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A História da História Oral no Brasil

Por:   •  25/12/2018  •  1.266 Palavras (6 Páginas)  •  524 Visualizações

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“Cada tempo tem seu substrato e cada substrato temporal inclui em si singularidade e multiplicidade (Neves, 1995, p. 1). O substrato da marca de um tempo é definido pelas ações humanas e pelos valores e imaginário que conformam esse tempo. Portanto, ao buscar identificar, analisar e interpretar os valores e ações humanas de um outro tempo, o historiador, e demais profissionais que elegem a História como área de conhecimento, empreendem um movimento através do qual, como já assinalado, relacionam-se diferentes temporalidades. Tal movimento próprio ao estudo da inter-relação de tempos e não somente da simultaneidade social constituiu característica primordial do ofício de construção do saber histórico.” (Delgado, 2003, p. 12).

Para Éder da Silva Silveira (2007), a História Oral possibilitou trazer para a historiografia sujeitos que, de certa forma, foram excluídos e colocados no anonimato, sem direito à memória. Estas narrativas orais são narrativas de memória, de identidade, pois o entrevistado mostra como ele enxerga o mundo, mas também como é visto pela sociedade, visto como sujeito. Nas palavras de Silveira,

“Trabalhar com História oral é, sobretudo, não querer uma história totalizante a partir dos depoimentos; tão pouco provar uma verdade absoluta. É dar espaço aos sujeitos anônimos da História na produção e divulgação dessa, procurando articular suas narrativas aos contextos e elementos do(s) objeto(s) em pesquisa. É estar preparado para compreender que nem sempre o ato de rememorar é uma ação saudável e positiva para o sujeito, pois pode trazer dores e sofrimentos. É escrever história sem sacramentar certezas, mas diminuindo o campo das dúvidas.” (Silveira, 2007, p. 41).

A estrutura narrativa da história deve moldar as nossas próprias formas narrativas. A história cultural propõe alcançar uma compreensão analítica de cada história separadamente, com o objetivo de explorar tais sequencias temporais e suas estruturas. A vantagem do método oral é o olhar do indivíduo que atravessou algum fato histórico, o surgimento dessas histórias, ou até mesmo participado do desencadeamento delas. Conhecer o início, meio e fim de eventos dramáticos contribui em diversos elementos narrativos contidos na história.

“Nesta esteira, trabalhar com a História oral traz ao historiador a necessidade de reconhecer sua subjetividade e, diante disso, de se aprofundar em uma metodologia que demanda a interdisciplinaridade e a crítica constante das fontes. Neste trabalho, o historiador deve, antes de tudo, dominar as técnicas de um diálogo que visa compreender o outro.” (DAVID, 2013, p.158)

Como conclusão dessas reflexões, pode-se dizer que a história oral deve ser entendida no quadro de uma história cultural específica e que ela nunca deve ser extrapolada para as formas de história em que o documento prevalece. Nesse sentido, o historiador que utiliza este método, constrói o conhecimento histórico na perspectiva da narrativa, permitindo, assim, uma descrição das representações dos sujeitos que viveram a História.

Referências

BOM MEIHY, José Carlos Sabe. (Re)introduzindo história oral no Brasil. São Paulo: Xamã, 1996.

DAVID, Priscila. História Oral: Metodologia do diálogo. São Paulo, Unesp, v. 9, n. 1, p. 157-170, 2013

DELGADO, L.A.N. História oral e narrativa: tempo, memória e identidades. Revista História Oral. v. 6. 2003.

JOUTARD, Philippe. História Oral: Balaço da Metodologia e da produção nos últimos 25 anos. In: FERREIRA, Marieta e AMADO, Janaína (org.). Usos e Abusos da História Oral. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1996, p. 43-62.

SILVEIRA, Éder da Silva. MÉTIS: história & cultura. 2007. p. 35-44

THOMPSON, P. História oral e contemporaneidade. Revista História Oral, 5, 2002, p. 9-28.

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