Análise Geográfica para o Planejamento e Cidadania de Praia dos Recifes, Vila Velha, Litoral Sul, Espírito Santo
Por: Carolina234 • 20/3/2018 • 5.770 Palavras (24 Páginas) • 480 Visualizações
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As intervenções pretéritas (aproximadamente 20 anos antes do presente) somadas as de hoje, ocupação do taboal, restinga, e das bernas de tempestade, constitui-se num problema complexo a ser resolvido, visto os prejuízos ambientais e sócio-econômicos já existentes e os que podem advir da manutenção de tal situação.
Somando-se a este quadro complexo e dinâmico inerente ao meio físico-natural e humano, consta a intenção da Prefeitura Municipal de Vila Velha em implantar um projeto de urbanização da orla, onde a Praia dos Recifes seria “beneficiada”. A questão é saber se tal urbanização vai ou não agravar ainda mais os problemas já verificados no local, ou talvez, se há a possibilidade de se mitigar os mesmos.
4.0 Metodologias aplicadas
Torna-se tarefa complexa elaborar um trabalho de compreensão dos agentes atuantes no relevo em escala de detalhe utilizando-se para tal os produtos cartográficos elaborados pelo projeto Radam-Brasil (IBGE, 1981), visto que estes se apresentam projetados ao milionésimo (1: 1.000.000) devido a sua concepção teórica e metodológica voltada ao levantamento dos recursos naturais e planejamento do território a nível nacional.
Sendo assim, tais produtos foram utilizados como alicerce das análises e indagações iniciais, entretanto mostrando-se pouco satisfatória em relação ao recorte espacial analisado (Praia dos Recifes).
Desta forma, optou-se por expedições a campo a fim de caracterizar empiricamente a área de estudos.
As diversas incursões feitas a campo foram organizadas por roteiros prévios estruturados que se precedeu de leituras que compõe a base bibliográfica desta pesquisa.
Tais incursões foram realizadas em situações temporal-meteorológicas adversas com o intuito de validar esta pesquisa e ter o maior número de amostragem quanto à composição deste inventário permitisse. Do cruzamento dos dados alcançados idealizou-se não afunilar os resultados obtidos num relatório diagnosticando a área de estudo e seus diferentes aspectos.
Figura II
Panorâmica da face de praia em condições de “tempo bom”, Praia dos Recifes.
[pic 2]
Fonte: Gonçalves, abril/2007.
Em associação a tais leituras, fora elaborado uma análise estereoscópica da área, na qual se fez uso de fotos aéreas na escala 1: 25.000 provenientes do IBC/Gerca da década de 1970.
Figura III
Foto aérea da área de estudo onde se encontra marcada as vias de acesso (vermelho), hidrografia (Azul) restinga (Verde) e linhas de praia associadas aos arrecifes-arenitos (Amarelo e Margenta respectivamente).
[pic 3]
Fonte: IBC/GERCA, dezembro/1970.
Com efeito, a metodologia criada para este trabalho propõe abrir um leque de possibilidades que será parte das conclusões do mesmo e que pressupõe o uso do espaço aqui posto como paisagem, que nos dizeres de Ab’ Saber (2003) e considerado como:
[pic 4]
De acordo com o mesmo autor, o espaço, ou lugar, deve ser utilizado por todos pelos mesmos direitos enquanto cidadãos de forma racional e que garanta as futuras gerações o acessos a esses bens naturais. Tal metodologia ou a soma de metodologias aplicadas possibilitaram a análise crítica e reflexiva segundo diferentes óticas que resultou neste estudo de caso que se segue nas linhas a seguir.
5.0 Apresentação da área em estudo
5.1 Histórico Bairro Praia dos Recifes
No que compete à história do bairro Praia dos Recifes, esta se vincula diretamente aos acontecimentos ligados ao processo de organização do espaço geográfico de Vila Velha, e principalmente no que condiz a dinâmica de ocupação estabelecida em meados dos anos 80 e 90 na região conhecida hoje como a Grande Terra Vermelha.
Vila Velha vem nos últimos decênios experimentando uma intensa ocupação demográfica impulsionada pelo setor imobiliário, principalmente, no que toca a ocupação da faixa litorânea, que tem seu vetor direcionado as áreas de ocupação hoje rarefeitas, representadas pelas terras localizadas preferencialmente nas regiões sul-sudeste do município.
Tal região durante diversos decênios estivera voltada para formas de uso e ocupação ligadas a constituição de grandes glebas de terra, representadas ora por propriedades rurais, como fazendas, chácaras, sítios; ora por áreas utilizadas na exploração de recursos naturais – areia, argila, madeiras etc. – estando estes usos, na maioria das vezes, em conflito com as leis ambientais vigentes na época.
A rodovia ES-60 (Rodovia do Sol) concerne-se como um fixo de extrema importância em relação ao estabelecimento e intensificação dos fluxos de pessoas, valores e mercadorias na região sul de Vila Velha, pelo fato de seu pioneirismo na área em questão, sendo este favorecedor do processo de expansão imobiliária ligado ao surgimento de novos bairros no município.
No entanto, a Região da Grande Terra Vermelha, onde se encontra localizado o bairro Praia dos Recifes, é tida nos dias atuais como parcela densamente ocupada, porém destacada da mancha urbana central de Vila Velha.
Em similitude ao processo de ocupação da região acima referenciada, Praia dos Recifes surge por meio de ocupações “irregulares” de terra onde não houve adequado planejamento quanto ao parcelamento do solo por parte das autoridades administrativas do espaço municipal, sendo tal fato derivado muitas das vezes por interesses eleitoreiros relacionados á sensibilidade das populações “beneficiadas” com os novos territórios ocupados.
A luta constante dos Movimentos de Moradia de Vila Velha junto à prefeitura local busca alcançar soluções para os problemas inerentes a falta de um ordenamento territorial adequado no que condiz ao fornecimento de serviços básicos de infra-estrutura urbana como, saneamento básico, energia elétrica, áreas de lazer, escolas, postos de saúde etc.
A ocupação efetiva da Praia dos Recifes se dá de forma mais intensa a partir dos meados dos anos 1990, visto os valores médios dos lotes do bairro são geralmente mais elevados do que os localizados no outro lado da rodovia, fato que esta intimamente relacionado à proximidade com o mar.
Há
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