não acontece. O intelecto tem acesso a Deus de forma indireta, parcial, limitada e imperfeita. Ele não conhece Deus em si mesmo, mas apenas as múltiplas manifestações de Deus, ou seja, o intelecto conhece a manifestação, por exemplo, da bondade, do amor e da mansidão de Deus. Ele conhece as manifestações, mas não Deus em si.

É por isso que Tomás de Aquino conclui afirmando que os “nomes atribuídos a Deus, ainda que signifiquem uma única coisa, não são sinônimos, porque a significam segundo razões múltiplas e diversas”. Cada nome atribuído a Deus é distinto do outro nome, ou seja, apresenta uma manifestação diferente de Deus, um atributo, uma razão diferente. Para Aquino dizer, por exemplo, que “Deus é bom” não é o mesmo que afirmar que “Deus é perfeito” ou então “Deus é eterno”. Essas proposições apresentam e significam atributos e manifestações diferentes de Deus. Por isso não é possível afirmar que os nomes divinos são sinônimos.

Outra pergunta de suma importância que Aquino faz é a seguinte: “os nomes são atribuídos a Deus e às criaturas da mesma maneira?” [ST, q. 13, art. 5], ou seja, a mesma significação que um nome atribuído a Deus é dada ao homem?]. Essa pergunta torna-se importante porque muitos nomes que são atribuídos a Deus também são atribuídos ao ser humano. Por exemplo, é comum se dizer que “Deus é bom”, “Deus é amor”, etc. No entanto, também se afirma tal coisa do ser humano. É possível dizer, por exemplo, “Pedro é bom” ou “João é amor”. A questão é que Pedro e João são meros mortais e não Deus.

Para Tomás de Aquino, não é possível nomear Deus de forma plena e perfeita. Por mais que o ser humano desenvolva palavras e expressões linguísticas nunca será possível expressar a essência de Deus. Ele sempre será o inominável, pois “Deus está mais distante das criaturas do que estas podem estar umas das outras” (ST, q. 13, a. 5, a. 3).

Apesar disso o homem só pode “nomear Deus a partir das criaturas”, ou seja, devido a sua condição de ser limitado e imperfeito, o homem só pode dar qualquer nome a Deus a partir da realidade presente nas criaturas. E somente isso. É por esse motivo que é possível dar o mesmo nome a Deus e a uma criatura. Por exemplo, é possível afirmar que “Deus é bom” e também que “Pedro ou João é bom”. Nesse caso, tanto Deus como Pedro ou João são possuidores do adjetivo “bom”.

O problema é que o adjetivo “bom” aplicado a Deus demonstra e significa uma característica que está inserida em Deus, ou seja, por essência Deus é bom e, além disso, possui qualquer outro atributo que o homem possa lhe dá (perfeito, eterno, etc). Já quando se diz que um indivíduo (Pedro, João, etc.) é “bom” está se apontando um acidente de sua substância e não algo que compõe sua essência. Em sua essência o homem não é bom, mas possuidor da bondade, e também não é possuidor de qualquer outro atributo que possa lhe ser atribuído.

Sobre essa questão Tomás de Aquino afirma:

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