Libras, que lingua é essa?
Por: SonSolimar • 11/10/2018 • 2.037 Palavras (9 Páginas) • 278 Visualizações
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Segundo o livro, existem vários mitos absurdos falando que o surdo não aprende porque tem mais dificuldades do que os que ouvem. Não se trata de dificuldade intelectual e sim de oportunidade de acesso a uma escola que reconheça às diferenças linguísticas que promova acesso a língua padrão, que no caso dos surdos tenha professores proficientes na língua de sinais, e que permitam a alfabetização na língua, primeira, natural dos surdos. A libras não impede ou atrapalha na aprendizagem da língua oral. A falta de interesse na língua oral e escrita é relacionada às punições, e as exaustivas atividades, que desmotivavam o surdo no processo de aprendizagem. Segundo Gesser, ainda há uma ideia que permeia a sociedade, que o surdo precisa aprender a língua portuguesa como prioridade, para a sua sobrevivência no meio social em que está inserido, ou seja, no grupo majoritário: ouvintes. Tanto a língua como a escrita devem ser primeiramente, promovidas na língua de sinais. A autora afirma que na realidade o surdo não “sobreviverá” nesta sociedade se não aprender a sua língua, a língua de sinais. Assim como um brasileiro aprende a sua língua de origem, o português, para depois aprender outras línguas, assim também os surdos têm o direito de aprender primeiramente a sua língua: libras. Não desprezando a língua portuguesa, que no caso dos surdos seria a segunda língua, tornando-os seres bilíngües. A autora pontua que o professor ouvinte precisa saber libras para poder ensinar, obtendo resultados significativos na aprendizagem do aluno surdo. Nem todos os surdos fazem a leitura labial. Depende muito de cada indivíduo, em alguns casos precisa-se de um treinamento fono-articulatório. Muitos ouvintes quando percebem que o surdo não consegue ler lábios tentam se comunicar de forma exagerada e desengonçada. É essencial que toda pessoa que interage constantemente com surdos não fique tentando adivinhar o que eles falam, mas aprendam a língua de sinais, porque é indispensável para se ter uma comunicação mais clara com os surdos.
Quanto à surdez, pais surdos poderão gerar filhos ouvintes, entretanto, pais ouvintes poderão ter filhos surdos. De acordo com Gesser, a surdez pode ter causa congênita: toxoplasmose, vírus, herpes, rubéola, bactéria, sífilis e outras. Alguns casos são hereditários e outras causas, como: má formação do sistema auditivo, medicamentos durante a gestação, neurofibromatoses, hiperbilirrubinemia etc. A surdez pode ser de leve e agravar-se para surdez profunda. Varia do leve ao profundo e os graus são calculados em decibéis. O indivíduo pode ou não estabelecer contato com a língua de sinais e a cultura surda, dependendo exclusivamente dele para ter ou não essa conexão. Os aparelhos auditivos auxiliam os surdos, transmitindo somente ruídos, todavia não restabelece a audição. Há surdos que fazem o implante coclear, porém, não encontram satisfação expressiva. Não permitir o acesso a uma língua prejudica o desenvolvimento cognitivo-linguístico do surdo, entretanto em contato com as Libras é possível adquirir e construir o conhecimento.
No filme, Sandrine foi então para uma escola que o ensino para surdos era especializado e trabalhavam com um projeto de oralidade, isto é, no francês oral, no qual ensinava as crianças através de cartazes e estas tinham que repetir os vocábulos, recitavam poesias. Nessa escola também exigiam que os alunos falassem e não utilizassem a linguagem de sinais, somente a oralidade. A protagonista quando criança aprendeu a falar e se esforçava muito para falar como todo ouvinte, apesar de seus professores serem legais, o que eles queriam eram ensiná-la a falar, o que ela recusava-se a fazer. Mostra também uma escola bilíngue, que Sandrine nunca frequentou, mas dá para perceber a diferença na aprendizagem das crianças surdas quando se utiliza o bilinguismo. Algumas horas por dia, os alunos são levados para sala de aula regular para interagir com outros alunos ouvintes, ou seja, as crianças são incluídas em sala de aulas com alunos ditos “normais”. Havia outra professora, o que para nós é uma monitora ou professora de apoio, que chama a sua atenção para o que a professora titular está dizendo e vai passando através de sinais o que ela tem que prestar atenção.
Mas segundo o livro, a atualidade é positiva pois houveram avanços quanto aos direitos dos surdos, todavia a luta continua, principalmente para aproximar a teoria da prática. Ela ainda cita os direitos linguísticos, propostos por Gomes de Matos, dos surdos, como: direito à igualdade linguística, direito à aquisição da linguagem, direito de aprendizagem da língua materna, direito ao uso da língua materna, direito a fazer opções linguísticas, direito à preservação, à defesa da língua materna, direito ao enriquecimento e à valorização da língua materna, direito à aquisição/aprendizagem de uma segunda língua, direito à compreensão e à produção plenas, direito de receber tratamento especializado para distúrbios da comunicação, direito linguístico da criança surda, direito linguístico dos pais de crianças surdas, direito linguístico do surdo aprendiz da língua oral, direito do professor surdo e de surdos, direito linguístico do surdo como indivíduo bilíngüe, direito linguístico do surdo como conferencista e direito linguístico do surdo de comunicar-se com outros surdos.
O filme também mostra o depoimento da mãe de Jerrilyn que se sente culpada pela má formação em sua filha causando-lhe surdez e que sempre falaram para ela que a fala seria a ferramenta mais importante para que a criança pudesse ter uma profissão mais interessante no futuro. Por fim, foi estudar em uma escola na qual havia alunos surdos, quando pela primeira vez encontrou com pessoas iguais a ela. Essa foi a primeira vez que teve contato com crianças surdas percebendo que não era a única a ser diferente, tinha encontrado seus iguais, isso aos nove anos. Logo fez amizade com Mathilde, sua primeira amiga filha de pais surdos, o que fez Sandrine perceber que também cresceria e que poderia viver junto aos outros, mesmo sendo surda. Em alguns momentos o filme incomoda, porque nos faz sentir o que é ser surdo, principalmente quando Sandrine está contando os fatos somente na linguagem de sinais e não se ouve um som sequer. Dá
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