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Por:   •  22/4/2018  •  7.938 Palavras (32 Páginas)  •  348 Visualizações

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Em contraposição a esses tratamentos metafísicos da Teoria do Conhecimento, surge, na década da 1860, o neokantismo, separando nitidamente o caráter metafísico do epistemológico.

HESSEN (1999, p. 12-13) apresenta a divisão que a Filosofia sofreu, em conseqüência da evolução histórica do conhecimento humano, desmembrando-se em diferentes disciplinas. No sistema da cultura, a Filosofia tem seu lugar entre a Ciência, de um lado, e a Religião e a Arte, de outro.

Enquanto reflexão sobre o comportamento teórico, sobre aquilo que chamamos de ciência, a Filosofia é a Teoria do Conhecimento Científico ou Teoria da Ciência. Enquanto reflexão sobre o comportamento prático do espírito, sobre o que chamamos de valor no sentido estrito, a filosofia é a Teoria do Valor. A auto-reflexão do espírito não é fim em si, mas meio para atingir uma visão de mundo. Em terceiro lugar, a Filosofia é a Teoria da Visão de Mundo. No evoluir do conhecimento humano a Filosofia se divide em três partes: Teoria da Ciência, Teoria do Valor e Teoria da Visão de Mundo ou Metafísica.

A Teoria da Visão de Mundo é decomposta em Metafísica (que divide-se em Metafísica da Natureza e Metafísica do Espírito) e em Teoria da Visão de Mundo em sentido estrito, que investiga as questões referentes a Deus, à liberdade e à imortalidade.

A Teoria do Valor, segundo os diferentes tipos de valor, divide-se nas teorias de valores éticos, estéticos e religiosos. Surgem, então, as três disciplinas: Ética, Estética e Filosofia da Religião.

Finalmente, a Teoria da Ciência separa-se em duas áreas: a Teoria Formal ou Lógica da Ciência e a Doutrina Material da Ciência ou Teoria do Conhecimento. Assim, fica assinalada a posição da Teoria do Conhecimento no conjunto da Filosofia, como demonstra a Figura nº 1, a seguir:

Fonte: Os autores.

Dentro do campo da Teoria do Conhecimento ou Doutrina Material da Ciência enquadram-se as ciências factuais, que englobam as ciências naturais e as ciências humanas ou sociais.

HEMPEL (s.d., p.11), pensador contemporâneo, classifica as ciências em dois grupos: empíricas e não empíricas. As ciências empíricas são aquelas que procuram descobrir, descrever, explicar e predizer as ocorrências no mundo em que vivemos. As afirmações dessas ciências devem ser confrontadas com os fatos de nossa experiência e serão aceitáveis na medida em que estiverem amparadas por uma evidência derivada de métodos de estudos como a experimentação e a observação sistemática. Ciências não empíricas, como Lógica e Matemática, são ciências que dispensam a referência permanente à experiência sensível.

As ciências empíricas dividem-se em ciências naturais e ciências sociais ou humanas.

A linha de separação entre as ciências naturais e as ciências sociais não é muito nítida, podendo-se considerar que as ciências naturais são aquelas que estudam o conjunto de seres e coisas, orgânicas e inorgânicas, que compõem a natureza (Física, Química, Biologia, etc.). As ciências humanas ou sociais, por seu turno, estudam as relações do homem consigo próprio, com os outros homens e com a natureza. Estas relações são aquelas que têm a sua origem do ato pelo qual o homem produz cultura, agindo no mundo e a ele reagindo, criando e sofrendo os efeitos de suas criações. Pertencem ao conjunto das ciências humanas ou sociais a História, a Sociologia, a Psicologia, a Antropologia Cultural, a Economia, a Administração e a Contabilidade, entre outras.

As ciências humanas têm dificuldades de se constituírem em ciências devido à relação do sujeito com o objeto a ser conhecido e explicado. As ciências naturais têm como objeto algo que se encontra fora do sujeito cognoscente, ao passo que as ciências humanas têm como objeto o próprio ser que conhece. É possível imaginar as dificuldades das ciências humanas em estudar com objetividade algo que diz respeito ao próprio homem. ARANHA (1986, p. 186) identifica as dificuldades enfrentadas pelas ciências humanas:

- Há uma complexidade inerente aos fenômenos humanos, sejam psíquicos, sociais com inúmeros aspectos que não podem ser simplificados;

- Outra dificuldade encontra-se na experimentação. Não significa que ela seja impossível, mas é difícil identificar e controlar os diversos aspectos que influenciam os atos dos homens.

As características das ciências naturais e das ciências humanas são ilustradas no Quadro l, a seguir:

Quadro nº 1: Quadro comparativo: tendências naturalista e humanista

Tendência naturalista

Tendência humanista

Quanto à maneira de perceber o fato psíquico:

* uma coisa (realidade objetiva)

* uma consciência (doadora de sentido)

* fatos descritos em sua aparência sensó-

* valorização do vivido, dos conteúdos aní-

rio-motora

micos e espirituais

* ênfase na natureza orgânica dos fenôme-

* o homem é um ser do mundo

nos psíquicos.

Quanto à natureza da percepção:

* associacionismo

* noção de estrutura (percepção do todo)

* atomismo (sensação, percepção, idéia)

* totalidade (não é a soma dos elementos)

Quanto à explicação do comportamento:

* mecanicismo (o comportamento se expli-

* todo comportamento existe num contexto

ca pela relação causa-efeito

que deve ser interpretado

Quanto ao modo de inteligibilidade:

* explicação legal (por leis) e quantitativa

"compreensão" por tipo qualitativo ou mo-

(matematizável)

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