FICHAMENTO DO TEXTO “ A AMÉRICA PORTUGUESA E OS SISTEMAS ATLÂNTICOS NA ÉPOCA MODERNA” DE JOÃO FRAGOSO, ROBERTO GUEDES E THIAGO KRAUSE
Por: Ednelso245 • 4/11/2018 • 1.940 Palavras (8 Páginas) • 427 Visualizações
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“(...) o equivalente a 40% do valor dos negócios registrados em cartórios ia para missas, igrejas e irmandades pias.” (p.20-21)
“Ao que parece, esta economia tinha os seus investimentos comandados pelos mortos e não tanto pelo capital mercantil europeu.” (p.21)
Além disso, a análise de testamentos ajuda muito mais em outras de descobertas feitas sobre a América lusa.
“Quanto à América lusa coo mercado de manufaturados europeus, mais uma vez os testamentos podem nos ajudar. Na primeira década do século XVIII, camisas, vestidos, lençóis e utensílios domésticos eram vistos como bens preciosos e doados como tal nos testamentos a entes queridos como filhos, irmãos e amigos. (p.21)
“O padrão de consumo e de mercado nesta América era ainda protoindustrial e o seria por muito tempo, como mais uma vez os testamentos informam.” (p.21)
Ainda nessa época teremos outra crítica importantíssima sobre a historiografia internacional. A ideia de Estado Absolutista. Para os críticos da época não se pode falar em Estado Absolutista como sinônimo de Antigo Regime. Portanto, “(...) o Estado Leviatã cedeu espaço à agência dos poderes locais e de grupos como a nobreza.” (p.26)
A partir disso, novas leituras são feitas sobre a dinâmica dos impérios ultramarinos. E mais ideias são acrescentadas à nossa colônia.
“Em fins da década de 1980, colocava-se em dúvida a ideia de absolutismo, assim como a exploração econômica e a subordinação política impiedosa das, até então, chamadas colônias.” (p.26)
“Era ela (monarquia) a ‘cabeça pensante’, capaz de articular as jurisdições das várias partes que compunham o conjunto do corpo social, seja no Reino, seja no ultramar. Com isto temos a ideia de uma monarquia polissinodal e corporativa de base católica.” (p.26-27)
Anos depois, dois autores revisionistas importantíssimos na historiografia internacional apresentam duas novas ideias que vão revolucionar várias teoria antes apresentadas. J. H. Elliot com o conceito de monarquias compósitas e J. Greene com a noção de autoridade negociada.
J. H. Elliot diz em sua teoria que “(...) a monarquia era constituída por vários reinos, e cada um deles preservava, em grande medida, as características de sua existência institucional prévia (...).” (p.27)
“Cada uma dessas unidades mantinha sua capacidade de autogoverno no interior de um complexo monárquico mais amplo.” (p.27)
J. Greene apresenta sua ideia nessa “(...) noção de autoridade negociada como eixo nas relações metrópoles e colônias, rompendo com isto a tradicional concepção de uma inexorável subordinação política das chamadas colônias e de suas elites locais em face das autoridades metropolitanas europeias.” (p.27)
Com essas novas ideias ganhando ênfase na época, teorias como a da dependência, defendida por autores como I. Wallerstain, vão perdendo sua força e dando lugar a essas novas teorias.
Um império tão pequeno que ao mesmo tempo tinha um domínio tão grande em diversas localidades, como ele pode se sustentar por tantos anos? Essa é uma pergunta que durante toda historiografia foi tentando ser respondida. E nessa dinâmica de novas teorias surgindo acerca de toda história sobre o Império luso-brasiliero é que vão aparecendo as respostas mais sólidas. Como a ideia de que a monarquia era polissinodal e havia negociação entre seus poderes. Ou seja, o império atuava com a ajuda de nobres e elites locais para o controle de suas colônias. Ele concedia poder a tais pessoas, que em trocam ajudavam o rei a administrar seus territórios. Através desse “esquema”, conseguiu-se manter por séculos seu poderio.
“Em outras palavras, no Reino ou em Portugal os poderes concorrentes na monarquia compósita consistiam na administração da Coroa, no poder senhorial e no municipal. Já nas conquistas, o poder senhorial, na forma das donatarias, progressivamente foi eliminado pela sua incorporação ao patrimônio régio.” (p.34)
Através de fatos ocorridos aqui na colônia, pode-se ter certeza da existência de pactos entre as elites locais, nobrezas com a coroa. Fatos corriqueiros que mostravam um certo poder que tais pessoas tinham por aqui.
“(...) a arrecadação dos quintos do ouro em Minas Gerais no século XVIII ser feita por integrantes das elites locais dos municípios daquela capitania.” (p.35)
“(...) a possibilidade da coroa debelar as diversas revoltas nas Minas de Ouro no início do século XVIII deveu-se à ação do potentados locais e de seus escravos armados a favor de Lisboa.” (p.35)
“(...) ação dos municípios entendidos como repúblicas.” (p.36)
“Tanto em Portugal como nas conquistas o município surgia como poder concorrente, pois os oficiais da câmara eram escolhidos por um colégio eleitoral formado por homens bons, cabendo a eles o cuidado com o bem público.” (p.36)
Um grande protagonista de tal poder do Império lusitano foi sem dúvidas a Igreja Católica. Através de suas doutrinas, catequeses, etc., a igreja difundia várias ideias na sociedade da época que ajudava na “aceitação” do poder da coroa. Com isso, a igreja que por um lado ganhava os fiéis perdidos para o protestantismo, por outro a coroa reafirmava seu poder.
“Aquela disciplina possibilitava que a subordinação às autoridades e especialmente à sua majestade se confundisse com o amor a Deus.” (p.39)
Uma grande estratégia da coroa para manter seu poder mesmo à milhas de distância foi a concessão de mercês. Que eram privilégios dados as pessoas que se comprometessem e davam sua fidelidade a coroa, fazendo com que muitas saíssem de Portugal e fossem assumir administração em diferentes localidades das possessões da coroa. Numa forma de ajudar o Império a controlar tanto poderio.
“(...) as mercês, ao assumirem a forma de terras e privilégios no mercado, podiam modelar as economias sob a tutela da monarquia.” (p.40)
Outro conceito importante para a compreensão das dinâmicas sociais da época é a ideia das relações de parentesco que as elites locais criavam. Através dessas relações tais elites conseguiam unir diferentes municípios e capitanias e consequentemente aumentar seu poder.
“(...) as famílias das nobrezas da terra se movimentavam muitas
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