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GEOTECNOLOGIA PARA A CARACTERIZAÇÃO DOS FOCOS

Por:   •  16/11/2018  •  2.959 Palavras (12 Páginas)  •  323 Visualizações

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Contudo, os dados disponíveis pelo INPE se limitam a indicar a ocorrência do fato, o foco de queimada. Assim, de forma a contribuir com a discussão sobre as queimadas, que foram intensas, no ano de 2015, este trabalho pesquisou e caracterizou os focos de queimada no município de Porto Velho, Estado de Rondônia. Mas porquê o município de Porto Velho?

No período mais recente da ocupação do sul da Amazônia o município de Porto Velho se destacou com maior rebanho bovino e também pela maior taxa de retirada da vegetação. Fato semelhante somente é observado para o município de Juína, no noroeste do Mato Grosso. Assim, justifica-se análise para Porto Velho, de forma a oferecer elementos para caracterização das atividades antrópicas no sul da Amazônia.

A consolidação da ocupação nessa área do espaço rondoniense foi tardia, esteve associada a três principais períodos de ocupação e povoamento pelo não indígena, que Oliveira (2003), descreve assim: período anterior à criação do Território Federal de Rondônia (TFR); da criação do TFR até a década de 1960 e o último com início do processo de colonização técnico-territorial até o período atual. Nesse sentido, o primeiro fluxo do não indígena pelo Estado se deu no século XVII em busca de mão-de-obra indígena escrava (RUFINO, 2004). Do primeiro período destaca, ainda no século XIX, a assinatura do Decreto-lei n.º 5.024, autorizando navios mercantes de todas as nações subirem o Rio Madeira (IBGE, 2015).

Com isso, no período de colonização técnico-territorial (OLIVEIRA, 2003) a ocupação se consolidou, o município de Porto Velho já estava emancipado e ocupava aproximadamente 50% de todo o Estado de Rondônia, na sua porção norte (SANTOS, 2014). Destaca nesse sentido, que com a emancipação de novos municípios a área do município de Porto Velho reduziu drasticamente, passando a configuração que tem hoje nos primeiros anos da década de 1990. Contudo, o desenvolvimento da cidade e por conseqüência do município ocorreu com a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) em 1914 . Nesse contexto histórico milhares de trabalhadores vieram de vários países e de diferentes regiões do Brasil para trabalharem na construção da E.F.M.M. Assim, várias expedições se lançaram pelos rios no meio das florestas para abrir frente para o desenvolvimento e evitar conflitos entre indígenas e não indígenas (ARANHA, 2012).

De forma geral, o desenvolvimento dessa porção do Estado ocorreu mediante os processos de integração da Amazônia e sua urbanização contribuiu para surgimento de outros municípios (NASCIMENTO et al., 2012). Além disso, segundo pesquisas de Santos (2014) a abertura da BR364 e os projetos de colonização do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) proporcionaram o surgimento de povoados que foram elevados à categoria de municípios. Isso resultou segundo as narrativas dos Karitiana num brutal declínio demográfico após o contato com os brancos no município de Porto Velho (VELDEN e STORTO, 2005).

A circulação pelos rios e abertura de novas estradas como aquelas mapeadas por Fearnside e Ferreira (1985) certamente deu condições para ocupação e encorajou a retirada da vegetação que suportou a implantação de propriedades rurais no município de Porto Velho.

Fatos posteriores justificaram a apropriação do meio físico e a globalização dessa porção do território. Destaca-se, nesse sentido, a migração do trabalho em grandes obras de geração de energia na Amazônia, especialmente o complexo do Madeira, a Hidrovia Madeira - Amazonas e a consolidação da pecuária, como atividade econômica incentivada pelo Estado. O resultado desse conjunto de ações é o fortalecimento e desenvolvimento das relações capitalistas para a região.

Assim, no período atual o município de Porto Velho, se destaca com a maior população com aumento significativo nos últimos anos. Segundo dados do IBGE (2015), nos anos de 1950 viviam no município de Porto Velho 36.935 habitantes. A taxa de crescimento foi alta, decrescendo com o tempo, conforme síntese na Tabela 1. Assim, pôde-se observar que a população apresentou crescimento em todas as décadas. Assim, segundo Nascimento et al. (2012) a descoberta de ouro no rio Madeira também foi um fator de grande contribuição para o aumento da população. Para os autores o ápice dessa atividade ocorreu nos anos da década de 1990. A partir daí observa-se declínio da taxa de crescimento.

Tabela 1. Evolução da população no município de Porto Velho.

Ano

População

Taxa em %

1950

27.244

87,4

1960

51.049

1970

88.856

55,6

1980

138.289

1991

286.471

16,8

2000

334.585

2010

428.527

17,3

2015

502.748

Fonte: Síntese dos censos demográficos Brasil, IBGE (2015).

Outro fato que explica a diminuição da taxa de crescimento da população foi a implantação de políticas ambientais. Segundo Nascimento et al. (2012, p. 30) essas políticas que “visavam principalmente a amenizar os estragos referentes ao uso irracional dos recursos naturais durante os projetos de colonização e nos períodos de exploração do ouro e da cassiterita, através do PLANAFLORO (Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia)”.

O que veio depois não foi menos danoso ao ambiente, especialmente com a implantação e consolidação da usinas para geração de energia. Assim, segundo Nascimento et al. (2012) o crescimento da população verificado na década 2000-2010 revelou a dinâmica das obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) impôs à região, através dos projetos hidrelétricos de Santo Antônio e Jirau.

Contudo,

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