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O PROBLEMA DA EXTRINSECAÇÃO FÍSICA DA ARTE

Por:   •  3/12/2018  •  4.040 Palavras (17 Páginas)  •  414 Visualizações

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_Resumo TA – Os problemas da estética

Pareyson

Em “Os Problemas da Estética”, Pareyson desenvolve o capítulo 8 titulado de Matéria Artística por meio de tópicos que considera relevante para o entendimento do papel da própria matéria artística. Cada tópico aborda questões referentes ao processo de concepção da arte até sua extrinsecação física além de elementos que a configuram como tal.

- O Problema da Extrinsecação Física da Arte

Pareyson inicia expondo a antiga distinção entre as artes liberais e artes servis. Sendo que, estas requerem um corpo para sua executabilidade manual em que elas consistem – escultura e pintura – de modo que a notabilização destas se deu pela atenuação do aspecto executivo e manual e uma reivindicação do seu caráter interior e espiritual. O processo de espiritualização teve início no Renascimento e culminou no Romantismo, de modo que, posteriormente, retornou-se à concepção antiga da arte como fazer.

Desde então, delineia-se uma antítese no modo de conceber a produção da obra artística, tendo de um lado a acentuação da criatividade puramente interior, até a desvalorização de qualquer aspecto extrinsecativo; do outro, a reivindicação cada vez mais resoluta do aspecto executivo da arte, até a exaltação do puro ofício e a redução da arte a uma forma de artesanato.

De Schopenhauer a Croce a arte é uma atividade puramente interior e espiritual: é essencialmente conhecimento, contemplação e intuição e sua produção se esgota na figuração de uma imagem puramente interna, e com esta nada tem a ver a atividade sucessiva, que exterioriza num corpo físico. Em contrapartida, muitas correntes francesas contemporâneas levantaram uma teoria que reivindica o caráter corpóreo e físico da obra de arte. O que era necessário reivindicar era o caráter artístico da extrinsecação, no sentido de que toda operação destinada a dar um corpo à imagem faz parte integrante do processo artístico, longe de ser artisticamente indiferente, ou secundária, ou supérflua.

Assim, a figura da arte é expressão do sensível, matéria, coisa. A valorização do externo, por sua vez, acaba colocando em detrimento, em um outro momento, a própria mensagem interior anteriormente discutida. A arte fica mediada, portanto, por vários paradoxos: ou é sonho ou é artesanato, ou tecnica ou espiritualidade, ou fantasia ou ofício.

Entretanto, para o autor, a possibilidade de explicação da arte só é possivel pelo fato de mostrar como na arte a figuração interior, atividade espiritual, e idealidade , longe de contrapor, suceder ou anular a operação executiva, extrinsecação física e sensibilidade e vice-versa, se coincidem sem resíduos.

- Necessidade da Extrinsecação Física da Arte

A arte é necessariamente extrinsecação, visto que só e precisamente por seu caráter físico e sensível ela se especifica, distinguindo-se da artisticidade genérica que é inerente a toda a vida espiritual. Neste ponto, a beleza não é sensível, é puramente intelectual, pois mesmo havendo beleza ou caráter em uma virtude, pode-se não dizer nada a respeito à obra de arte propriamente dita. Entretanto, a beleza artística é sempre sensível, pois a presença de um elemento sensível é que torna possível a especificação da arte, pois a arte propriamente dita tem necessidade de uma matéria como amparo para sua especificação.

O corpo físico é indispensável para a arte, pois ele não é apenas um instrumento de comunicação mas sim a realidade da obra, a sua existência viva. O artista pretende dar vida a uma forma que viva por si só, que tenha autonomia e se configure como uma coisa entre coisas, não se restringindo a apenas a almejar e sonhar. O corpo físico é fundamental para se compreender o valor artístico e qualitativo da obra de arte.

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Para o autor, o ato artístico é todo extrinsecação e o corpo de uma obra de arte é toda sua realidade. O corpo físico se basta e constitui como totalidade da arte, o que não quer dizer que se nega sua espiritualidade, que deve ser vista no mesmo aspecto físico. Não se deve distinguir a alma espiritual do corpo físico – realidade oculta e invólucro exterior, e sim encontrar uma coincidência de espiritualidade e fisicidade. Aquilo que é profundo, não é o que se deve encontrar atrás, dentro ou além do aspecto sensível da obra, mas sim estar evidente na sua matéria definida. Seu rosto é sua realidade.

4.

A matéria, no que diz respeito ao ramo das artes, pode ser interpretada de duas maneiras: a matéria pode ser considerada tudo aquilo que existe antes do artista, seja sua espiritualidade, ideais, conviccções e sentimentos que conduzem a formalização de uma obra de arte, mas também pode fazer referência ao aspecto físico, os materiais em si, responsáveis pela extrinsecação artística. A matéria como forma física, se aplica, por exemplo, ao som emitido pela música, as cores para a pintura, o mármore para a escultura, entre outros. Entretanto, ambas concepções não satisfazem o autor, pois guardam uma certa unilateralidade, já que as mesmas banalizam e, por sua vez, reduzem a arte ao conceito do artista ou a pura fisicidade.

Por fim, alega que a primeira interpretação de matéria é completamente insuficiente, já que a mensagem, a espiritualidade, a individualidade do artista exprimem questões que condizem com o conteúdo de uma obra. Nessa realidade proposta por Pareyson, também se faz necessário entender os "meios expressivos" que fazem alusão a realidade física e a "linguagem artistica", estrutura técnica da obra de arte, responsável pela transmissão da mensagem.

Conclui-se como matéria da arte, portanto, a natureza física dos elementos que compõe uma obra de arte, pois já carregam uma carga espiritual ou uma vocação de forma oferecidas pela propria natureza. Assim sendo, o som em sua existência formal como capacidade humana é a matéria bruta das palavras, da expressão e, portanto, são base para as formas artísticas que se manifestam através da própria palavra. A ótica, a acústica, a estática, entre outras atividades demarcam manifestações da matéria bruta, estrutural, o que a posteriori pode se transfigurar e ganhar forma artística.

A matéria da arte tem sempre uma destinação e um objetivo. Também tem como característica o uso comum, já que muitas vezes tem como fim não só a expressão e

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