O que é cidade
Por: Kleber.Oliveira • 16/1/2018 • 1.671 Palavras (7 Páginas) • 275 Visualizações
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Ao aglomerar num espaço limitado uma numerosa população, cria o mercado. É um local onde há muitas possibilidades de troca e colaboração entre homens.
Acostumados a produzir tudo aquilo que era necessário para sobreviver, os habitantes veem a possibilidade de obter parte dos produtos necessários à sobrevivência através da troca.
Na cidade da antiguidade o tamanho dos mercados era definido pelo tamanho da extensão do domínio do território e pelos custos de transportes, assim os mercados eram somente locais, restritos a uma cidade, e a importância dele era secundária quando comparada à dimensão política. Isso se evidencia na própria posição dos mercados e mercadores nas cidades da antiguidade, eles ficavam fora dos muros, em acampamentos ou feiras.
Foi uma junção de uma série de cidades antes autônomas em impérios que criou as condições para o florescimento de uma economia propriamente urbana, onde há organização da produção baseada na divisão do trabalho entre campo e cidade e entre diferentes cidades.
Hoje, nas cidades contemporâneas, quase não há espaços que não sejam investidos pelo mercado. O mercado domina a cidade, podemos dizer até que domina o mundo. As pessoas não compram apenas para suprir necessidades básicas, como antigamente, elas compram objetos de desejo, compram casas, compram sonhos.
Essa característica de cidade dominada pelo mercado é própria de cidades capitalistas, que começaram a se formar na Europa Ocidental, ao final da Idade Média.
Na época denominada como baixa Idade Média entre o séc. x e xv a necessidade de dinheiro era cada vez maior tanto para o senhor Feudal como para o servo, e a solução encontrada era aumentar as pressões sobre o servo para aumentar o excedente, que poderia ser convertido em moeda.
Com a crise do sistema Feudal e o aumento do mercado, os servos se revoltam e migram para as cidades, gerando uma movimentação não apenas de servos, mas também, pouco a pouco, do poder.
É com a força deste trabalhador que a atividade manufatureira começa a se multiplicar. Os Burgueses começam a ter domínio, seu território era a cidade e seu poder era a fortuna acumulada com o comércio. Com isso a cidade torna-se a cidade-mundo.
As cidades crescem, o poder e a população também, a terra passa a ser mercadoria, a organização da cidade passa a ser marcada pela divisão da sociedade em classes.
Surgi então a segregação, que são territórios específicos e separados para cada grupo social, separação das funções morar e trabalhar, desigualdade de tratamento por parte das administrações locais, evidente em todos os lugares.
Basta apenas uma voltinha em São Paulo para se deparar com infinitas formas de segregação, em um instante você está em locais luxuosos, com mansões, hotéis de luxo, escritórios, lojas e edifícios bem projetados, de repente depara-se com locais mais simples, mais pobres, bairros sem luz, água, esgoto, evidencias explicitas desta política discriminatória por parte do poder público.
Fica claro também a separação das funções morar e trabalhar, facilmente decifrado em apenas um olhar.
E então fica mais que evidente a desigualdade social relacionada não apenas em São Paulo, mas em todo o Brasil.
Na Idade média não existia essa segregação, o mesmo local onde se morava também era sua oficina e residência dos aprendizes. Com o passar do tempo, a moradia passa a não ser mais uma unidade de produção por que os bens que nela eram produzidos se compram no mercado, então você trabalha em um local, e mora em outro, foi implantado também uma reorganização espacial, ruas se redefinem em vias de passagem de pedestres e veículos, a casa se volta para dentro de si, e é assim até os tempos de hoje.
Sabemos que antigamente as cidades não eram projetadas e nem estudadas, na era renascentista há uma emergência do plano de estratégia de exercício do poder urbano e então surge as cidades imaginárias chamada ‘cidade ideal’, uma cidade com circulação de fluxos, a ordenação matemática, com regularidade e repetição, e uma cidade organizada, planejada, sem males, que até hoje seduz os defensores do planejamento urbano.
A valorização ou desvalorização de uma região depende dos investimentos públicos e privados em um determinado espaço.
As grandes obras públicas, locais que viram shoppings, indústrias, entre outros, alteram substancialmente o mercado imobiliário, assim as grandes obras públicas de redesenho da cidade funcionam como territórios reconquistados ou frentes pioneiras para o capital imobiliário. Reforma de bairros antigos interpreta-se pelo capital imobiliário como uma retomada de espaço que tem potencial para gerar uma renda maior. Trata-se então de uma atualização da renda fundiária.
É comum visitar locais onde eram frequentados na infância e notar a evolução, a diferença, o crescimento da cidade. Hoje em dia vê-se muito a construção de prédios de baixo, médio e alto porte, de sobrados, condomínios gigantescos onde antes existiam casas.
Com essas alterações, alteram também os preços, dividindo os locais por classe social, essa diferença é causada, antes de mais nada, pelo superequipamento de um e a falta de infra-estrutura do outro.
Não podemos esquecer que ao analisar a cidade capitalista temos a força poderosa que dá ritmo e intensidade a estes movimentos, a indústria.
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