Diálogos entre Arte e Moda
Por: Carolina234 • 1/11/2018 • 2.371 Palavras (10 Páginas) • 288 Visualizações
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Para Além de Giacomo Balla os futurista criaram todo um guarda-roupa baseado em uma técnica inédita de corte de tecidos, uso de assimetria e justaposição de formas dinâmicas em variadíssimos modelos. Estes tinham como objetivo traduzir o conceito desenvolvido na pintura e na escultura como linha-velocidade, formas-barulho, ritmos-cromáticos, simultaneidade e interpenetração de planos.
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Bolsa futurista - Giacomo Balla Terno 1920 - Giacomo Balla
Salvador Dali e Elsa Schiaparelli: O mais famoso relacionamento entre a arte e moda. Essa parceria iniciou-se em meados de 1930 e deu origem a inúmeras criações como: Tailleur-escrivaninha (1936), shoe-hat (1937), vestido-lagosta (1937) e o vestido-esqueleto (1938). Muitos Artistas souberam traduzir os postulados do Surrealismo por meio do vestuário pintando ou desenhando trajes, jóias, acessórios e estamparia, inspirados em visões oníricas e eróticas, que testemunham a ânsia de liberdade total da imaginação que lhes era própria. De Dali também são o Obejeto Escatoligico de funcionamento simbólico (1930) feito com sapatos; o Paletó de Smoking Afrodisíaco (1936), criado para Elsa; e o Costume do Ano 2045 (1950).
Os surrealistas, Duchamp, Man Ray e Ernst também estiveram envolvidos com o diálogo entre moda e arte. Nessa época também foram realizados desfiles de moda como verdadeiros espetáculos, podendo ser considerados como precursores das performances artísticas. E não raro artistas também participaram do desenvolvimento de vitrines para estilistas ou grandes lojas que tornaram-se famosas pela originalidade e, de certa forma, por serem prenúncios de ambientes e instalações que surgiram depois e constituíram um dos legados mais importantes do movimento.
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vestido-esqueleto (1938) Costume do Ano 2045 (1950)
Como observamos esse relacionamento entre Arte e Moda\Vestimenta, já possui raízes longínquas. E por vez ainda podemos citar inúmeros frutos como: Experiência nº3 (1956) de Flávio de Carvalho, os Slogan Dresses (1962) de Andy Warhol, os Parangolés de Hélio Oiticica (1964), Roupa-Corpo-Roupa de Lygia Clark (1967), o Manto da Apresentação de Arthur Bispo do Rosário, o Terno de Feltro (1970) de Joseph Beuys ou a colaboração realizada entre a companhia Rhodia e artistas e estilistas na década de 1960 que resultou em uma coleção de 79 peças, que hoje pertence ao acervo do Masp. O conjunto inclui artistas que trabalhavam com a abstração geométrica, como Willys de Castro (1926-1988), Hércules Barsotti (1914-2010), Antonio Maluf (1926-2005), Waldemar Cordeiro (1925-1973) e Alfredo Volpi (1896-1988); com a abstração informal, como Manabu Mabe (1924-1997) e Antonio Bandeira (1922-1967); com referências populares brasileiras, como Carybé (1911-1997), Aldemir Martins (1922-2006), Lula Cardoso Ayres (1910-1987), Heitor dos Prazeres (1898-1966), Manezinho Araújo (1910-1993), Gilvan Samico (1928-2013), Francisco Brennand e Carmélio Cruz; e outros associados a uma vertente da arte pop, como Nelson Leirner e Carlos Vergara. Nesse apanhado de referências conhecemos artistas que estreitaram seus laços com estilistas, artistas que desenvolveram peças de vestuário, e artistas que tornaram-se estilistas, porém, ainda evocaremos exemplos de estilistas que estreitaram seus vínculos com ambiente artístico para exemplificar e esclarecer de que forma a moda se apropria da arte como objeto expressivo e como linguagem e como essa fronteira entre o costureiro\estilista e o artista tem tornado-se mais tênue.
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Slogan Dresses 1962 - Andy Warhol Experiência nº3 1956 - Flávio de Carvalho
Com a transformação do meio artístico impulsionado pelo desenvolvimento tecnológico a arte sofreu um longo processo de transmutação. A primeira ruptura com a arte clássico foi impulsionada pela vanguardas, logo em siga houve o modernismo e hoje há inúmeros teóricos que defende a morte da arte; é impasse imensurável desenvolver um conceito que explique o que é ou não arte.
Ao longo do tempo foram desenvolvidas inúmeras teorias que buscam de alguma maneira conceituar o objeto de arte. Houve a teoria da Arte como Imitação que surgiu na Grécia Antiga; a teoria da Arte como Expressão do Séc. XIX, a teoria da Arte como Forma Significativa que nasceu no início do séc. XX e a teoria da Arte Institucional desenvolvida na déc. de 60 e defendida pelo filósofo George Dickie. Diante dessa adversidade constatamos como é complexo essa discussão que tenta premeditar o que é ou não arte.
Um desfile de moda ou uma performance?
Partindo dos conceitos levantados e investigados até agora podemos prosseguir a partir um desfile que relaciona-se estreitamente o universo do fazer artístico e da moda.
Designer, artista plástico e diretor de criação. Jum Nakao é brasileiro, neto de japoneses, e responsável por um dos desfiles de maior destaque da história do São Paulo Fashion Week.
“Em 17 de junho de 2004, no maior evento de moda da América Latina, SPFW, elaboradíssimas roupas construídas em delicado papel eram desfiladas por modelos com perucas playmobil numa performance que simulava um desfile de moda. As roupas foram confeccionadas em papel vegetal de diversas gramaturas e modeladas milimetricamente sobre os corpos das modelos de forma primorosa, filigranas entalhados manualmente reproduziam rendas, gravações em altos e baixos relevos simulavam brocados. Foram consumidas meia tonelada de papel e mais de 700 horas de trabalho. Ao final todos os vestidos meticulosamente construídos foram destruídos em cena pelas próprias modelos.” Descrição retirada do site oficial do Jum Nakao.
De acordo com o estilista a proposta do desfile A Costura do Invisível era gerar questionamentos sobre os valores que governam a atual indústria da moda, a efemeridade. O material suporte do desfile concretiza todos os signos propostos pelo conceito, ao mesmo tempo em que é frágil e efêmero, pode ser uma arma para a transformação. Para o estilista o papel é um instrumento que oferece infinitas possibilidades. O papel pode ser o instrumento de uma revolução, pode ser o rascunho de uma ideia ou pode ser a forma como você se descobre, logo o importante não é o material utilizado para a confecção, mas o que é feito com esse material. Jum Nakao acredita que o material utilizado em seus trabalhos não são modelados, são transformados e modelam as pessoas através dos valores
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