A Teoria da região e regionalização II
Por: Kleber.Oliveira • 20/12/2018 • 2.333 Palavras (10 Páginas) • 444 Visualizações
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Becker dedica-se a estratégias de implementação dessa política, acentuando a importância de uma revolução científica e tecnológica que inclua uma logística específica para a regionalização (uma política de consolidação do desenvolvimento da região que impeça a destruição de seu bem maior: a diversidade do patrimônio natural e cultural. ). Tal logística, em sua opinião, deve-se centrar nas cidades, no fortalecimento institucional e na regionalização, identificando as diferentes áreas dentro da extensa região, com suas potencialidades e limitações. O pensamento que alicerça o entendimento sobre a contribuição de Becker está apontado nessa citação de sua autoria: “Produzir para conservar é um novo paradigma cientifico-tecnológico. Esse novo paradigma precisa de uma logística oferecida pelas cidades, porque são elas que produzem os serviços básicos para os cidadãos.” (2013).
Becker defende uma concepção de Amazônia com utilidade para a sua população, uma visão utilitarista/econômica que estaria pautada na preservação dessa biodiversidade como consequência da sua exploração consciente, ou seja, a floresta tem valor de pé. Outro ponto destacado é a negligencia do Estado perante a região Amazônica que abrange grande porção do território nacional e carece de maiores políticas que possam desenvolver essa região devido ao seu grande potencial natural. Segundo a geógrafa, é preciso pensar uma Amazônia, não como depositária de processos simples (extrativismo), e sim uma porção do território competitiva e passível de usos, diferente de uma visão simplesmente preservacionista motivo que pode ter contribuído para o atraso econômico. Concebia em seus estudos e análises sobre o território amazônico uma ótica desenvolvimentista científica-tecnológica na qual contrastava o século XIX, de base extrativista, para o século XXI que deveria haver uma revolução biotecnológica para um desenvolvimento pleno.
Roberto Lobato Corrêa
A partir de uma revisão bibliográfica da produção acadêmica do geografo Roberto Lobato Correa, especialmente dos textos relacionados diretamente à problemática da região e regionalização do brasil, obteve-se a síntese de uma importante reflexão sobre os conceitos de região e organização espacial e a proposta de regionalização do espaço brasileiro dela recorrente, realizada em 1989. Esta difere da divisão regional do brasil oficial tanto pela natureza dos critérios selecionados quanto pelo reagrupamento das unidades federativas.
acerca do “conceito” de região e sua proposta de regionalização do Brasil, considerada dentre as mais relevantes. Regionalização do Brasil segundo Roberto Lobato Corrêa – 1989 Roberto Lobato Corrêa parte de uma importante reflexão sobre o conceito de região, que, juntamente ao conceito de organização espacial, subsidia sua proposta de divisão regional do Brasil. Dessa forma, o ponto de partida será um breve resgate desta reflexão, objetivando identificar os elementos teórico-metodológicos que compõem sua proposta de regionalização.
Os conceitos de região e organização espacial nas correntes do pensamento geográfico Em sua obra Região e Organização Espacial (2003), Roberto Lobato Corrêa discorre primeiramente acerca do conceito de região nas diversas correntes do pensamento geográfico, a saber, o determinismo ambiental, o possibilismo, o método regional, a nova geografia e a geografia crítica, e, num segundo momento, aborda o conceito de organização espacial. Para o autor, os conceitos de região e organização espacial são fundamentais para a compreensão do “[...] caráter distinto da geografia no âmbito das ciências sociais, indicando a via geográfica de conhecimento da sociedade, quer dizer, das relações entre natureza e história” Essas correntes do pensamento geográfico, ou paradigmas, estariam fundamentados na concepção da geografia como um saber baseado em três abordagens: o estudo das relações homem/meio, o de áreas e os locacionais.
Um traço comum a todas as correntes seria a idéia de que as raízes da geografia é a busca e o entendimento da diferenciação de lugares, regiões, países e continentes, resultante das relações homem/homem e homem/meio. Portanto, caso não houvesse diferenciação de áreas, a geografia não teria surgido. É a partir deste pressuposto que os conceitos de região e organização espacial estariam vinculados à geografia. ¬ Determinismo ambiental Para o autor, região é um conceito. Alguns autores, como Lencioni (2001), consideram região como uma categoria, hierarquicamente superior a um conceito nos debates recentes sobre o tema. Embora, no âmbito deste trabalho, se considere região como uma categoria, região será designada como um conceito a fim de ser fiel às reflexões do autor.
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nova organização espacial brasileira, gerando uma nova regionalização caracterizada por três grandes regiões: o Centro-Sul, o Nordeste e a Amazônia. Fica bem claro o arcabouço teórico metodológico utilizado nesta proposta de regionalização: “As três grandes regiões podem ser reconhecidas como a expressão de uma nova divisão territorial do trabalho vinculada à dinâmica da acumulação capitalista internacional e brasileira e aos numerosos conflitos de classe” (Ibid., p.199). Como já abordado anteriormente, o autor vincula-se à geografia crítica e ao paradigma materialista histórico. As regiões diferenciam-se entre si de acordo com os seguintes critérios:
- Distintas especializações produtivas, ou seja, diferenças naquilo que é produzido, na forma como a produção se realiza e também nos meios de produção e nas relações de produção;
- Diferenças no modo e intensidade da circulação, consumo e gestão das atividades;
- Distintas organizações espaciais, ou seja, diferentes formas espaciais criadas pelo trabalho social em seu arranjo espacial. Essa distinção se refere à natureza e à densidade dos fixos criados pelo homem;
- Distintos níveis de articulação interna, inter-regional e internacional. Como o próprio autor comenta, sua proposta de regionalização está apoiada em limites formais, isto é, político-administrativos, e caso fossem considerados outros limites que não os estaduais, com certeza o Nordeste avançaria pelo Norte mineiro e o oeste baiano estaria incluído na região Centro-Sul. Entretanto, para Corrêa essas mudanças não afetam a base da organização regional do país em três grandes regiões, já que sua proposta de regionalização é apresentada em seus aspectos mais gerais.
Milton
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