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Formas de Representação Religiosa no Brasil e no México do século XVI

Por:   •  24/10/2017  •  1.572 Palavras (7 Páginas)  •  503 Visualizações

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- Procedimentos e obras catequéticas

“O Papa Paulo III mais de uma vez advertiu aos missionários que não omitissem nenhuma parte da cerimônia, chegando a especificar a benção da água batismal, catecismo e exorcismo de cada índio, pôr sal, touca batismal e vela em dois ou três; pôr o óleo da crisma no alto da cabeça e o óleo dos catecúmenos “sobre o coração do homem adulto e dos meninos e meninas, nas mulheres adultas, pôr na parte que a decência aconselhar”. (Página: 196)

“No caso do México, o catecismo mais utilizado foi elaborado por um grupo de dominicanos liderados por Pedro de Córdoba”. (Página: 196)

“A obra, ao ser adaptada para o México, teve vários acréscimos sobre idolatria e questões de angelologia. A parte inicial expõe perguntas sobre o Credo, explicando detidamente cada ponto básico da fé católica”. (Página: 197)

“Uma das obras catequéticas mais famosas do Brasil do século XVI é da autoria de Padre Anchieta, o Dialogo da Fé. Esta obra bilíngue, tupi e português, trata dos rudimentos da fé cristã, porém, com diferenças em relação à obra de Frei Pedro de Córdoba”. (Página: 198)

“As preocupações de Anchieta parecem menos escolásticas do que seu similar mexicano. Começa ensinando definições sobre o ser cristão, o batismo e Cristo. Porém sua exatidão teológica logo penetra em conceituação estranha ao universo indígena:” De que sorte é verdadeiro Deus? Sendo Filho (verdadeiro e único) de Deus Padre. De que sorte é verdadeiro homem?”. (Página: 199)

“Imaginemos agora as populações tupis que ouviam tais afirmações na sua língua. Os cristãos têm um Deus que é Cristo. Este Deus é filho de um outro Deus, que também é Deus como ele”. (Página: 198)

- Transcendência

“Anchieta explica que não fazemos reverência ao madeiro da cruz, mas a seu significado (Paixão e Morte de Jesus), e que não estamos honrando a pedra ou o pau ou barro de que são feitas as imagens, mas “lembrando-nos de que são imagens suas que os representam”. (Página: 199)

“Ora: os povos indígenas da área do Brasil desconheceram o uso efetivo de imagens de barro ou madeira. É fácil supor que deveriam desconhecer o conceito ocidental de transcendência e representação que uma imagem cristã deveria evocar”. (Página: 199)

Como vimos na Gramática Estético- Religiosa das Ordens, os jesuítas destacaram-se pela meditação das cenas evangélicas particularmente a Paixão de Jesus. O catecismo de Anchieta é minucioso a este respeito. “Elabora sete questões para definir a Paixão, quarenta sob as cenas do Horto de Getsemâni, onze perguntas sob o encontro Jesus- Anás, catorze sobre Pilatos- Herodes, vinte e três sobre o açoitamento e a coroação de espinhos”. (Página: 200)

“Como elaboração teológica, estas meditações levariam o catecúmeno a uma postura semelhante a do próprio jesuíta que, antes dos votos permanentes, fazia os exercícios e meditava com particular atenção sobre a Paixão de Cristo”. (Página: 200)

“Da mesma forma, as reflexões pousadas sobre as orações do Pai-Nosso, frase a frase, traduzem um hábito inaciano. A rigor, tudo colaboraria para uma catequese efetivamente de adesão pessoal e profunda”. (Página: 200)

“Além deste “Diálogo”, Anchieta também concebeu outras obras catequéticas como a Doutrina Cristã. Esta obra, também não impressa no séc. XVI teve larga utilização em forma de manuscrita. A Doutrina começa pelo fim: uma instrução “inextremis”, ou seja, para utilização do padre com o índio moribundo. Esta profissão de fé inclui uma declaração sobre os atributos básicos de Deus; por fim, falar-se do caráter indispensável do batismo e da necessidade de arrependimento dos pecados”. (Página: 201)

Leandro Karnal coloca em seu texto os principais métodos utilizados pela catequese dos indígenas tanto no Brasil quanto o México, dentre estes podemos destacar a representação o teatro, no qual as ordens religiosas franciscana, jesuítas pretendiam usar de ilustrações ou teatros para entender os mandamentos e consequentemente passagens bíblicas importantes como o nascimento, morte e ressureição de Cristo.

“Outra característica importante da catequese franciscana no México: o uso de figuras. Descrito pelos cronistas e pelos ilustradores, o uso de figuras foi uma prática absolutamente corrente no México quinhentista. Mas a questão das pinturas não se encerra na constatação ícono-catequética. Na verdade, as imagens não apenas colaboraram para a percepção dos elementos básicos do Cristianismo. As imagens fizeram este Cristianismo incorrer numa determinada estrutura perceptiva.” (Página: 207)

O autor afirma uma influência tão grande da ilustração e de imagens que a concepção formada nos índios do cristianismo foi imagética.

“Os índios aprendiam os mandamentos por meio dos lenços. Cada lenço, naturalmente, exprimia uma cena naturalmente específica. Podemos imaginar que para o quarto mandamento, os frades pintassem uma família feliz, ou um filho obediente ou até Isaac obedecendo a Abraão. Assim, para o índio, “honrar pai mãe” estava indelevelmente associada a uma cena qualquer. Da mesma forma, independente da imagem havia um elemento plástico concreto, e este era a ideia dos catecúmenos sobre “não levantar falso testemunho” ou “não pecar contra castidade” ou “guardar domingos e dias santificados”.

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