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O andar com experiencia estética

Por:   •  23/8/2018  •  8.453 Palavras (34 Páginas)  •  256 Visualizações

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Essa incerteza com respeito à arquitetura tem suas origens na infância da humanidade. As das grandes famílias em que se divide o genero humano vivem duas especialidades distintas: a da tenda colocada sobre a superficie terrestre sem deixar nela vestígios persistentes. Essas duas maneiras de habitar a Terra se correspondem com dois modos de conceber a propria arquitetura: uma arquitetura entendida como construção física de espaço e da forma, contra uma arquitetura entendida como percepção e construção simbólica de espaço. se observamos as origens da arquitetura através do binomio nomades-sedentarios, parece como se a arte de construir o espaço – ou seja, isso que que normalmente é chamado de “arquitetura” – foi em sua origem uma invenção sedentaria que foi evoluído desde a construção dos primeiros povoados agrícolas e a das cidades e os grandes templos. Segundo a opinião mais comum, a arquitetura havia nascido a partir da necessidade de um “espaço do estar” em contraposição ao nomadismo, entendido como “espaço do andar”.

Na realidade, a relação entre arquitetura e nomadismo não pode se formular simplesmente como “arquitetura ou nomadismo”, sendo que se trata de uma relação mais profunda, que vincula a arquitetura ao nomadismo através da noção de viagens. Em efeito, é muito provavel que o nomadismo e o “errabundeo” que deu vida à arquitetura, ao fazer emergir a necessidade de uma construção simbólica de paisagem. Tudo isso começou antes do nascimento do mesmo conceito de nomadismo, e se produziu durante los “errabundeos” intercontinentais dos primeiros homens do paleolítico, muitos milênios antes da construção dos templos e das cidades.

Espaço nômade e espaço errático

A divisão do trabalho entre Caín e Abel deu lugar a duas civilizações distintas, apesar de não completamente auto-suficientes. Na realidade, o nomadismo se desenvolve em contraposição, mas também em osmose, com o sedentarismo. Os agricultores e os pastores tinham necessidade de um intercambio constante de seus produtos, assim como um espaço neutro, aonde fosse possível dito intercambio. O Sahel compre exatamente essa função: é o borde de um deserto onde se integram o pastoreio nômade e a agricultura sedentária, formando uma margem instável entre a cidade sedentária e a cidade nômade, entre o cheio e o vazio. Gilles Deleuze e Félix Guattari descreveram essas duas especialidades distintas por meio de uma imagem muito clara: “o espaço sedentário está “estriados” por muros, recintos e caminhos entre esses recintos, enquanto que o espaço nômade é liso, marcado tão só por uns traços que se suprimem e reaparecem com as idas e vindas”.

Em outras palavras, o espaço sedentário é mais denso, mais sólido e, por tanto, é um espaço cheio, enquanto o espaço nômade é menos denso, mais liquido e, por tanto, é um espaço vazio. O espaço nômade é um vazio infinito desabitado e normalmente impraticável: um deserto onde é difícil orientar-se, como um imenso oceano onde o único vestígio reconhecível é a “estela” deixada pelo andar, um vestígio móvel e evanescente. A cidade nômade é o próprio caminho, o signo mais estável no interior do vazio, e a forma daquela cidade é a linha sinuosa traçada pela série de pontos em movimentos. Os pontos de partida e de chegada têm um juros relativo, enquanto que o espaço intermediário é o “espaço do andar”, a mesma essência do nomadismo, o lugar onde se celebra cotidianamente o rito do eterno errar. Do mesmo modo que o caminho sedentario estrutura e da vida à cidade, o nomadismo assume o caminho como lugar simbólico onde se desenvolve a vida da comunidade.

A cidade nomade não é a “estela” de um passado marcado como um vestígio sobre o terreno, mas um presente que , de vez enquando, ocupa aqueles segmentos do território naqueles que se produz o deslocamento; aquela parte de paisagem andada, percebida e vivida no hic et nunc da transumância. A partir daí, o território é lido, memorizando e mapeando em seu “devenir”. Graças a ausencia de pontos de referencia estáveis, o nomade desenvolveu uma capacidade para construir a cada instante seu próprio mapa. Sua geografia sofre uma mutação contínua, se deforma no tempo em função do deslocamento do observador e da perpetua transformação do território. O mapa nomade é um vazio no qual os caminhos conectam, poços, Oasis, lugares sagrados, terrenos aptos para o pasto, e espaços que se transformam a grande velocidade. É um mapa que parece refletir um espaço liquido de onde os fragmentos cheios do espaço do estar “flotan” no vazio do andar e de onde uns caminhos sempre distintos são identificados até que o vento “los borre”. O espaço nomade está cercado por vetores, por flechas instáveis que se parecem mais nas conexões contemporâneas que a dos traçados: no mesmo sistema de representação do espaço que aparece na planta de um povoado paleolítico escavado na rocha da Val Camonica, nas plantas dos walkabout dos aborígenes australianos ou nos mapas psicogeógrafos dos “situacionistas”.

Se para os sedentários os espaços nômades são vazios, para os nômades aqueles vazios não resultam tão vazios, mas que estão cheios de vestígios invisíveis: cada deformação é um acontecimento, um lugar útil para orientar-se e com o qual construir um mapa mental traçado com uns pontos (lugares especiais), umas linhas (caminhos) e umas superfícies (territórios homogêneos) que se transformam com o passar do tempo.

A capacidade de saber ver no vazio dos lugares e, por tanto, de saber nomear esses lugares, é uma faculdade aprendida durante os milênios que precedem o nascimento do nomadismo. Na realidade, a percepção/construção do espaço, nasce com os errabundeos realizados pelo homem na paisagem paleolítica. Se bem no primeiro períodos os homens podiam aproveitar os caminhos abertos entre a vegetação pelas migrações “estacionales” dos animais, é muito provável que a partir do momento “dado empezasen” a abrir novas pistas por sua conta, aprender a se orientar a partir de referencias geográficas e, finalmente, deixaram na paisagem um signos de reconhecimento cada vez mais estáveis. A historia das origens da humanidade e a historia do andar, a história da migrações dos povos e dos intercâmbios culturais e religiosos que tiveram lugar durante os trânsitos intercontinentais. As incessantes caminhadas dos primeiros homens que habitaram a terra se deve o início da lenta q complexa operação de apropriação e mapeamento do território.

O walkabout – palavra intraduzível, só compreensível no sentido literário de “andar sobre” ou “ andar

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