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Análise do Filme: “As coisas impossíveis do amor” sob a perspectiva de Bowen

Por:   •  30/9/2018  •  1.570 Palavras (7 Páginas)  •  359 Visualizações

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Para ele os sintomas não se referem a uma patologia ou semelhante, mas sim como as mesmas se relacionam: interações entre forças e de sistema de vida. Se referem às mudanças das condições da própria família e como os diferentes membros reagem diante dela.

Para este entendimento, Bowen define alguns conceitos chaves: diferenciação do eu e ansiedade, esta que pode ser subdivida em ansiedade crônica e aguda. Tais conceitos são importantíssimos para esta teoria, uma vez que para o autor, as famílias são guiadas pelos diferentes níveis que possuem sobre estes conceitos.

A diferenciação do eu se refere a uma escala definida pelo autor, de zero a cem, para definir o quão cada membro possui de diferenciação de ego diante de outro familiar (pai ou mão, na maioria dos casos. Quanto mais próximo um membro possui do nível zero, mais o sujeito tende a ser dependente de outro familiar, menos autônomo, mais ansioso e com dificuldade de reagir a uma situação de conflito com racionalidade. Isso significa que este sujeito se funde com o ego de um determinado familiar, a ponto de não conseguir se diferenciar dele. Seguindo a mesma lógica, um membro cujo nível se aproxima do grau cem (para Bowen nenhum indivíduo consegue chegar ao nível cem) mais autonomia, racionalidade, independência, assertividade e menos ansiedade terá, principalmente em situações difíceis. Importante ressalvar que não se trata de uma preferência a racionalidade, mas sim de uma diferenciação entre utilizar a razão e as emoções, diante de uma situação estressante.

Para isso, se faz necessário entender as subdivisões da ansiedade, que para o autor, trata-se de uma consequência ao nível de diferenciação do eu.

A ansiedade aguda corresponde a um estresse gerado diante de uma situação real cujo sujeito viverá. Trata-se de uma angústia prévia a um evento que ainda não aconteceu, de modo que tende a se esvair ao final da vivência. Na ansiedade crônica, o evento não se trata de algo materializada e real, pode se referir a uma fantasia, cujo sujeito teme. A ansiedade portanto é uma resposta angustiada de um sujeito frente a uma ameaça.

Um exemplo de ansiedade crônica foi exemplificado em vários momentos, como na cena em que Emilia se vê estressada diante da postura do William de sugerir a venda dos objetos da filha. Nota-se uma atitude, aparentemente infantil, de uma situação que ainda não havia acontecido, mas ao imaginar a dor do acontecimento, responde de forma agressiva e antecipada ao menino.

Outro conceito importante nesta teoria é a triangulação. Trata-se de um processo de relacionamento característico de um sistema familiar ansioso, envolvendo um par e um terceiro.

Bowen se vale de uma subdivisão em três níveis da triangulação: triângulo calmo, tenso e imbricados. O primeiro ocorre quando um par se vê em um determinado dilema e convida um terceiro ao tema, no entanto pelo fato de ser um par “calmo”, o terceiro ocupada uma posição de pouca utilidade e portanto desconfortável. Exemplifica-se na cena, quando Emilia ocupa o lugar de terceira em relação ao conflito entre mãe e pai, e ao ser notificada de uma conciliação entre eles, se vê em uma posição desconfortável.

No segundo caso, se refere a quanto o par de fato está tenso e com dificuldades de resolver um dilema. O terceiro é chamado por um dos dos pares para ocupar seu lugar e tentar resolver o problema no lugar deste, que por sua vez, se transfere ao lugar do terceiro como lugar mais tranquilo. Exemplo disso é quando o pai é chamado pelo filho para resolver o conflito com a madrasta.

E por fim, no terceiro caso o autor se refere a vários triângulos que se conectam em redes de triângulos, que por sua complexidade e multiplicidade, tornam-se difíceis de ser observados.

Para Bowen, os níveis de ansiedade bem como os de diferenciação do eu são transmitidos de geração para geração, através dos conceitos de transmissão multigeracional, também revelado no filme em vários momentos. Se alinha ao conceito de projeção familiar de modo que quanto maior a exposição dos filhos à ansiedade crônica dos pais, mais baixo seu nível de diferenciação e vice versa.

Sobre as implicações da teoria, Bowen diz que o objetivo básico da teoria é a ênfase da diferenciação do ego individual ou sistêmico. Para isso o clínico se coloca como administrador do ego e procura realizar a manutenção do contato emocional, porém não busca estabelecer uma transferência. Isto para evitar um possível burnout que consistiria em aumentar a ansiedade crônica do clinico no processo de empréstimo do ego a outrem.

Considerações Finais

Através do entendimento da teoria de Bowen foi possível compreender uma alternativa para compressão dos conflitos familiares sob uma nova perspectiva, à luz do objeto da família enquanto um sistema e não exclusivamente aos seus familiares, enquanto somente indivíduos. O filme trouxe elucidação através de importantes exemplos coletados em diversas cenas e para possíveis novas observações para além destas.

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