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Hip Hop - a verdadeira arte

Por:   •  1/1/2018  •  2.950 Palavras (12 Páginas)  •  373 Visualizações

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“Nos outros gêneros, cada um deles é medíocre, porque não é por uma arte que falam assim, mas por uma força divina, porque, se soubessem falar bem sobre um assunto por arte, saberiam, então, falar sobre todos”. (Platão, 1998, p. 53.).

E, seguindo essa premissa, em A República, Platão continua questionando a importância e ameaça dos artistas dentro da república que quer ser formada dentro dos princípios da verdade e da justiça, tentando, de toda forma, exilar qualquer chance de um contraponto que crie a anarquia, a ação sem ponderação e analise científica do ato, por isso, ele realiza uma análise, junto a Glauco, buscando delimitar o campo que a arte trabalha dentro do ser humano, fazendo uma analogia a criação das obras, colocando Deus, o marceneiro e o pintor, onde Deus criou o artefato natural, tendo, somente, um exemplo, o marceneiro que confecciona um artífice mais próximo do artefato natural de Deus e o pintor que, segundo (Platão, p. 454, 1949): “O título que me parece que se lhe ajusta melhor é o de imitador daquilo de que os outros são artífices.”, pois o que ele faz é uma cópia aparente do artífice e não um artefato real.

“Assentemos, portanto, que, a principiar em Homero, todos os poetas são imitadores da imagem da virtude e dos restantes assuntos sobre os quais compõem, mas não atingem a verdade [...] que o imitador não tem conhecimentos que valham nada sobre aquilo que imita, mas

que a imitação é uma brincadeira sem seriedade. Os que se

abalançam à poesia trágica em versos iâmbicos ou épicos,

são todos eles imitadores, quanto se pode ser.”. (Platão, 1949, p. 461-464).

E, a partir das conclusões, por perguntas e respostas dentro de uma linha de pensamento, Platão e Sócrates chegam à conclusão de que os homens tem dois lados da Alma, um que busca seguir as leis, os bons costumes e a forma de se comportar frente a sociedade, demonstrando, somente, aquilo que é cabível e respeitável, tendo sempre em mente que deve deixar para trás e superar as dores e sofrimentos, enquanto, o outro lado da alma é, justamente, o lado irracional, que faz as pessoas lembrarem dos sofrimentos, ficarem remoendo essa dor e essas lembranças problemática e que só trazem pensamentos e desejos de atitudes que fogem as doutrinas da lei e a racionalidade e, dentro de toda essa análise, Platão liga os artistas ao lado irracional, por conta das encenações de cenas que remetem ao sofrimento, aos sentimentos e a dor. Como, dentro daquela república, eles querem a razão, pessoas que agem com o lado bom da alma, ele chega à decisão de:

“Da mesma maneira, afirmaremos que também o poeta imitador instaura na alma de cada indivíduo um mau governo, lisonjeando a parte irracional, que não distingue entre o que e maior e o que é menor, mas julga, acerca das mesmas coisas, ora que são grandes, ora que são pequenas, que está sempre a forjar fantasias, a uma enorme distância da verdade.” (Platão, 1949, p. 461-464).

Toda a exposição dessa filosofia de Platão e Sócrates serviu para mapear o que ele diz, buscando, demonstrar, o quanto ele preza pela verdade e pela razão, descartando as formas artísticas, porque elas figuravam no mundo da imaginação, despertando o lado emotivo e irracional das pessoas, no entanto, transportando-o do seu tempo para a era contemporânea, ou pós-moderna, como prefira chamar, irei realizar uma correlação e demonstrar como a cultura do Hip Hop, através do Rap e do Grafite, tornaram-se a verdadeira arte, se consideradas dentro dos aspectos platônico e socrático.

- – O Hip Hop como verdadeira arte:

O Hip Hop como movimento social e musical foi criado em 1970 nos EUA, em Nova York, sendo mais preciso, no sul do Bronx. 12 de novembro de 1973 foi quando Afrika Bambaataa criou a Zulu Nation e essa data marca o início do Hip Hop, pois foi onde ele definiu que a cultura seria dividida em: MCing, DJing, B-boying e Graffit Writing.

Dentro da cultura do Hip Hop, quase que em conjunto, nasceu o Rap, caracterizado pela união do Dj e do MC, onde o Dj irá fazer as mixagens e as batidas, enquanto o MC cria as letras e as canta, no entanto, o estilo ficou conhecido e marcado por suas músicas que falavam sobre a realidade da periferia, a violência que os favelados sofriam, a vida sofrida, a fome, o racismo e outros diversos assuntos que retratavam a realidade da periferia e que os próprios artistas passavam.

E, no rap nacional brasileiro, não foi diferente, os MC’s que surgiram encontrou nesse estilo musical a chance de ter voz para falar de tudo que passavam nas periferias, para demonstrar toda a injustiça social, toda a desigualdade, de ter voz de um ponto onde ninguém dava a chance ou queria ouvir.

“Olha quem morre,

Então veja você quem mata,

Recebe o mérito, a farda,

Que pratica o mal,

Ver o pobre preso ou morto,

Já é cultural”. (RACIONAIS, 2002).

Observa-se que, na letra da música “Negro Drama” do grupo Racionais MC’s eles falam sobre a questão do racismo, da violência policial contra o negro e, ainda por cima, critica a impunidade que o policial recebe, ganhando honra ao mérito por ter cometido o homicídio, ao invés de ser punido pelo crime do mesmo assunto. Outro trecho que demonstra, claramente, fatos que ocorrem dentro das comunidades carentes do Brasil é este:

“Pra quem vive na guerra,

A paz

Nunca existiu,

No clima quente,

A minha gente soa frio,

Tinha um pretinho,

Seu caderno era um fuzil”. (RACIONAIS, 2002).

Assim como, em outro trecho, ele começa a narrar sobre a sua própria vida para demonstrar que ele é igual a todos os outros, passou pelos mesmos problemas e não fala aquilo, somente, porque ouviu dos outros.

“Família brasileira,

Dois contra o mundo,

Mãe solteira,

De um promissor,

Vagabundo,Luz,Câmera e ação,

...

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