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A crise nas Ciências e a escola

Por:   •  11/1/2018  •  2.456 Palavras (10 Páginas)  •  272 Visualizações

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Os desafios no ensino das Ciências Sociais

Se no campo científico, as Ciências sociais enfrentam diversos dilemas existenciais e de afirmação, no campo do ensino é que está um desafio ainda maior e que demanda uma reestruturação do modo de fazer Ciência antes de se esperar resultados efetivos. Algumas melhoras foram notáveis, principalmente após a lei 11648/08, que tornou a Sociologia uma disciplina obrigatória no currículo escolar no Brasil (Oliveira 2011), principalmente na área de produção de artigos acadêmicos sobre o tema ensino das Ciências sociais (Handfas, 2011).

Então, já que tal área de ensino conquistou lugar importante nas produções de pós-graduação, qual seriam realmente os próximos obstáculos a serem superados? A resposta poderia estar dentro da própria sala de aula, onde acontece o dito repasse dos conhecimentos. Mas está na formação dos professores a provável raiz dos problemas que impedem um avanço em relação ao ensino de sociologia e demais ciências humanas. E indo um pouco mais a fundo neste ponto, pode-se dizer que houve certo avanço devido à mobilização acadêmica e política (Oliveira, 2007), mas falta atentar a questões ainda mais profundas, que dizem respeito ao sentido epistemológico da Sociologia escolar (Oliveira, 2011).

O que usar, e quais métodos usar para ensinar são problemas de primeira grandeza, e que dão origem a algumas possíveis considerações sobre caminhos que levem a uma metodologia e a uma epistemologia que façam jus ao que pretendem as Ciências sociais desde suas origens: o senso Crítico e a reflexão sobre a realidade.

Mas em questão de ensino, o que se vê é praticamente apenas reprodução de conteúdos e uma consolidação do que Quijano (1993) chama de colonialidade do saber. Desse modo, o que se ensina não se renova e a quem se ensina também não tem a importância devida. As individualidades são suprimidas e as realidades ignoradas, o que resulta em mais reprodução ao final desta “linha de montagem” educacional.

O não questionamento daqueles que se encontram envolvidos nesse sistema de interesses hegemônicos é o principal trunfo para a manutenção do pensamento colonial no ensino, o que se deve em grande parte a um sistema de normatização que serve de maquiagem do real propósito que a é a não crítica à ordem vigente.

Na mesma intensidade, o ensino colonizado não contempla as realidades dos alunos, os remetendo sempre a um mundo ao qual não pertencem, tornando o aprendizado desgastante e vazio de sentido. A necessidade metodológica da sociologia enquanto ciência, que exige comprovação acadêmica, anula os conhecimentos e experiências de cada indivíduo, ao marginalizar o conhecimento não acadêmico, ou senso comum.

Soluções para tal realidade foram propostas por Freire (1996), onde os atores da educação seriam os protagonistas das suas próprias narrativas. E diz ainda que:

Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque é capaz de amar. Assumir-se como sujeito porque capaz de reconhecer-se como objeto. A assunção de nós mesmos não significa a exclusão dos outros. É a ‘outredade’ do ‘não eu’, ou do tu, que me faz assumir a radicalidade do meu eu (Ibidem, p. 41).

Esta troca do que vem de fora pelo que se pode produzir aqui, poderia ser confundida com um movimento radical de negação dos clássicos já tão difundidos mundialmente, porem não é este o sentido. A perspectiva pós-colonial serve para dar um olhar mais específico sobre nossa própria realidade social, onde uma suposto desligamento ao colonialismo se daria num processo no qual produziríamos tal material científico genuinamente nosso, que seria desnecessário ter as teorias euro-estadunidenses como base.

De que vale aprender apenas o que se parece ser a História da Sociologia durante o ensino médio, se tal forma de conhecimento não instiga sequer os professores? Mas, senão desse modo, de qual?

Sobre o papel do professor na busca por um ensino descolonizado, Freire (1996) nos fala:

Em termos de prática pedagógica do professor de Sociologia, implica a necessidade de uma ruptura com um modelo que compreende que conceitos bem delimitados e dados bem coletados, falam por si mesmos: ledo engano. A aprendizagem sociológica não se limita a apreensão de uma história da Sociologia, pois demanda, antes de mais nada, a criação de uma significabilidade pedagógica a partir dos sentidos e significados presentes no espaço da sala de aula, o que nos remete a realidade do aluno e nos remete, invariavelmente, a um exercício de humildade pedagógica e epistemológica, necessárias ao fazer docente (Freire, 1996).

O que mostra mais uma vez que é possível, mesmo em meio a um sistema que obriga o uso dos conteúdos hegemônicos, cumprir um papel de provocador, passando aos alunos uma interpretação adaptada à realidade vivida por eles, e ainda os dando a oportunidade de situarem suas próprias apreensões do conteúdo às suas vivências.

Descolonizar a educação pré-acadêmica é a chave para um avanço das Ciências Sociais como um todo, e a busca de uma consciência libertadora na formação dos professores é fundamental.

Uma possibilidade de diálogo sociológico/interpessoal entre educador e educando

Levando em consideração as possíveis soluções para a realidade apresentadas por Freire (1996), o ensino libertador toma formas claras quando se comenta sobre novas possibilidades para um novo e dinâmico ensino de sociologia. Novas tecnologias e uma didática onde o professor entenda e desenvolva as potencialidades dos educando em relação a sua experiência de vida e na sua interação com o conhecimento sociológico abordado é de crucial importância, o professor abandona a imagem de voz da razão e torna-se mediador, aprendiz, e se utilizando de uma linguagem comum, tornando assim sua jornada no processo educativo mais realista e útil aos ouvidos de quem o escuta e abrindo portas para o autoentendimento e resultado de seu papel como “professor”.

Monólogo Ao Pé do Ouvido

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Chico

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