Françoise Choay - O Urbanismo em Questão

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Essas relações não se estabelecem somente no campo analisado por Choay em “O Urbanismo”. Os embates entre os diferentes tipos de urbanismo são comuns e suas discussões vão além da esfera temática cidade-indústria, como aqui abordado, abrangendo também questões relativas ao espaço-tempo, cada qual problematizada à sua maneira. Como, por exemplo, para Camillo Sitte[2]:

A principal causa da total impossibilidade de um efeito coeso no conjunto urbano é a interrupção contínua das ruas por perpendiculares muito largas, de maneira que, tanto à esquerda quanto à direita, nada resta além de blocos isolados de edifícios. (SITTE, 1992 p. 96)

Camillo entende que o urbanismo progressista é frio e insensível e suas propostas buscam sanar o que ele caracteriza como a “carência e qualidade estética da cidade contemporânea”. Já para adeptos a outras visões do movimento moderno, tal como Le Corbusier, “o homem moderno dever aplicar a reta como única direção e não se deixa levar pelo acaso, e não traçados irregulares (racionalismo absoluto)”[3].

As teorias que buscam embasar o urbanismo são inúmeras e podem variar de acordo com o período estudado. Porém, o tempo histórico não é determinante quanto às convergências de opiniões relacionadas ao estudo em questão, Camillo Sitte e Viollet Le-Duc possuem décadas de diferença entre suas principais obras, no entanto, ambos compartilhavam de uma obsessão pela busca de uma arquitetura verdadeiramente contemporânea, propondo-se a identificar os caminhos de uma real criação que correspondesse às exigências da sociedade industrial. Essa mesma relação, entretanto, já não pode ser observada entre os contemporâneos Sitte e Le Corbusier, pensadores de teorias absolutamente contrárias e dogmáticas.

Conclusão:

Os modelos de urbanismo atendem aos mais variados movimentos desde o início de sua teorização. São importantes pois, em sua maioria, evidenciam o modo de pensar do período estudado. Atualmente, assim como no período moderno, é possível notar a dificuldade de encontrar um plano urbanístico adequado para as nossas cidades e as críticas levantadas no passado ainda hoje se fazem presentes. Existe então um modelo de urbanismo fixo e ideal? Creio que não. Para mim, assim como as cidades, os modelos de urbanismo são mutáveis, ora baseados no passado, ora fixados em um futuro, adequando-se assim às necessidades de cada local.

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