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A importância da Filosofia no Ensino Fundamental

Por:   •  10/4/2018  •  2.187 Palavras (9 Páginas)  •  363 Visualizações

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A FILOSOFIA E A ESCOLA

Diante da evasão escolar, de alunos, que ao quarto ano ainda não sabem ler, de professores desiludidos com a educação no país, surgiu a pergunta: como a Filosofia colaboraria para uma melhor formação educacional dos alunos, já no ensino fundamental? Percebemos que as escolas, principalmente as públicas, trabalham com verdades prontas, acabadas. O conhecimento é transmitido sem o interesse em saber se o aluno está assimilando o conteúdo. As instituições de ensino básico, hoje, transmitem a ideia de que é um privilégio os jovens terem acesso a um ensino gratuito. Os questionamentos quanto à qualidade do que é oferecido são ignorados. Durante muito tempo, o ensino da Filosofia era direcionado apenas para a elite brasileira. Afinal, para que o pobre precisaria pensar? Quanto mais alienado, passivo e submisso, melhor seria para a classe dominante. Ele seria explorado sem que se apercebesse disso. Infelizmente, essa ainda é a realidade de milhares de brasileiros.

Para a construção de um país mais justo, com menos desigualdades econômicas, faz-se necessário melhorar a educação. O pensar e o refletir são a base para a assimilação de qualquer disciplina que o aluno for estudar. Na medida em que a criança desenvolve a sua consciência crítica, ela vai perceber o valor e a importância do conhecimento, da instrução. Este aluno perceberá que a sua situação pode ser modificada, por ele mesmo. A escola necessita do ensino da Filosofia, desde a educação infantil, para modificar essa estrutura alienante que hoje impera na educação brasileira.

Segundo Ranilce Mascarenhas, o Estado brasileiro está oferecendo à população marginalizada um ensino mecânico e superficial, em detrimento do pensamento crítico, autônomo e global, com profissionais pedagógicos desestimulados e desqualificados, sem a mínima infraestrutura para o exercício da profissão, obtendo como consequência alunos desmotivados para o estudo.

CRIANÇAS DE TRÊS A CINCO ANOS

Segundo Rudolf Steiner, a capacidade imaginativa da criança é ampliada através dos brinquedos e contos infantis, tornando-se imprescindível para o desenvolvimento da habilidade de comunicação, tanto das crianças entre si quanto com o mundo que as cerca. Ao imaginar enredos, figuras, cenários, em seus pensamentos, essa imaginação tornar-se-á o alicerce para o desenvolvimento da inteligência linguística. A capacidade de criar também colabora para o aprendizdo de várias línguas. Segundo o antropósofo, em sua abordagem holística da pedagogia, o raciocinar, refletir, tão amplamente abordados nas comunidades investigativas e narrativas de Lipman, vai sendo cultivado lentamente, desde a imaginação, nos contos de fadas( Steiner), narrativas (Lipman), lendas e mitos nos primeiros anos escolares, até o pensar abstrato, segundo Piaget, precisamente científico, no Ensino Médio.

Há uma convergência entre os posicionamentos de Lipman e Steiner, na valorização do ensino infantil, por considerarem-no fundamental para a formação afetiva, intelectual e social do aluno. Para ambos os autores, entre os três e os cinco anos de idade, onde as crianças assimilam as narrativas e os contos de fadas, aperfeiçoando a capacidade de pensar. Embora Lipman recorra às narrativas e às comunidades de investigação como forma de trabalhar o caráter, a inteligência e afetividade das crianças, diferentemente de Steiner, que recorre a outros métodos pedagógicos: lendas, mitos, contos, com o mesmo objetivo e Lipman, ou seja, fornecer às crianças uma formação completa, onde afeto e inteligência se desenvolvem harmonicamente, na estruturação de uma educação completa, onde o ser humano é visto por inteiro e valorizado com tal, diferentemente do ensino tradicional, que apenas forma profissionais para satisfazerem as exigências do mercado.

Segundo Piaget, Vygotsky e Wallon, o desenvolvimento infantil dá-se de forma dinâmica, onde as crianças interagem entre si, com adultos e com o meio ambiente, sendo transformadas e transformando. Para esses três autores, essa interação é fundamental para que as crianças possam desenvolver a afetividade, a auto-estima, o raciocínio, o pensamento e a linguagem.

Abordando especificamente a teoria de Wallon, a criança entre três e cinco anos de idade inicia a construção da sua autoconsciência , por meio das interações sociais, onde o interesse passa a ser pelas pessoas, com predomínio da afetividade interligada à socialização.

Para Vygotsky, o desenvolvimento psicológico infantil estrutura-se a partir a partir das relações entre a criança e o mundo externo, nos limites de um contexto histórico e social, através da cultura. Segundo o autor, a relação da criança com o mundo é interceptada por sistemas simbólicos, onde a linguagem é fundamental.

Há uma concordância entre Vygotsky e Lipman, com relação à importância da linguagem para a compreensão e interpretação do mundo.

De acordo com Piaget, a criança entre três e cinco anos encontra-se no estágio pré- operacional, onde ela já utiliza a lógica e o poder de classificação, seja na matemática ou na linguística. A criança já utiliza símbolos e signos, possui raciocínio mágico, através do animismo: quando são atribuídos à animais, vegetais e objetos características humanas, quanto ao pensamento transdutivo: quando a criança acredita que ela controla os fenômenos naturais.

EDUCAÇÃO INFANTIL TRADICIONAL: ESCOLAS MUNICIPAIS DE FORTALEZA E O TRATO COM AS CRIANÇAS

Segundo a pesquisa da mestra em educação Celina Furtado, há uma diferença de atendimento nas escolas, das crianças pobres e o destinado às que têm melhor condição financeira. Faz-se necessário a elaboração de programas que auxiliem, ajudando a construir um trabalho pedagógico de melhor qualidade. Em seu trabalho, com crianças de três e quatro anos do ensino municipal de Fortaleza, ela adverte que as creches e pré-escolas públicas têm funcionado mais como centros de assistência, ao retirar essas crianças das áreas de risco social, negligenciando a educação intelectual, o estímulo ao saber.

De acordo com Bourdieu, sociólogo francês, a escola funciona como reprodutora das desigualdades sociais. Percebe-se que em Fortaleza, nas escolas municipais, onde boa parte das crianças possui baixo poder aquisitivo, elas passam a ser educadas de forma passiva, no sentido de reprodução dessas mesmas condições, legitimando as distinções sociais.

O ensino da Filosofia vem para romper essa

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