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Jesuitas no processo de Colonização do Brasil

Por:   •  5/6/2018  •  2.306 Palavras (10 Páginas)  •  267 Visualizações

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Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra descoberta tratava-se de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, foi descoberto tratar-se realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado. A nova terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da descoberta do pau-brasil, ocorrida no ano de 1511, nosso país passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil[2] (GUIRADO, 2001).

Com a descoberta das novas terras, povoa-las tornou-se primordial, portanto a Terra de Santa Cruz, como inicialmente o Brasil foi chamado, transformou-se numa colônia portuguesa.

Desde o descobrimento até meados do ano de 1759, contamos com a presença dos padres jesuítas na catequização e evangelização dos povos aqui encontrados, o que será decisivo para a implantação da educação no Brasil colonial. Temos ai o inicio do pensamento brasileiro. A partir deste instante sob a influência europeia e dos seus filósofos, e do olhar atento dos jesuítas, inicia-se a construção de uma das maiores nações do mundo contemporâneo.

2 A Importância dos Jesuítas, e a sua Formação Filosófica Escolástica

Sobre a importância dos jesuítas no contexto social brasileiro, principalmente na educação e catequização dos povos indígenas e na valorização do homem colonial, percebemos a sua singular relevância.

Portugal para defender seus interesses em relação ao Brasil precisou iniciar uma rápida ocupação do litoral brasileiro em virtude do avanço de caravelas inglesas e espanholas, além das francesas, que também demonstravam certo nível de interesse por nossas terras, essa ocupação foi caracterizada pela inserção de mecanismos para a educação do homem na colônia, tarefa que confiada aos padres jesuítas.

O processo de colonização era exigente, principalmente por que deveria formar e educar os índios encontrados e contribuir para que os filhos dos colonizadores recebessem uma instrução adequada, por isso em 1549, junto com Tomé de Sousa[3], chega ao Brasil seis dos primeiros padres jesuítas que deveriam residir aqui para cuidar da educação e catequização, e junto com eles o padre Manoel da Nóbrega.

Junto com Tomé de Souza chegam os primeiros jesuítas da Companhia de Jesus. Chefiados pelo padre Manoel da Nóbrega, dedicam-se à catequese dos indígenas e à educação dos colonos. Entre os séculos XVI e XVIII constroem igrejas e fundam colégios. Na região das bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, como também na Amazônia, eles instalam as missões, aldeamentos onde buscam cristianizar os índios e preservá-los da escravidão[4].

A estrutura escolar fundada pelos jesuítas procurava atender as exigências mais eminentes da colônia. Preocupavam-se com a vida dos povos indígenas e por isso se empenharam na educação destes para livra-los da escravidão. Precisamos entender que no inicio, o índio não era visto como pessoa, e justamente por isso os portugueses se viram no direito de tentar escraviza-los, a educação dada pelos padres demonstrava que a única diferença deles para o homem tipicamente europeu era o nível de conhecimento científico e de filosofias mais abstratas.

Aos poucos o ideal jesuítico, pautado na filosofia escolástica, foi tomando conta das colônias e estendeu-se até muito depois da expulsão da Ordem pelo Marquês de Pombal em 1808. A filosofia aristotélica tomista defendida pelos escolásticos na idade média e muito bem incorporada pelos padres jesuítas a partir de uma disciplina quase que militar, trouxe ordem e entendimento para o nosso país numa época que ainda não havíamos descoberto os caminhos da filosofia. ‘O Estagirita sobre o olhar de São Tomás, adotado em todas as instituições católicas desde o decreto de Leão XIII’[5] (RUSSEL, 1967 p. 162) foi difundido como ensino obrigatório nas escolas coloniais, e com isso a filosofia Tomista começou a ser ensinada. As ideias escolásticas sobre Deus e o homem começaram a ser amplamente defendidas, e aos poucos se foi tomando forma o ideal de pessoa ao qual atendesse as exigências de Portugal e se enquadrasse nas ideias católicas, o resultado disso é que somos hoje um país de cristãos, independente das grandes influências que tivemos dos povos africanos que foram trazidos à força como mão de obra escrava, e que chegando aqui difundiram amplamente seus ritos e crenças.

Partindo do pressuposto de que o fenômeno educacional não é um fenômeno independente e autônomo da realidade social de determinado momento histórico, devemos analisar o projeto jesuítico levando-se em conta o desenvolvimento social e produtivo da época colonial. Assim, pode-se supor que o modelo educacional proposto pelos jesuítas, que pretendia formar um modelo de homem, baseado nos princípios escolásticos, era coerente com as necessidades e aspirações de uma sociedade em formação na primeira fase do período colonial brasileiro[6] (SHIGUNOV, 2005).

A importância do ensino de filosofia pelos jesuítas vai muito além da preservação da cultura Cristã no novo mundo. Enquadrada a partir do pensamento aristotélico, a filosofia de São Tomás está no plano de fundo daquilo de mais belo que podemos ter herdado da educação ministrada pela Companhia de Jesus. Quando dizemos, por exemplo, ‘que parece existir entre qualquer ser humano, algum espaço para a justiça nas suas relações recíprocas’[7] (ARISTÓTELES 2013, p.256) ou ‘que deveríamos definir o que é justo e injusto nos sentidos correspondentes, pois as ações que nascem da virtude em geral são, fundamentalmente, idênticas às ações que estão de acordo coma lei’[8] (ARISTÓTELES 2013, p. 150) estamos nos referindo á princípios que fundamentam nossa sociedade hoje e que foram trazidos para o Brasil graças a homens como Manoel da Nóbrega e tantos outros, que se dedicaram á educação nos primórdios do nosso país. Se devemos, a descoberta de Aristóteles pelos filósofos ocidentais à Avicenas e todos aqueles que contribuíram para a construção da filosofia oriental, no Brasil devemos isso à Ordem dos Jesuítas.

3 Os principais pensadores do Período Barroco

Os primeiros filósofos luso-brasileiros enfrentaram grandes dificuldades para a propagação das suas ideias e até mesmo da necessidade de se configurar uma qualidade de ensino que fosse aceitável no período do catolicismo barroco. Eram muitas as dificuldades, e exatamente por causa delas, não tivemos a nossa filosofia desenvolvida, acontecendo justamente o contrário,

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