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A RELAÇÃO DO ESTADO COM A EDUCAÇÃO FORMAL

Por:   •  21/11/2018  •  1.937 Palavras (8 Páginas)  •  248 Visualizações

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Nesse momento histórico não só os políticos criticavam o número diminuto de escolas, mas os profissionais da educação participaram da abordagem da questão. FERREIRA apud NAGLE: otimismo pedagógico. Podemos entender tal expressão como a mesma sugere, formulações doutrinárias escolares que propiciariam a boa formação do povo brasileiro.Eles tinham a educação como um fator sinequanom de mudança social positiva.

Já na fase posterior à “Revolução” de 30 o que se observa é que não houve um plano de governo no sentido da pré-meditação, isso porque a própria diversidade de grupos e interesses e o esquecimento do programa da Aliança Liberal inviabilizava-o, o que ocorreu então foi uma espécie de montagem de improviso realizando aquilo que a realidade conjuntural permitisse ser feito.

Diante desta “salada governamental” que se constituiu num estorvo administrativo, e da demora de medidas no setor educacional, os oponentes políticos encontram um pretexto para críticas e lançam o chamado “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”. Mais que logo foi rebatido pelo governo sob o argumento de que em 1930 já havia sido criado o Ministério da Educação e Saúde da responsabilidade de Francisco Campos e ele era vinculado ao movimento de reformas educacionais que antecediam 1930.

Depois desta viagem pela história da educação no Brasil, reflitamos a que patamar se concretizou a interferência do Estado na educação em termos de questão ideológica, especificamente no que se denomina neste trabalho de “guerra-fria” do setor educacional, para ser mais direto a suposta manipulação do governo para combater o proselitismo comunista no ambiente escolar. Uma demonstração da realidade prática das instituições públicas de ensino, colocando em evidência e provando com fato concreto a indistinta relação do poder político com a educação e a ideologia. Este exemplo não é o único, é de utilidade aqui só para aspecto de comprovar a existência da influência política no setor educacional, e de uma preocupação de disseminar idéias convergentes com a respectiva ordem vigente.

É necessário deixar claro aqui que o propósito desta afirmativa neste presente trabalho, não é de julgar se uma ideologia é melhor ou pior que a outra, mas apenas destacar que independente de qualquer que seja o lado político, ambos lançam mão do poderoso instrumento ideológico que é o sistema educacional de um país. É preciso dizer também que não devemos perder a lembrança de que a educação formal não se restringe apenas a uma forma de cultivo de uma determinada ideologia, até porque mesmo que haja uma certa tendência ou predominância de se fazer proselitismo das idéias e/ou do regime que está no comando, quando isso ocorre num sistema democrático, o estudante e/ou o cidadão têm o direito de formar as suas próprias idéias e opiniões a partir das informações transmitidas pelo professorado, e este, deve respeitar o direito do alunado de desenvolver suas próprias opiniões a respeito dos fatos trabalhados em sala de aula, como também de trabalhar textos que não sejam de exclusividade de um lado ideológico, mas sim de proporcionar ao ser que estuda, o acesso às diversas visões de mundo que trabalhadas ordenadamente se constituirão em subsídio para a construção do sistema de idéias concernentes aos indivíduos, e que é responsável também pela formação de suas peculiaridades, há um ditado que diz: “cada cabeça é um mundo”.

É do nosso conhecimento que não existe uma produção historiográfica, por exemplo, que seja absolutamente livre de alguma tendência portadora de ideologia, em virtude dos próprios historiadores também, como indivíduos, possuírem suas próprias características, influenciados pelas idéias das épocas nas quais viveram ou vivem.Um filósofo já disse: “O homen é filho de seu tempo”.

A respeito de toda esta análise sobre a questão ideológica no ensino, um clássico sociólogo aborda o referido ponto em seu livro intitulado “ A Neutralidade Axiológica nas Ciências Humanas e Sociais”, Durkheim “advoga” que não se deve interferir com subjetividade no âmbito da prática de tais ciências. Então sabemos que é impossível separar a nossa subjetividade da formação de idéias sobre história, disciplina aqui tomada como referência, mas é preciso ter bem nítida a noção ética de não querer interferir no pensamento alheio negando o direito às informações que permitam a quem estuda, ter uma formação mais científica a partir do momento em que pode construir uma crítica do conteúdo de maneira que não seja unilateral, ou digamos que não seja bitolada.

É justamente em virtude desta neutralidade que podemos conferir o valor de ciência à história,por exemplo. Já que falamos em Estado e educação e nos referimos à ciência da história também é interessante observarmos a relação do poder com a disciplina aqui citada, vejamos o que é que pode acontecer na narração de fatos históricos, (REVISTA ÉPOCA, 2001):

“A História, queiramos ou não, é constituída a partir de versões. Geralmente, é privilégio do vencedor contar sua versão dos acontecimentos. Isso quer dizer que determinados eventos podem ser omitidos, outros feitos podem ser ressaltados, personagens podem desaparecer ou brilhar na cena histórica de acordo com os interesses de quem conta a história.

Essa constatação não deve assustar o leitor nem torná-lo descrente, levando-o a raciocinar: “Então não há nada em que possamos acreditar? A História que nos contaram na escola é mentirosa?

È compromisso dos historiadores e dos cidadãos garantir que as leituras diversas sejam contempladas, que fatos e personagens relegados ao esquecimento por interesses momentâneos venham à tona e que versões diferentes se somem às supostas versões únicas e definitivas”.

Então confirmamos a relação de poder que insiste em prevalecer entre o Estado, a educação e, no exemplo citado, o ensino de história. Admitida esta relação fica nítida a posição de buscar tomar conhecimento dos fatos históricos de maneira que possibilite ter uma visão ampla, panorâmica dos acontecimentos, conhecer não apenas uma versão dos fatos, mas várias delas, para ter uma observância que não seja só a da história oficial, contada de acordo com os interesses dos poderosos, e sim das mais variadas versões que acrescentem algo de uma fonte verdadeira e confiável, construindo uma versão da história que seja provida de mérito sob o prisma acadêmico.

Outro ponto que merece ser referendado é a questão da repetência escolar a partir do momento em que se atribui as dificuldades

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