Entrando no Clima - Uma Análise Sociológica das Relações Entre a Sociedade e o Meio Ambiente
Por: eduardamaia17 • 9/12/2018 • 1.709 Palavras (7 Páginas) • 412 Visualizações
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Em visita ao local é possível perceber a insatisfação de alguns frequentadores com a situação da represa. O biólogo Hélio Júnior é enfático quanto a necessidade de ações urgentes no sentido de diminuir os impactos sofridos pelo reservatório, principalmente quanto a ocupação irregular da orla o que ele julga como principal causa da degradação que se vê nas margens. Segundo o biólogo a quantidade de visitantes deveria ser controlada e aqueles que entrarem deveriam ser orientados no sentido de serem conscientizados quanto a normas ambientais. Já o fotógrafo Deivisson Fernandes vê a falta de estrutura como principal problema. De acordo com o fotógrafo a prefeitura deveria disponibilizar banheiros e lixeiras para uso dos frequentadores. “Se tivesse lixeiras o pessoal não jogaria lixo na água” comenta. É interessante observar que a questão do esgoto passa desapercebida pelos frequentadores que desconhecem a gravidade da situação. A resolução nº 274 do CONAMA estabelece que a quantidade máxima de coliformes fecais para água de contato primário (banhos no local) é de 2500 por 100 mililitros, no entanto amostra colhida dia 11/08/2016 indica a quantidade de 9600 coliformes por 100 mililitros.
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DETRITOS DEIXADOS POR BANHISTAS - FOTO VANDEIR SANTOS
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DETRITOS DEIXADOS POR BANHISTAS - FOTO: VANDEIR SANTOS
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FOGAREIRO CONSTRUÍDO NO LEITO SECO DA LAGOA - FOTO: VANDEIR SANTOS
AÇÕES
De acordo com Rômulo Thomaz Perilli, diretor de operação metropolitana da Copasa, o bairro de Nova Contagem (contribuinte da sub-bacia da Água Suja) já conta com estação de tratamento que impede o despejo do esgoto daquele bairro no afluente da Várzea das Flores e já se encontram em construção várias estações elevatórias que também impedirão a chegada de outros esgotos no reservatório.
Para solucionar o impacto causado pela ocupação das áreas próximas ao lago foi proposto na audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, realizada dia 24/05/2017 na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a desapropriação de todo o entorno da represa. Em 2008 a prefeitura de Contagem já havia tentado solucionar parte desse problema notificando extrajudicialmente os comerciantes da orla para que desocupassem os imóveis em 24 horas com a alegação de que o comércio naquele local promovia o desmatamento e a poluição em uma área de preservação permanente. No entanto os comerciantes recorreram judicialmente e tiveram ganho de causa em primeira e segunda instância.
Com base na conclusão dos relatórios de 1997 foi proposto um plano de trabalho para a implementação do projeto PROVAR - Proteção Ambiental da Várzea das Flores: Educação Ambiental que tinha como objetivo principal a conscientização da população de Contagem sobre a preservação e recuperação da bacia da Várzea das Flores e, também, melhoria da qualidade de vida no município.
No dia 24/10/2014 a Diretoria de Educação Ambiental lançou o programa Escola Sustentável cujo objetivo era promover a educação ambiental nas escolas, no qual o indivíduo e a coletividade construiriam valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente e sustentabilidade, com foco na redução do consumo de água e energia, diminuição da geração de resíduos e preservação da biodiversidade. No início o programa foi aplicado em 5 escolas municipais onde além da conscientização de alunos e servidores, foram desenvolvidas oficinas e palestras educativas e motivadoras. O programa avançou parcialmente nessas 5 escolas e atualmente se encontra inativo.
Desde 2014 a DEA em parceria com o IEF e com a COPASA vem oferecendo cursos que abordam a questão ambiental envolvendo a região do reservatório. Esses cursos são direcionados a servidores públicos, estudantes e moradores atuantes na bacia hidrográfica da Várzea das Flores.
CONCLUSÃO
Esse foco nos habitantes da bacia por parte da prefeitura é importante e levando em consideração que os relatórios de 1997 indicaram que os usuários da represa integram, majoritariamente, as classes sociais C e D que dependem do ensino público para sua formação e conscientização. Mas é evidente que a ação isolada por parte da prefeitura de Contagem não bastaria para se chegar a resultados satisfatórios. O mesmo relatório indica que esses usuários procedem em sua maioria não só de Contagem como também de Betim e BH. Portanto um projeto de educação ambiental que possa surtir efeito no reservatório deverá abranger esses três municípios.
As medidas tomadas pela COPASA ainda não surtiram o efeito desejado devido a amplitude da deficiência da infraestrutura dos núcleos populacionais criados desordenadamente junto a bacia hidrográfica do reservatório. Se por um lado foi resolvido o problema dos maiores afluentes, por outro ainda falta solução para os pequenos núcleos que se encontram pulverizados no entorno do lago.
É evidente que todas as ações tomadas até o momento não resolveram o problema ambiental envolvendo a bacia hidrográfica da Várzea das Flores. A falta da implantação de uma política de educação ambiental que tenha como foco principal a formação de professores capacitados para a conscientização de alunos da rede pública e privada de forma a interromper o ciclo vicioso de perpetuação de uma cultura que não dá a devida importância a questão ambiental é o principal entrave na solução do problema. Por outro lado, é evidente a necessidade do desenvolvimento de um projeto amplo que defina ações com o objetivo de conscientizar os usuários da represa quanto ao uso sustentável daquele recurso, criar uma infraestrutura para esses usuários e resolver de forma definitiva a questão da ocupação irregular da margem. A represa representa a única opção de lazer para boa parte da população da região e havendo atitude por parte dos responsáveis o seu aproveitamento pode se dar de forma perfeitamente sustentável.
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