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Comentário sobre o livro "Sobre a Televisão", de Pierre Bourdieu

Por:   •  16/10/2018  •  950 Palavras (4 Páginas)  •  327 Visualizações

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fariam com que cada profissional estivesse mais disposto a enxergar ou não algum fato, construindo assim um discurso sobre a realidade, selecionando o que será veiculado.

Ele critica também o fazer jornalístico que busca sempre as mesmas fontes e os programas “montados”, onde são encenados debates e falsas oposições entre convidados. Para ele, é necessário pensar o que está por trás da televisão e por que razão ela opta por não

se aprofundar nos temas tratados, abordando em apenas alguns segundos assuntos que, quando embasados e problematizados adequadamente, levariam horas. O sociólogo afirma que atualmente a televisão busca por “fast-thinkers”. O termo, segundo ele, faz referência ao grande número de “especialistas” que, ao afirmarem que é possível pensar com velocidade, aceitam participar de programas televisivos e dar suas opiniões sobre determinados assuntos em poucos segundos. Alguns exemplos próximos à realidade brasileira são os comentários ácidos de apresentadores como Faustão e Luciano Huck em seus programas de variedades. O autor alega que os “fast-thinkers” estariam propiciando um “fast-food cultural”, com conceitos pré-digeridos e pré-pensados. Suas afirmações não passariam de “ideias feitas”, sobre questões que não causariam desconforto aos receptores (espectadores), pois as soluções expressas

seriam óbvias. “O problema já está dado, resolvido”, diz Bourdieu. Para ele “a comunicação é instantânea porque, em certo sentido, ela não existe. Ou é apenas aparente”. De acordo o pesquisador, os jornais atualmente não seriam feitos para o público e sim para outros jornais e jornalistas. Ele assegura que geralmente o leitor lê ou assiste somente um jornal por dia, quando muito dois, enquanto os jornalistas leem ou assistem até sete jornais por dia. A atitude faria com que os profissionais se fechassem ao redor de um círculo vicioso da informação, interferindo na linha editorial adotada por cada veículo e reproduzindo pautas sem questionamentos. Além disso, as pressões em busca de audiência e pelo “furo jornalístico” colocariam em risco a qualidade do material apresentado, mesmo que em muitas vezes o espectador não se dê conta de qual noticiário falou primeiro sobre determinado tema. Como resultado, materiais rasos e com parca apuração cada vez mais tenderiam a ser divulgados. Para Bourdieu, a televisão não propiciaria a expressão do pensamento e a urgência seria seu sinônimo.

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