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A OPINIÃO DA MULHER, NA VELHICE, A RESPEITO DO MAL DE ALZHEIMER.

Por:   •  29/8/2018  •  4.604 Palavras (19 Páginas)  •  382 Visualizações

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Em contrapartida, temos uma diminuição gradativa no número de nascimentos em detrimento ao número crescente da população de idosos desde 1980, em que a taxa de fecundidade era de 4,06%. Já em 2015 essa mesma taxa cai para 1,59% e tem previsão de alcançar 1,5% até 2050 (IBGE, 2010). O que significa, que, a cada dia, a população brasileira ganha mais idosos e a menos crianças. Vale ressaltar que a constante atualização do ser humano em busca de novos conhecimentos e a prevalência de novos contextos sociais, faz com que a mulher não esteja mais dentro de casa, no convívio familiar, com os filhos ou junto deles, mas que esteja engajada na indústria, nos novos modelos de trabalho e acaba afastando-se do contexto “casa e família”. A consequência dessa nova realidade demonstra que a mulher contemporânea prioriza mais sua carreira profissional, escolhendo por ficar solteira ou assumir um relacionamento conjugal, mas sem a produção de filhos (Albornoz, 1986).

Levando em consideração nosso modelo atual de sociedade – cada vez mais idosa – surgiu como interesse de estudo para nosso grupo uma doença que está se tornando muito comum entre os idosos: o Alzheimer. A respeito deste assunto problematizaremos aqui, especificamente, a opinião da mulher na velhice (a partir de 60 anos) sobre o mal de Alzheimer. A expectativa de vida em nosso país, como dito anteriormente, tem projeções de um aumento eminente nos próximos 35 anos e mesmo com melhorias feitas na área da saúde, a erradicação do Alzheimer não segue a mesma proporção, visto que, até os dias atuais, é uma doença incurável. Com o aumento da expectativa de vida temos pessoas, cada vez mais, susceptíveis ao desenvolvimento desta doença, principalmente as mulheres. É sabido que existe a predisposição genética para o desenvolvimento de Alzheimer, mas também há a possibilidade de que, por viverem mais que os homens e pelo envelhecimento ser um fator importante para o desenvolvimento da doença, a mulher esteja mais facilmente propensa ao mal de Alzheimer (ABRAZ, 2015).

2 Objetivos

2.1 Objetivo geral

Compreender a opinião da mulher, na velhice, a respeito do mal de Alzheimer e como essa opinião pode interferir em sua visão sobre a vida.

2.2 Objetivos específicos

a) Identificar as principais inferências que a mulher, na velhice, possui sobre a doença de Alzheimer;

b) Identificar as principais dificuldades enfrentadas pelos portadores do mal de Alzheimer e pelo familiar-cuidador;

c) Relacionar as dificuldades enfrentadas pelos portadores de Alzheimer à construção da subjetividade da mulher idosa a respeito da doença.

3. Metodologia

Antes do início da pesquisa foi executada uma adequada avaliação da relação risco-benefício da mesma. A pesquisa foi elaborada de maneira qualitativa, e a coleta de dados foi feita através de uma entrevista semiestruturada, com cinco perguntas, a serem respondidas por uma idosa que estivesse com idade entre 60-70 anos, pelo fato de que a pesquisa deveria ser feita com pessoas que estivessem na velhice, o que corresponde a faixa etária da entrevistada.

Nossa entrevistada tem 60 anos, é auxiliar administrativa de um hospital. Foi obtido o consentimento informado para a entrevista e a garantia da preservação da privacidade da entrevistada, por esta razão, a mesma será chamada de Rosa em todo o desenvolvimento do trabalho. Para melhor entendimento dos dados e transcrição dos mesmos foi permitido pela entrevistada a gravação da entrevista, através de um gravador de voz. Para análise do conteúdo foi utilizada a proposta de Laurence Bardin, onde ocorre a escolha de categorias (palavras) mais citadas na entrevista, buscando encontrar um texto por trás de outro texto, abstraindo assim, inferências a respeito de coisas mais profundas a respeito do indivíduo (1977).

4 Análise e Discussão dos dados

A partir da análise dos conteúdos coletados na entrevista, foram encontradas as seguintes categorias: Cuidadores; Doença; Qualidade de vida; Qualificada e Tratamento.

Para a entrevistada, os cuidadores não precisam ser, necessariamente, profissionais da área da saúde, mas uma pessoa altamente qualificada, no sentido de saber lidar com todas as situações impostas pelo portador de DA. O cuidador relatado por Rosa, tem que possuir a essência do saber cuidar, de ter paciência, de entender que alguns comportamentos do portador da doença não emergem por um querer, mas por consequência de um processo progressivo de demência, causada pelo Alzheimer. Um dos pontos que a mesma também trás em sua fala, é a afirmativa de uma incapacidade, que ela teria, de cuidar de uma pessoa com DA, devido sua experiência em ter contato com cuidadores de quem tem Alzheimer e presenciar a irritabilidade que estes cuidadores demonstram em seu dia a dia: “Então, eu, particularmente, não quero cuidar de ninguém assim, só se for extremamente necessário e eu num tiver outra saída, mas eu não tenho estrutura pra cuidar.”.

O cuidador do portador de Alzheimer tem à sua frente uma difícil missão: cuidar de si e de outro indivíduo. Segundo Cayton, Warner e Grahan (2000), uma pessoa que está com demência tende a realizar comportamentos, que muitas vezes, são incompreensíveis para algumas pessoas e podem agir com agressividade. Por esta razão, torna-se imprescindível que o cuidador não chame a atenção do doente nem brigue com ele, agindo de forma compreensiva e entendendo que os problemas apresentados são provenientes da doença.

Para a entrevistada, a palavra doença remete a um conjunto de fatores que são recorrentes em portadores do mal de Alzheimer: mudança comportamental, perca de memória, oscilações de humor, causando irritabilidade e agressividade. Em outro momento, Rosa diz que a doença é degenerativa e associa o tempo como um fator agravante. Ao ser indagada sobre o que a doença significava para ela, a mesma diz: “É uma doença, assim, que dá medo na gente.” O medo relatado por ela ficou evidente em vários momentos durante a entrevista, principalmente quando se referia à qualificação que, segundo ela, os cuidadores deveriam ter e que “Infelizmente, os parentes é quem cuidam dessas pessoas e eles não têm esse entendimento.”. Como Rosa mora apenas com seu marido, talvez tenha medo de como seria sua vida se tivesse que estar no lugar de cuidadora ou de portadora da doença.

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