Aquisição língua espanhola
Por: Jose.Nascimento • 1/8/2017 • 2.277 Palavras (10 Páginas) • 476 Visualizações
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Serey (1994, p. 8) explica que “a grande semelhança existente entre o português e o espanhol leva o aprendiz dessas línguas a transferir elementos morfossintáticos, fonético-fonológicos e léxico-semânticos da sua língua materna para a língua-alvo (e vice-versa), mais do que falantes de línguas distantes.” A autora (1994, p.18), ao utilizar o termo falso cognato, constata que:
Vem do substantivo latino cognatus, i [co(n)+natus], cujo significado é ‘parente por consanguinidade’ (Torrinha, 1942:159), ou seja, do mesmo sangue; e falso vem do latim falsus, cujo significado é ‘enganado; iludido. Falso; enganador; mentiroso’; etc. (...).
Quer dizer que falso é o contrário de verdadeiro. Portanto, haveria uma falsa consanguinidade entre as palavras que esse termo denomina, ou seja, uma falsa origem comum. Porém, nessas palavras que têm forma igual ou semelhante, mas com sentidos diferentes, não é o que acontece. Na verdade são palavras que têm uma raiz comum, têm o mesmo sangue, isto é, são cognatas. E, embora tenham perdido o sentido originário durante o processo evolutivo de cada uma, distanciando-se umas das outras, elas conservaram sua origem comum.
Para saber por que tal fenômeno ocorre deve-se levar em consideração que os falsos cognatos são formas linguísticas que pertencem a duas línguas cognatas que seguiram rumos distintos na sua evolução. Segundo Robins (1971, p. 313) “essa evolução refere-se às mudanças linguísticas que se produziram nas duas línguas, ao longo do tempo, e que levaram à diferenciação das palavras quanto aos seus significados ou quanto às suas funções semânticas; quanto aos elementos situacionais aos quais se referem ou quanto à maneira como são referidos”.
Este trabalho propõe, entre outros aspectos, discutir os instrumentos facilitadores no contexto dos desafios na aquisição da língua espanhola. Desta forma, pretendo identificar quais são os desafios que se apresentam no processo ensino-aprendizagem de língua espanhola, como também os mecanismos facilitadores que permitem vencer estes desafios. Além disso, pretendo apresentar de forma clara como as pesquisas mais recentes neste campo mostram o grau de progresso nos estudos que concernem à interferência e a aquisição de línguas próximas como o espanhol e o português.
Desenvolvimento
É bem sabido que o idioma espanhol assume, atualmente, um papel importante no cenário econômico, político e, sobretudo cultural, do mundo inteiro. É língua oficial de 21 nações, totalizando mais de 350 milhões de falantes. Constitui juntamente com a Língua Portuguesa, o idioma dos países membros do MERCOSUL. As relações existentes entre o Brasil e as nações de língua castelhana nos revelam a necessidade de repensar o lugar que esta língua ocupa no nosso país, bem como sua importância para ampliar as relações políticas, comerciais e, sobretudo, culturais com o país. Estas discussões apontam, também, para uma nova e promissora etapa para educação no nosso país. Sua inserção no sistema educacional brasileiro implica, portanto, a superação da oferta superdimensionada do ensino de um idioma como única via de acesso ao conhecimento em língua estrangeira, fruto de uma visão autoritária da escola. Por estas razões, o problema que norteia esta pesquisa, ainda em fase inicial, se fundamenta no seguinte questionamento: Qual a relevância desta língua para o sistema educacional brasileiro?
Ao conhecer outra(s) cultura(s), outra(s) forma(s) de encarar a realidade, os alunos passam a refletir, também, muito mais sobre a sua própria cultura e ampliam a sua capacidade de analisar o seu entorno social com maior profundidade, tendo melhores condições de estabelecer vínculos, semelhanças e contrastes entre a sua forma de ser, agir, pensar e sentir e a de outros povos, enriquecendo a sua formação. De acordo com o exposto, o conhecimento de um idioma propicia a descoberta de novos horizontes e permite ao estudante compreender que o mundo pode ser visto a partir de diversas ópticas, o que contribui, de forma significativa, para o seu crescimento.
Neste trabalho, ao se referir à aprendizagem, será usado segundo LYONS (1982, p.22) o termo aquisição, pelo fato de este termo ser neutro em relação a algumas aplicações que se tornaram associadas ao termo “aprendizado” em psicologia.
É notável que muitas pessoas, ao ouvirem falar em aquisição de línguas estrangeiras, associam a experiência que tiveram na escola, quando estudavam uma ou mais línguas estrangeiras. No entanto vemos que estudar uma língua estrangeira hoje é bem diferente de como era antes nas escolas.
O contexto de aquisição de uma língua avançou as barreiras escolares, de forma que atualmente a aquisição de línguas estrangeiras não se dá somente em contextos escolares formais, mas também no cotidiano.
Segundo FREEMAN e LONG, (1994 p. 54) “existem tantas razões para se estudar a aquisição de uma segunda língua, como lugares no mundo onde as línguas estrangeiras são adquiridas e usadas. Trata-se de um estudo fascinante em si mesmo, pois constitui um verdadeiro quebra-cabeças. Não há como separar o estudo da aquisição de uma segunda língua, de fatores que visam contribuir no aspecto da aprendizagem, ou seja, ambas caminham juntas”.
Um dos marcos do aprendizado de espanhol por falantes brasileiros é a similaridade entre as duas línguas. O fato de algumas palavras serem semelhantes ou iguais, seja em pronúncia ou escrita, pode levar o aprendiz a dar significados incorretos.
DURÃO (2004 p. 34) aponta segundo a teoria de Chomsky que “os seres humanos possuem uma inclinação inata no que diz respeito a inferência das regras da língua”. Segundo ela, em função da proximidade tipológica existente entre as duas línguas, considera-se que o ensino do espanhol por falantes do português do Brasil deve se beneficiar das apartações dos modelos da Análise Contrastiva (AC), da Análise de Erros (AE) e da Interlíngua.
FREEMAN e LONG (1994 p. 17), afirmam que antes que fosse estabelecido o campo da Aquisição de Segunda Língua (ASL) tal e como a conhecemos hoje, durante as décadas dos anos quarenta e sessenta, os pesquisadores fizeram análises contrastivas comparando as línguas de forma sistemática. Estes se sentiam motivados diante da perspectiva de chegar a identificar diferenças e características em comum entre as línguas nativas e a línguas alvo.
Neste contexto, há que destacar que a convicção de que as diferenças linguísticas poderiam ser utilizadas para predizer as dificuldades da aprendizagem deram origem à
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