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DIRETAS JÁ: O COMPORTAMENTO DA IMPRENSA ESCRITA EM ITABUNA – ILHÉUS (1983-1984)

Por:   •  15/4/2018  •  6.834 Palavras (28 Páginas)  •  280 Visualizações

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A Escola dos Analles nesse período mostra-se contrária a essa modalidade de história e preocupa-se, então, com os estudos econômicos e sociais, a segunda geração dos Analles, por exemplo, Braudel de acordo com Falcon (1997) irá considerar os estudos políticos ao tempo da curta duração, dando-lhe menor importância. Contudo, cabe lembrar que a Escola Marxista em sua análise mostrava-se em seus métodos e objetivos ainda no século XIX contrária ao tipo de história tradicional e criticava a análise do fato histórico dissociado do contexto histórico e desconsiderado enquanto processo; há omissão das ações coletivas, pois nessas análises consideravam-se apenas poucos agentes históricos. Além disso, refutava-se também a análise apenas cronológica do fato.

Somente na década de 70 do século XX que emerge o interesse pelos estudos políticos. Estes, ao receberem contribuições da história social e cultural, do estruturalismo e das várias correntes marxistas ampliam-se os objetos de estudo e de modo interdisciplinar se analisa e se contextualiza os fatos estudados, dessa forma,

o estudo do político vai compreender a partir daí não mais a política em seu sentido tradicional mas, em nível das representações sociais ou coletivas,os imaginários sociais,a memória ou memórias coletivas,as mentalidades bem como as diversas práticas discursivas associadas ao poder (FALCON,1997.p.76)

Além das contribuições teóricas, de acordo com Falcon (1997) consideram-se nos estudos da história política as contribuições dos avanços tecnológicos e midiáticos típicos das sociedades pós-industriais; a percepção dos acontecimentos enquanto notícias; as posições políticas governamentais na realização de políticas públicas e a burocratização que ganhou caráter universal.

Com um campo de estudos amplo e propondo novas abordagens as fontes históricas ganharam um caráter plural, pois se considera o uso de depoimentos, correspondências, imagens, atas de reuniões, requerimentos e a imprensa. Merece aqui um breve comentário da história da imprensa no Brasil, já que as fontes utilizadas nesse trabalho são jornalísticas.

História e poder: A imprensa no Brasil

O poder e a imprensa no Brasil se relacionam desde a fundação dos primeiros jornais, expressando em sua maioria, interesses políticos. A afirmativa explica-se nos períodos históricos elencados por Capelato (1988):

Anterior a vinda da família real no Brasil não havia jornais, pois o rei de Portugal criava empecilhos ao desenvolvimento do mesmo, considerando que as publicações jornalísticas poderiam lançar críticas ao governo. Contudo, circulavam panfletos com informações sobre a colônia.

Com a vinda da família real para o Brasil e com a elevação do Brasil a categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves e ao mesmo tempo sendo transformado em sede do reino. É criada a Imprensa Régia com intuito de valorizar as ações da Coroa Portuguesa. Após a criação da Imprensa Régia e com os movimentos de independência surgem jornais oposicionistas como O Correio Braziliense circulado em Londres e em 1821 o Reverbero Constitucional Fluminense.

No período de 1888 e 1889, fatos marcantes como a Proclamação da República e a Abolição da Escravatura são registrados em jornais, construindo uma memória na qual se omite a participação dos abolicionistas, a luta dos negros, os movimentos contrários a coroa portuguesa, sendo exaltada a ação dos governantes. Esses jornais criticavam ainda a administração do império e evidenciam a nova forma de um governo moderno, pacífico e ordeiro. Exemplo disso no período são os jornais O Correio Paulistano e a Gazeta.

Descontentes com a I República, os jornais criticavam a mesma e apoiavam a Revolução de 1930. Quando esta ocorre, anunciam com entusiasmo o surgimento da Nova República (foi o que fez o Diário Carioca). Em contraponto, os jornais de Direita chamavam de desordeiro o posicionamento político contrário a Primeira República, dentre eles estavam o Malho e o Paiz.

Descontentes novamente, porém agora com o andamento do regime instalado pela Revolução de 1930 com a Nova República, elites paulistas criticam o regime, jornais como o Diário Carioca descrevem as ações e ideias das elites como uma ameaça a pátria contribuindo assim, para implantação da ditadura da Era Vargas. Nesse mesmo período, jornais contrários ao governo passam a ser perseguidos e fechados. Sendo este o caso do Jornal O Estado de São Paulo.

Em 1951, o governo Vargas criou o Jornal a Última Hora com o objetivo de controlar e manipular, ideologicamente, a população em prol dos interesses do governo. Nesse período jornais antigetulistas como a Tribuna da Imprensa e O Estado de São Paulo exigiam que Vargas fosse deposto e, para isso, contava com o apoio das Forças Armadas. Carlos Lacerda proprietário da Tribuna, em razão de sua posição política foi alvo de atentado em 1954, contudo, a vítima foi o Major Vaz. O atentado foi mais um motivo que fortaleceu o movimento contrário a Vargas, sendo que este se suicida. A morte de Vargas noticiada no jornal a Última Hora e em outras publicações faz com que grupos simpáticos aos jornais antigetulistas mostre-se contra estes e apresente receptividade ao jornal a Última Hora.

Na história política do país outro período enfatizado nos jornais foi a década de 60 e o dito retorno da ameaça comunista representada pelas ações de Janio Quadros no poder. A renúncia de Jango no período é comemorada pelos jornais (Ex. O Estado de São Paulo) como caminhos para uma sociedade democrática.

Durante a aprovação da Emenda Dante de Oliveira, o Jornal O Globo mostrava-se a favor da abertura política por meio do Projeto Geisel, excluindo assim a participação popular. Posicionamento contrário manteve o jornal A Folha que apoiou o movimento das Diretas Já e registrou a participação popular em eventos políticos.

Diante dos registros jornalísticos expostos em diferentes períodos da história com o intuito de exaltar e propagar ideais de um governo, de depor candidatos, apoiar ou não movimentos sociais e omitir informações, os jornais mostram-se uma fonte indispensável aos estudos relacionados ao poder e a política na história.

O uso das fontes jornalísticas na escrita da história

Consideradas por muito tempo como fontes de pouca importância, pois as informações presentes são suspeitas, os jornais somente tornaram-se interesse dos historiadores com o desenvolvimento de uma nova historiografia, que se interessa por temáticas

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