UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU ARQUITETURA E URBANISMO UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU ARQUITETURA E URBANISMO
Por: Juliana2017 • 9/9/2018 • 3.593 Palavras (15 Páginas) • 376 Visualizações
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Para Sitte, o espírito artístico e a sociedade moderna eram conceitos opostos, e não deveriam ser! Ele critica fortemente o planejamento moderno da cidade que valorizava soluções lógicas e matemáticas acima das considerações artísticas. O planejamento deve ser uma arte criativa e a interação entre prédios públicos e espaços abertos para ele é fundamental para fazer um bom planejamento.
2. BIOGRAFIA
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Imagem 1: Retrato de Camilo Sitte
(fonte: http://blogs.qu.edu.qa/)
Camilo Sitte (1843-1903) nasceu em Viena e, foi um arquiteto e historiador da arte austríaca, diretor da Escola Imperial e Real de Artes Industriais de Viena. Foi o autor do estudo urbanístico: “Construção das Cidades Segundo seus Princípios Artísticos”. Após analisar as cidades na história, Sitte propõe reavaliar a cidade através de seus espaços existentes, dando ênfase, principalmente, na função das praças. Segundo Françoise Choay (1999), seu objetivo foi o de polemizar contra as transformações de Viena e planejamento do Ringstrasse segundo princípios do Barão Georges-Eugène Haussmann. No entanto os pensamentos de Sitte não tiveram efeito sobre o destino urbanístico da capital austríaca e a concepção de Otto Wagner. Sua obra será fonte de inspiração para Patrick Geddes, Lewis Mumford.
3. CONTEXTO HISTÓRICO
Camillo Sitte desenvolve seus pensamentos em período histórico em que a sociedade sofre grandes alterações devido a revolução industrial inicialmente na Europa, na região da Inglaterra, nos séculos XVII e XIX, se expandindo para o mundo.
A produção doméstica é substituída pelo modo fabril, surgindo as grandes fabricas tendo origem com surgimento de novos materiais, como carvão mineral e a energia a vapor. Com as novas tecnologias a produção de mercadorias passa a ser acelerada e produzida em grandes escalas.
Um dos principais efeitos da revolução industrial é a chamada divisão social do trabalho que passa a estar em evidência nos séculos XIX e XX. A cidade passa a ser a expressão espacial da divisão social do trabalho.
A cidade do capitalismo industrial e da ordem liberal burguesa gera então a confecção da livre iniciativa privada, que passa a mover o mercado originando as novas classes a grande e pequena burguesia e o proletariado (operário urbano).
O surgimento do vapor, a estrada de ferro e o telegrafo impulsionaram a implantação do capitalismo originando as jornadas de trabalho e os trabalhadores passam a ser assalariados, surge então o Exército Industrial de Reserva tendo grande parte da população desempregada barateando a mão de obra, momento em que mulheres e a trabalhar em fabricas com grande jornada de trabalho e crianças passam a trabalhar no maquinário ou em formas de agilizar a circulação de mercadorias ou trabalhadores.
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Imagem 2: (Fonte: http://www.colegioweb.com.br/revolucao-industrial/invencoes.htmlv)
As cidades sofrem transformações e passar a ter um grande aumento demográfico. O sistema fabril levou um aumento no padrão de vida geral, a rápida queda das taxas de morte urbana e a mortalidade infantil decrescente produziram em explosão populacional.
As pessoas passam a dividir espaço com mercadorias e carruagens, surge os cortiços, espaços com pouca ventilação e péssimas condições higiênicas acarretando uma série de doenças para a população.
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Imagem 2: Rua de um bairro pobre de Londres (Dudley Street); gravura de Gustave Doréde 1872.
(fonte: Benevolo, 1999)
No fim do século XIX há um avanço no estudo das ciências sócias, aparecendo então a geografia urbana, história, e outras ciências que analisam a cidade urbana propondo modelos de intervenção para tentar solucionar a desordem das cidades. Surge então os pensadores políticos que estudam as cidades as criticam e sugerem novos modelos.
A arquitetura passa a ser então um elemento de representação e organização espacial das ideologias de pensamento liberal. A arquitetura tem o objetivo de superar as dificuldades que essa sociedade industrial apresenta visando responder as necessidades e problemas desta cidade gerando assim uma padronização do tecido urbano.
A industrialização trouxe muitos avanços tecnológicos, na mesma proporção que trouxe uma série de novas problemáticas gerando a necessidade de novos pensadores para criarem novos modelos e abordagens para a forma de conceber a cidade.
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Imagem 3: Garnier, Cité Industrielle: o centro - com edifícios para reuniões em forma de losango - e moradias, 1917.
(Fonte: Frampton, 1997)
4. PENSAMENTOS DE CAMILO SITTE
A idealização do Urbanismo Culturalista contextualizou a crítica feita por Camilo Sitte em relação ao cenário da cidade industrial. O seu fascínio pela cidade medieval e o estudo do modo de vida medieval, da relação entre as pessoas e os bairros remetem à nostalgia, usada como estratégia de reconquista às qualidades urbanas do passado, no qual acabaram tornando-o um dos primeiros “estetas urbanos” de sua época, ou seja, pensador com ponto de vista crítico da qualidade de vida no desenho da cidade. Apesar disso, Sitte não foi considerado um planejador de cidades.
Para Sitte, a cidade industrial acabou gerando problemas até então nunca vividos pelo homem, trazendo consequências praticamente irreversíveis à sociedade moderna, no que diz respeito ao modo de viver. Um dos fatores negativos gerados que mais o preocupava era o desaparecimento da vida cívica, do cotidiano e das formas artísticas, principalmente espontâneas, das cidades. Ou seja, o desaparecimento da relação bucólica das pessoas com a cidade, do caminhar até a feira do bairro, do uso do espaço público, inclusive da praça. Qualidade de vida esta que foi perdida na era da cidade industrial, uma vez que a dimensão da mesma não comportava mais esses hábitos de convivência.
4.1. Crítica a Urbanização da expansão da Ringstrasse (Viena)
Pode-se dizer que devido às intervenções geradas em Ringstrasse na cidade de Viena, projetadas de acordo
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