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Do enraizamento ao desenraizamento do amor e as necessidades humanas, em Simone Weil

Por:   •  18/12/2018  •  2.849 Palavras (12 Páginas)  •  313 Visualizações

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O pensamento de Simone Weil na atualidade

Tal como eram os pensamentos de Simone Weil, no trato humano, em sua curta trajetória de vida, são também nos dias de hoje. Eles são ensinados, ou pelo menos deveriam, por se tratar exatamente daquilo que a filósofa já vivia. Na prática, enraizar é dar importância Cristã, valor humano. Aqui não falamos somente na vertente espiritual, mas também nas relações.

Cada vez mais vivemos vidas baseadas em tecnologias, preocupados com estáticas, computadores e tudo mais que nos alheia muito do que passa a nossa volta. É fundamental que, regularmente, voltemos a terra e este voltar dá-se com a meditação e com o enraizamento. O enraizamento permite o controle, a recarga de energia fundamental para o nosso bem-estar. Assim, podemos nos observar e observar quem está ao nosso lado, com suas alegrias ou tristezas, agindo assim estaremos em contato com as energias alheias.

Diante disso, as reflexões que fazemos nos mantém enraizados o tempo todo com algo ou alguém, ou seja, sempre estaremos em contado com as pessoas ou aquilo que as envolvem. Exemplo disse foi a vida de Simone Weil e a respeito dessa categoria do enraizamento e também do desenraizamento, confrontados com a problemática da relação do homem com o homem e do homem com suas práticas, constituem sem dúvida um desafio e um convite permanentes para a meditação e para a ação. Pois não amamos aquilo que não conhecemos, e não conhecendo consequentemente, não amamos! Em um dos textos intitulado “Pensamentos desordenados, acerca do amor de Deus”, reflete Simone Weil:

Há uma pergunta que carece totalmente de qualquer significação - e como tal, de toda resposta - que normalmente nunca nos formulamos, mas que na desgraça a alma não pode evitar de fazê-la com a monótona continuidade de um gemido. Esta pergunta é: por quê? Por que as coisas são assim? O desditoso a formula ingenuamente aos homens, ás coisas, a Deus - mesmo que não creia Nele, a qualquer um. Por que é necessário que ele não tenha nada o que comer ou que esteja esgotado pela fadiga ou pelos tratamentos brutais, que esteja prestes a ser fuzilado, ou que esteja enfermo ou no cárcere? Se lhe forem explicadas as causas da situação em que se encontra - o que raramente é possível, devido á complicação dos mecanismos que intervêm - isso não será para ele uma resposta. Com efeito, sua pergunta “por quê” não significa por que causa, e sim com que finalidade? E naturalmente não é possível explicar-lhe os fins, salvo que se invoquem fins fictícios, mas isso não seria correto (WEIL, 1991, p.103).

Essa é uma carta escrita por ela, que de um lado refletia o amor de Deus na fragilidade humana, por outro lado toda desgraça provocada pelo individualismo, falta de amor entre os homens que não conhecia nem um sinal de Deus. Certamente, esse foi um pensamento na qual a filósofa se deparou com uma possível realidade que estava vivendo, já fazia ela uma projeção das necessidades humana, uma vez que se encontrava privada de viver sua liberdade e independência.

Vemos na sociedade uma constante desarmonização nas práticas de um que é, um dos maiores mandamentos pregado do cristianismo, “o amor”, e com ele, suas necessidades. Em um mundo onde as pessoas mal se ouvem, onde a indiferença e a intolerância insistem em permanecer nas relações, uma desordenacão de necessidades humana, perde-se o valor do amor real, a entrega sem medo, a amizade sem reservas de verdade pelo problema alheio e diariamente, sem respeito próprio, exercitam a prática da desordem e da incompreensão da existência humana, longe disso não vemos uma perspectiva de mudança social e humanística. Simone Weil, já construíra esse pensamento, de forma mística, esse que é nosso cenário atual.

A consciência humana jamais variou sobre esse ponto. Há milhares de anos, os egípcios pensavam que uma alma não pode ser justificada após a morte se não poder dizer:” Não deixei ninguém passar fome.” Todos os cristãos sabem que se expõem aa ouvir, um dia, o próprio Cristo lhes dizer: Tive fome e não e não me deste de comer.” Todos o mundo imagina o progresso como sendo inicialmente a passagem a um estado da sociedade humana em que as pessoas não passarão fome. Se se fizer a pergunta em termos gerais a qualquer pessoa, ninguém pensa que um homem seja inocente se, tendo comida em abundancia e encontrado à sua porta alguém quase morto de fome, ele passar sem lhe dar nada. É portanto, uma obrigação eterna para como o ser humano não deixar passar fome, quando se tem ocasião de socorre-lo. Sendo esta obrigação a mais evidente, ela deve servir de modelo para estabelecer a lista dos deveres eternos para com todo ser humano. Para ser estabelecida com todo o rigor, esta lista deve proceder deste primeiro exemplo por analogia. (WEIL, 2001, p. 10, tradução: Maria L. Loureiro).

Essa preocupação com o estado de vida cristã, que Simone Weil tinha com as pessoas fez dela uma grande pensadora de profunda honestidade, um ser superdotado, de ampla formação humanística foi, sem dúvida, a maior mítica contemporânea. Essa preocupação humanística, acredito que a filósofa herdou dos pensadores e críticos modernos. Essa organização humanística foi um movimento intelectual que teve origem na Itália no século XIV com a difusão do Renascimento e difundido por toda a Europa, sendo rompida mais tarde com a forte influência da igreja e do pensamento religioso da Idade Média.

Nesse sentido, a reflexão filosófica esteve presente na mente de muitos filósofos na passagem da Idade Média para a Idade Moderna. A partir daí a filosofia começa a mostrar seu ímpeto reflexivo e através desses pensadores intelectuais passam a explorar temas que tivessem relação com a figura humana e até hoje em constante reflexão filosófica e religiosa. Weil, por exemplo fala da trajetória da divindade como raiz do amor pelas pessoas.

(...) O amor divino atravessou a infinitude do espaço e do tempo para chegar de Deus até nós. Porém, como poderá fazer o trajeto em sentido inverso quando parte de um ser mortal? Quando a semente de amor divino depositado em nós tiver crescido e se convertido numa arvore, que poderemos fazer nós, os que a carregamos, para devolvera-las à sua origem? Como poderemos fazer em sentido inverso a viagem que Deus fez nós ao atravessar a distância infinita? (WEIL,1991, p, 126).

Vemos que a crítica religiosa já permeava a mente da francesa contemporânea, que morreu muito jovem, mas seu pensamento é muito atual quando falamos de necessidades humana.

O desenraizamento do amor na prática.

As

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