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Identificação da Obra: Saber ver a Arquitetura

Por:   •  14/3/2018  •  1.676 Palavras (7 Páginas)  •  377 Visualizações

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Em cada edifício, o continente é o invólucro mural e o conteúdo é o espaço interior.

Continente e conteúdo se diferem claramente e, com freqüência, o invólucro mural foi objeto de preocupações e trabalho que o espaço arquitetura.

A descoberta da perspectiva poderia levar os artistas a acreditarem que possuíam finalmente as dimensões da arquitetura e o método de representá-las, com ela, foi possível representar os ambientes interiores e exteriores, quando a reprodução de fotografias se tornou comum, o que facilitou a sua difusão em massa.

Porém, quando tudo parecia claro e alcançado, a mente humana descobriu que além das três dimensões, existe a quarta, e foi a revolução cubista que a revelou. O outro elemento é o deslocamento sucesso do ângulo visual, o tempo.

Os cubistas não pararam por aí, em cada fato corpóreo, além da forma externa, há o organismo interno, assim como além da pele, existem os músculos e esqueletos.

Esta descoberta cubista foi de grande alcance histórico, independente da estética das pinturas cubistas, em arquitetura existe o mesmo elemento: o tempo.

Assim o problema pareceu mais uma vez solucionado, como na descoberta da perspectiva. Porém, em arquitetura o fenômeno é diferente da pintura e escultura, pois o homem move-se no edifício e estuda os pontos e vista, cria, a quarta dimensão, dando ao espaço a realidade integral.

A quarta dimensão define o volume arquitetônico, o invólucro mural encerra o espaço, que é a essência da arquitetura e transcende os limites desta dimensão.

Então, quantas dimensões tem este espaço arquitetônico? Cinco, dez? Talvez infinitas, basta estabelecer que este não se define como a pintura e a escultura. A esse ponto, a pergunta “O que é arquitetura” já encontrou sua resposta. A melhor definição para a arquitetura é a que preza o espaço interior. A bela arquitetura será a que tem um espaço interior que nos atrai, nos eleva, nos subjuga espiritualmente. A arquitetura feia será aquela que tem um espaço interior que nos aborrece e nos repele.

A experiência espacial arquitetônica só é possível no interior do edifício e o espaço não somente é o protagonista da arquitetura, mas esgota a experiência arquitetônica.

A experiência espacial própria da arquitetura prolonga-se na cidade, ruas e praças, onde quer que a obra do homem haja limitado vazios, isto é, tenha criado espaços fechados. Uma auto-estrada retilínea pode não ser uma experiência arquitetônica, mas é um espaço urbanístico.

Então, todos os temas que excluímos como arquitetura, entram em jogo na formação dos espaços urbanísticos: o que interessa é sua função como determinantes de um espaço fechado. Nesta conceituação, magníficas obras de arquitetura podem limitar um péssimo espaço urbanístico, e vice-versa.

Ao dizer que o espaço interior é a essência da arquitetura, não significa que o valor de uma obra arquitetônica se esgota em seu valor espacial. Se for correto que uma bela decoração nunca criará um espaço bonito, também é verdade que um espaço satisfatório, quando não complementado por um tratamento adequado das pares que o encerram, não cria um ambiente artístico, pelo menos enquanto a decoração não for renovada. Após um século de arquitetura predominantemente decorativa, baniu-se a decoração dos edifícios, insistindo na tese de que os únicos valores arquitetônicos legítimos são os volumétricos e espaciais.

A arquitetura racionalista preocupou-se com a volumetria e o movimento orgânico se fiou nos espaciais. Passados vinte anos de nudismo arquitetônico, de desinfecção decorativa, a decoração está entrando de novo na arquitetura, e é justo que assim seja.

Se a decoração tem importância, se a escultura e a pintura, excluídas inicialmente voltam ao campo da arquitetura, para que serviu todo este discurso?

Não somente para descobrir novas idéias, mas para orientar as existentes e todos pressentem.

Mas como isto acontece? Não indistintamente. Relacionam-se na equação arquitetônica, nos lugares de substantivos e adjetivos.

A história da arquitetura é, antes de tudo, a história das concepções espaciais. O julgamento arquitetônico é fundamentalmente um julgamento sobre o espaço interior dos edifícios. Se ele não pode ser expresso pela falta de espaço interno, como o arco de Tito, a coluna e Trajano, passa a integrar, como conjunto volumétrico, a história do urbanismo.

Se o julgamento sobre o espaço interior for negativo, o edifício faz parte da não-arquitetura, ou da má arquitetura mesmo que, mais tarde os seus elementos decorativos possam ser abrangidos pela história escultórica.

Se o julgamento sobre o espaço de um edifício for positivo, este entra na história da arquitetura, mesmo que a decoração seja ineficaz.

Quando, por fim o julgamento sobre a concepção espacial de um edifício, sobre sua volumetria e seus prolongamentos decorativos, for positivo, encontramo-nos então junto das grandes e íntegras obras.

“O fato de o espaço, o vazio, ser o protagonista da arquitetura é, no fundo, natural, porque a arquitetura não é apenas arte nem só imagem de vida histórica ou de vida vivida por nós e pelos outros; é também, e sobretudo, o ambiente, a cena onde vivemos a nossa vida”.

CONCLUSÃO

Analisando todo este capítulo, pode-se afirmar o autor tem um apurado senso crítico, o que faz com que leitura desperte a curiosidade de lê-lo até o final. Zevi faz considerações importantes aos iniciantes do estudo da arquitetura, como a revelação da quarta dimensão além da perspectiva, e uma verdadeira aula sobre o assunto principal do capítulo, o espaço, o vazio, o verdadeiro protagonista da arquitetura.

Cabe

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