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Economia, Sociedade e Independência da América Espanhola

Por:   •  14/1/2018  •  1.580 Palavras (7 Páginas)  •  499 Visualizações

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À hegemonia do colonizador juntava-se a hegemonia das cidades sobre as áreas rurais. A sociedade colonial espanhola viu surgir uma rede hierarquizada de aldeias, vilas e cidades que centralizavam o controle sobre a vida da colônia, e estabeleciam os padrões de desenvolvimento da área colonizada. Deste modo. A área das cidades, em especial as grandes cidades, era ocupada pela estrutura política e administrativa da colônia, com destaque para os cabildos, que constituíam o centro da vida política fora das grandes capitais. As famílias mais ricas e os eclesiásticos mais importantes, também, se mantinham nas grandes cidades. No interior, longe das áreas centrais, mais rentáveis, as haciendas centralizavam a vida colonial, possuindo, na contramão da vida citadina, uma maior miscigenação entre brancos, índios e mestiços. Essa miscigenação foi, à princípio, proibida pela Coroa Espanhola que pretendia manter separados os índios de seus súditos. No entanto, a baixa demográfica acabou sendo um empecilho para essa separação de raças, pois “em termos demográficos, vale lembrar que a composição por sexo dos imigrantes espanhóis era predominantemente masculina, sendo incomum a vinda de famílias organizadas, tal como sucedeu na Nova Inglaterra. O mesmo ocorria com o tráfico africano, onde imperava a maioria absoluta de homens. Por outro lado, a acentuada mortalidade indígena no século XVI foi, sobretudo, masculina – pois eram homens os guerreiros nas lutas da conquista e, também, os mais diretamente explorados nos trabalhos coloniais. Em suma, entre os espanhóis bem como entre os africanos, havia falta de mulheres, ao passo que na população indígena os homens se tornaram cada vez mais escassos. Os desequilíbrios demográficos deixaram aberto o caminho à miscigenação.”[2]

Essa mistura de culturas ocorreria também nas cidades, mas restringindo-se às camadas populares, e ao processo do sincretismo religioso. A mistura cultural estava aliada a miscigenação racial, desafiando o sistema de castas imposto pela coroa espanhola, para discriminar o acesso a cargos e posições na administração colonial, e os impostos a serem pagos pelos vários grupos étnicos. Das seis castas iniciais (espanhóis, índios, mestiços, mulatos, zambos e negros), havia mais de uma dúzia ao findar o século XVIII, colocando em xeque todo o sistema. “Os espanhóis eram os únicos que podiam ter acesso legal à terra, aos cargos públicos, à posse de armas e ao ensino universitário, além de serem isentos de tributos pessoais. Havia, contudo, diferenças nesta camada, e somente os “peninsulares” podiam ocupar altas funções na administração, ficando os “criollos” reduzidos aos cabildos. Os “índios”, por sua vez, eram os únicos que pagavam tributos pessoais, mas possuíam, em contrapartida, direito à terra no marco das aldeias. “Mestiços”, “mulatos” e “zambos” eram totalmente marginalizados no direito colonial, não podendo adquirir terras, nem privilégios de qualquer espécie. Por fim, os “negros”, que não tinham sequer personalidade jurídica e, salvo quando alforriados, eram considerados como simples mercadoria ou coisa.”[3] Além disso, apesar das restrições, existiam os casos em que membros de castas inferiores alcançavam alguma fortuna, e compravam a sua condição de brancos através das gracias al sacar.

Sob essas bases constituiu-se a sociedade da América colonial espanhola. Quando no início do século XIX, a crise Europeia desencadeou o processo das independências, não existia nenhum sentido de unidade entre as diversas áreas coloniais, constituídas artificialmente pelo processo de exploração colonial, e apoiadas em uma forte desigualdade social. A constituição deste sentido seria o grande desafio dos processos de independências, e das novas nações oriundas dele.

Conclusão

O processo de independência da América Espanhola ocorreu em um conjunto de situações experimentadas ao longo do século XVIII. Nesse período, observamos a ascensão de um novo conjunto de valores que questionava diretamente o pacto colonial e o autoritarismo das monarquias. O Iluminismo defendia a liberdade dos povos e a queda dos regimes políticos que promovessem o privilégio de determinadas classes sociais.

Sem dúvida, a elite letrada da América Espanhola inspirou-se no conjunto de ideias iluministas. A grande maioria desses intelectuais era de origem criolla, ou seja, filhos de espanhóis nascidos na América, desprovidos de amplos direitos políticos nas grandes instituições do mundo colonial espanhol, como já foi dito anteriormente. Por estarem politicamente excluídos, enxergavam no Iluminismo uma resposta aos entraves legitimados pelo domínio espanhol, ali representado pelos chapetones.

O desfecho do processo de independência, no entanto, não significou a radical transformação da situação socioeconômica vivida pelas populações latino-americanas. A dependência econômica em relação às potências capitalistas e a manutenção dos privilégios das elites locais fizeram com que muitos dos problemas da antiga América Hispânica permanecessem presentes ao logo da História latino-americana.

Bibliografia Básica

VAINFAS, Ronaldo. Economia e Sociedade na América Espanhola. Rio de Janeiro: Graal, 1984.

KAPLAN, Marcos. Formação do Estado Nacional na

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