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O ESTÉTICO-FILOSÓFICO NA EDUCAÇÃO ARTÍSTICA – UMA ANÁLISE CONCEITUAL DE SCHILLER SOBRE A EDUCAÇÃO MORAL

Por:   •  14/10/2018  •  3.734 Palavras (15 Páginas)  •  360 Visualizações

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Poeta e dramaturgo, ele questiona e reflete sobre os princípios da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade). Através dos referenciais iluministas, a teoria schilleriana busca a totalidade do ser humano, isto é, a unificação de corpo e de alma e, assim reconhece a dualidade da natureza humana: a razão e a emoção. Segundo (MOREIRA, 2007)

Schiller relaciona universos de dimensões contrapostas como a razão e a sensibilidade, o universal e o particular, a pessoa e o estado, a alma e o corpo, o infinito e o finito, o uno e o múltiplo, o tempo e a eternidade, a forma e a matéria.”

Ademais, tal relação só ocorre devido a educação iluminista schilleriana partir da moralidade do indivíduo na práxis[1] que, pelo seu papel social e político, através do aprimoramento de suas ações só será atingido por um processo pedagógico amparado pelo espírito artístico [...] assim, as Cartas exaltam a educação estética e o “ terceiro caráter” (o estético) como meio transitório para chegar-se ao estágio moral, para transformar os postulados morais em “práxis” cotidiana atingindo os âmbitos de uma constituição de Estado.

O pensamento de Schiller em níveis educativos é influenciado fortemente por clássicos gregos: Platão e Aristóteles e pelo filósofo moderno Immanuel Kant. A teoria estética platônica analisa conceitualmente o belo e, também os conceitos de artíficio, visão. Aristóteles contribui com o conceito platônico de catarse[2], especialmente no teatro e no aspecto artístico ao qual relaciona com a noção substancial e interdependente de matéria e forma, conforme ressalta (MOREIRA, 2007)

Aristóteles propõe o modelo da substância em que se destacam a forma, a matéria e o composto que é a relação entre forma e matéria. Ele utiliza a metáfora da escultura de bronze para explicar essa relação ao dizer que a matéria representa o bronze, a forma se personifica na figura e a escultura é a afinidade entre matéria e forma. Essa relação tridimensional e a tridimensionalidade da escultura servem para ilustrar as partes fragmentadas, que reunidas formam a concepção de ser humano. Para Aristóteles, a forma revestida da mente e a matéria concebida pelo corpo e ambas reunidas, designam o homem consciente:

A cultura da Grécia era amparada pela tradição artística e filosófica e, tais aspectos fizeram com que Schiller investigasse a arte como uma tentativa de modificação humana. Movido pelos ideais renascentistas acreditava que a libertação deve primeiramente partir do interior do indivíduo para, posteriormente atingir seu exterior. Neste sentido, ( NUNES, 2013), relata que

[...] Schiller louvava os gregos, em antagonismo ao seu tempo. Os gregos conjungiam encontros entre a arte e a sapiciência, louvavam a simplicidade, praticavam uma actividade filosófica e criadora em simultâneo que era delicada e energética, fantasiavam a juventude e a virilidade da razão numa soberba expressão de humanidade, dominavam os sentidos e o espírito e marcavam uma diferença notória e saudável entre comunidade e individualidade.

Além da ideologia grega, o filósofo Schiller tem como principal aspiração o seu contemporâneo, Immanuel Kant. Kant inicia seus estudos estéticos publicando a obra : Crítica da Faculdade do Juízo e, seu conteúdo analisará o juízo estético em uma perspectiva que mais tarde será criticada, em alguns aspectos pela teoria schilleriana. Por um lado, Schiller admite reconhecer, ter como base e considerar muito do que Kant concretizou como ideal, mas afirma que o conhecimento estético está para além da alma[3] do “ eu penso kantiano” e, atingirá substancialmente o âmbito empírico[4]. Logo, na primeira Carta (1994) defende esta preposição afirmando,

[...] no que diz respeito às ideias dominantes na parte prática do sistema kantiano, só os filósofos se encontram em discórdia acerca delas, mas os seres humanos, e ouso comprová-lo, sempre foram unânimes em torno das mesmas. Se as libertarmos da sua forma técnica, elas surgirão como postulados arcaicos da razão comum e como dados adquiridos do instinto moral, sob cuja tutela a sábia natureza colocou o ser humano até que o juízo claro o emancipe. Mas precisamente essa forma técnica, ao tornar visível a verdade ao entendimento, volta a ocultá-la ao sentimento; porque o entendimento tem infelizmente de principiar por destruir o objecto do sentido interior se quiser apropriar-se dele para si.”

Assim, a teoria de Schiller irá propôr a educação do homem através do seu espírito estético. Enquanto o filósofo moderno Immanuel Kant focará sua defesa no pensamento do “eu”afirmando que,

[...] para discernir se algo é belo ou não, relacionamos a representação, não pelo entendimento ao objeto com vistas ao conhecimento, mas pela imaginação (talvez unida ao conhecimento de agrado ou desagrado experimentado por este. Portanto, o juízo do gosto não é um juízo de conhecimento, um juízo lógico, mas sim estético, ou seja, um juízo cujo motivo determinante só pode ser subjetivo. Porém, toda relação das representações, e até mesmo das sensações, pode ser objetiva ( e então significa o real de uma representação empírica); o mesmo não ocorre com aquela que se refere ao sentimento de agrado e desagrado mediante a qual nada se indica do objeto senão que nela o sujeito sente a si mesmo tal como é afetado pela representação.[5]

Schiller pensa o indivíduo enquanto personagem do Mundo, isto é, aplicando sua ação no Mundo. Segundo ele, o conceito de beleza possui conceitos racionais e demonstra a questão do belo em suas próprias leis objetivas e imperativas, desprovendo-o de uma concepção meramente empírica. Logo, afirma que [...] “As leis da arte não são fundadas em formas mutáveis de um gosto de época contingente e amiúde totalmente degenerado, mas no que há de necessário e eterno na natureza humana, nas leis originárias do espírito”.[6]

Neste sentido, a teoria estética de Schiller ressalta a questão do natural no ser humano, isto é, ele acredita que o ser humano pode ir além da sua instintividade e assim, atingir um estado moral. A interferência cultural do indivíduo, nesta situação é limitada, pois somente com a interferência artística e suas leis eternas, o homem será liberto de sua ignorância. O sentimento estético que passa por um processo educativo refina os hábitos daquele sujeito bárbaro e selvagem que são inerentes ao seu estado natural hobessiano[7]. Diferente da condição natural do homem, os preceitos racionais serão aqueles que irão proporcionar a busca da justiça e da verdade pelo ser humano, fazendo-o sair de sua condição

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