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CURSO DE GESTÃO URBANA E DE CIDADES.

Por:   •  21/12/2017  •  1.552 Palavras (7 Páginas)  •  389 Visualizações

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Mas além desses fatores econômicos e sociais existem faotres culturais e políticos que explicam a revalorização da cidade. Mito ou realidade, a cidade aparece como o lugar das oportunidade, das iniciativas e das liberdades individuais e coletivas. O lugar da privacidade mas também da participação política. “ Ontem, na manifestação dos grevistas, me senti pela primeira vez em muitos anos um cidadão”, declarou um manifestante, em Paris, maio 1997.

A cidade é além disso, talvez o mais importante, o continente da história, o tempo aprisionado no espaço, a incitação ao passado e a memória do futuro, ou seja é o lugar onde se produzem os projetos de futuro que dão sentido ao presente. A cidade é o patrimônio coletivo em que redes, edifícios e monumentos combinam com recordações, sentimentos e momentos comunitários. Não parece que as pessoas, muitas pessoas, vão renunciar facilmente a tudo isso.

Finalmente se concluimos que na cidade, ou melhor nas áreas urbanas se confrontam dinâmicas contraditórias e que as políticas urbanas, que significam responsabilidade política, profissional e de agentes econômicos e sociais, podem impulsionar algumas dinâmicas e reduzir outras, então a questão dos valores culturais e dos objetivos políticos se convertem na questão decisiva de nosso presente e de nosso futuro urbano.

Como recordava recentemente Michael Cohen (1997), dirigindo-se aos responsáveis pela política urbana de Buenos Aires, o que deve ser buscado antes de qualquer coisa é : quais são os valores que orientam sua ação, onde queremos chegar, que modelos de vida urbana se propõem aos cidadãos.

Se como se disse tantas vezes a política é pedagogia e a cidade é política, parece lógico buscar a dimensão pedagógica do urbanismo, ou seja a estratégia urbana como um grande projeto educativo.

Portanto, vamos sintetizar aqui, ainda que esquematicamente, os desafios atuais das políticas urbanas para concluir com os direitos e responsabilidades dos cidadãos, deduzidos das respostas que são propostas. Mas antes veremos rapidamente até que ponto e para quem a cidade é hoje uma iniciação à vida.

A cidade como uma aventura inaugural

A cidade conquista se é conquistada. E portanto deve oferecer os meio indispensáveis aos seus cidadãos – conquistadores. Ou seja a cidade é uma aventura de iniciação a que todos temos direito. As liberdades urbanas são, sem dúvida, mais virtuais que reais. Uma primeira aproximação à cidade é analisar sua complexa oferta em termos de inclusão- exclusão.

A quem inclui ? A quem exclui ? Quem tem acesso às oportunidades que ela oferece de formação e de informação, de trabalho e de cultura ? Como se tem acesso a moradia ? Viver em um bairro ou outro oferece possibilidades similares ? As centralidades são igualmente acessíveis ? As novas tecnologias de comunicação por acaso não integram alguns e excluem outros ?

(...)

As perguntas são quase infinitas. O que importa é perceber os processos urbanos desde o ponto de vista que considere a relação exclusão- inclusão, assim como crescimento economico e sustentabilidade, governabilidade e mobilização social, etc.

A cidade como aventura de iniciação é uma maneira, não a única, por certo, de apreender o meio urbano e suas dinâmicas físicas, econômicas e culturais desde estes pontos de vista. A cidade sofre hoje uma crise que se expressa mediante um paradoxo, ou quem sabe duas contradições.

A primeira. Nunca provavelmente na história as “ liberdades urbanas” haviam sido teoricamente tão diversas e tão extensas como agora – heterogeneidade do mercado de trabalho, mobilidade em um espaço regional metropolitano, ofertas múltiplas de formação, cultura e estacionamento, maiores possibilidade de escolher as áreas e o tipo de residência, eetc. E sem dúvida a realidade cotidiana da vida urbana nega a muitos, e as vezes a todos, essas liberdades – segmentação do mercado de trabalho e desemprego estrutural para certos faixas etárias, engarrafamentos e inusficiência ou má qualidade do trasnporte público, no acesso a ofertas culturais e lúdicas devido a falta de informação, de meios de trasnporte ou econômicos, inadequação das ofertas de moradias, pobreza e/ou privatização dos espaços públicos, etc.

A Segunda. A cidade atual oferece, ou assim parece, um arsenal enorme de sistemas que deveriam proporcionar proteção e segurança. Nunca haviam existido tantos centros assistenciais ( sanitários e sociais) e educativos, tantas polícias públicas e privadas, tantas administrações públicas atuantes no território, tantas organizações cívicas, profissionais ou sindicais, etc. E sem dúvida, a insegurança, a incerteza, o medo inclusive, caracterizam o cotidiano urbano. Já não se sabe o que é cidade ou não ( a cidade difusa), a selva administrativa é incompreensível ou inacessível para muitos cidadãos ( p. ex. a justiça), a educação não conduz ao trabalho remunerado, os sistemas de previdência social quando não se reduzem se anuncia sua quebra para o futuro próximo, a insegurança urbana subjetiva conduz ao medo da agorafobia, a maioria dos jovens não parece interessada em partidos políticos ou associações, etc.

Vivenciar a cidade (...) supõe assumir o risco de seu descobrimento e de sua conquista, segundo BORJA ( 1990) . Descobrir o território

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