RESUMO LIVRO ZILES URBANO COMPLETO
Por: Carolina234 • 24/12/2018 • 3.771 Palavras (16 Páginas) • 579 Visualizações
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Adiante Zilles nos diz que na questão da religião Marx está em oposição a Hegel, situando-se ao lado de Feuerbach (1804-1872). E deste aceitou não só o materialismo, mas também a crítica da religião; portanto para Marx o ateísmo é evidente, tão evidente que ele dispensou qualquer investigação mais séria de sua parte. Aqui enfatiza Zilles que Marx sequer examinou seriamente qualquer hipótese, tomando a religião como produção e alienação do homem. Vale ressaltar que Marx queria detectar as causas que geram o conflito originante e superá-la, destruindo a religião. Neste enfoque, enquanto Feurbach espera a transformação da sociedade através do iluminismo como mudança de consciência, e apela ao indivíduo da sociedade burguesa, tentando superar o egoísmo pelo amor; Marx analisa a emancipação humana como questão social do ponto de vista econômico, político e ideológico, não como problema do indivíduo, mas sim de classes. Portanto para Marx, se espera a transformação através da revolução social, então postula a revolução comunista.
Continua Zilles a enfatizar que para Marx, a religião aliena o homem, sendo a idéia de Deus o resultado de uma economia alienante e a religião é o aroma de uma sociedade alienada. Na concepção filosófica de Marx, somente a práxis revolucionária seria capaz de emancipar radicalmente o proletário industrial, dispensando o consolo da religião; todavia em Marx a religião é uma consciência errônea do mundo da qual hipnotiza os homens com falsa superação da miséria e assim destrói sua força de revolta. Assim Zilles corrobora que a crítica de Marx constrói-se sobre o eixo das alienações, tratando-se de situações em que o homem perdeu a si mesmo. Em meio a isso, na alienação religiosa, o homem segundo Marx, perdeu-se na ilusão de um mundo transcendente. Daí a religião nasce, segundo Marx, da convivência social e política perturbada dos homens. Neste quadro, do ponto de vista econômico, a alienação religiosa tem sua origem na divisão do trabalho, pois na sociedade capitalista os meios de produção tornaram-se propriedade privada; no processo tecnicizado da produção industrial, os operários só têm o trabalho para vender e por ele recebem um preço. Porém este preço é menor que o produto, pois o dono dos meios de produção detém a plus-valia, de modo que seu capital se acumule à custa dos verdadeiros trabalhadores. Então nesta perspectiva, a alienação religiosa funda-se, segundo Marx, na alienação econômica; por isso é preciso mudar as relações de produção.
Em todo caso para Marx, Deus é apenas uma consolação interesseira. Contudo Zilles, sublinha que a cosmovisão marxista, serve como substituto ateu da religião, e o marxismo transformou-se numa religião sem Deus. Vale enfatizar aqui, pois embora a luta de classes estivesse em primeiro plano, ao menos na teoria; Lênin (1870-1924) rejeitando a religião desenvolveu uma verdadeira perseguição que chegou ao auge com Stalin (1878-1953). Nos chama atenção Zilles, que Marx radicalizou o ateísmo de Feuerbach, o qual estava sempre em polêmica com a teologia e a religião. Todavia nos diz Zilles que o marxismo parte da miséria da humanidade e da necessidade de libertação, nisso Marx proclama uma sociedade da qual as massas não mais sejam oprimidas. Sendo que o sentido da revolução do proletariado é superar a divisão do trabalho, a propriedade privada dos meios de produção mediante a ditadura do proletariado. Entretanto afirma Zilles que constata-se que as previsões de Marx falharam sob muitos aspectos; pois Marx desconhecera a força de adaptação no capitalismo. Tendo em vista que a crítica religiosa de Marx, uma crítica ideológica do cristianismo burguês de sua época, ignora o elemento utópico; tornando-se Marx prisioneiro deste seu conceito restrito de ideologia. Sendo que para ele, a religião é apenas aspecto da ideologia burguesa como reflexo ideal das relações de produção.
Ainda neste quadro, Marx se interessa pelo ateísmo, sendo responsável por seu ateísmo a filiação ao clube da influência dos doutores da esquerda hegeliana; todavia na indiscutível influência de fatores sócio-econômicos, não permite concluir a existência ou não-existência de Deus. Em vista disso aponta Zilles que o ateísmo de Marx, não é mais que uma reivindicação dogmática. Ademais, Marx nunca estudou a fundo religião. Com efeito, a ideologia revolucionária e a vontade revolucionária muitas vezes obscurecem e influenciaram suas análises científicas. Aqui Zilles delineia que Marx era mestre em crítica destrutiva e medíocre na crítica construtiva; por isso no capitalismo radicalizou os aspectos negativos e no socialismo só via os aspectos positivos. Todavia, Marx sequer levantou a hipótese de que a religião poderia assumir novas formas; além disso, o socialismo só consegue manter-se com a força militar. Portanto, contradizendo seu projeto de um reino de liberdade. Haja vista disso, enquanto se diz que no ocidente, “o homem é explorado pelo homem”, aponta Zilles que no socialismo os indivíduos são explorados com a consolação de construir um paraíso futuro.
Adiante Zilles nos diz que em todo caso quem aposta arrisca a possibilidade de perder, nada indica até o presente que Marx ganhou sua aposta. Zilles ressalta que o ateísmo de Marx, como o de Feuerbach, mostra-se sem fundamentos racionais sólidos. Entretanto, não se pode negar o abuso político e os interesses políticos atuantes na religião; muitas vezes a Igreja Católica menosprezou a questão social, desacreditando em sua prática a fé em Deus; além disso, a hierarquia da Igreja identifica-se com a burguesia dominante. Tendo em vista que os problemas sociais não se resolvem só com princípios. Continua Zilles a ressaltar que Marx nunca analisou a função do protesto da religião; portanto, do marxismo ortodoxo, a religião e a ciência excluem-se mutuamente como métodos de apreender a realidade e transformá-la. Porém, é certo que hoje os marxistas divergem nas interpretações de Marx. Tendo em vista que no Ocidente, países de tradição católica têm maior miséria social, aonde muitos leigos e até clérigos simpatizam com o marxismo. Contudo Zilles enfatiza que é preciso reconhecer e desmascarar energicamente a alienação marxista da futura sociedade sem classes, reexaminar a posição em relação à propriedade privada, à luta de classes e à estatização como em relação à concepção materialista da história e à doutrina do determinismo do processo histórico.
Zilles com ênfase ressalta que, sem dúvida, para ser cristão não precisa ser socialista; pois em questões como luta de classes, violência, terror, paz, justiça, não precisa da autoridade de Marx, pois
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