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MONOCULTURAS NO PANTANAL E POSSÍVEIS IMPACTOS NA POLINIZAÇÃO E PRODUÇÃO DE MEL

Por:   •  21/9/2017  •  5.347 Palavras (22 Páginas)  •  555 Visualizações

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Villas-Bôas assim define polinização:

É o ato da transferência de células reprodutivas masculinas ou seja, grãos de pólen que estão localizados nas anteras de uma flor para o receptor feminino (ou estigma) de outra flor. Pode-se dizer que a polinização é o ato sexual das plantas. Este processo, em especial o transporte de pólen, é realizado durante as visitas das abelhas às flores para coleta de alimento (VILLAS-BÔAS, 2012, p.12).

O mesmo autor fala da importância da polinização para o equilíbrio do ecossistema:

Sem polinização, as plantas não produziriam sementes e frutos, e não se reproduziriam para garantir o crescimento e a sobrevivência da vegetação nativa, ou a produção de alimentos. Se por um lado as abelhas são fundamentais para a sobrevivência das plantas, estas são imprescindíveis para a sobrevivência das abelhas, já que lhes oferecem alimentação e moradia. O pólen e o néctar são os alimentos oferecidos pelas flores. O pólen é a principal fonte de proteínas, lipídios e vitaminas para as abelhas, enquanto o néctar trans formado em mel é a principal fonte de carboidratos e energia (VILLAS-BÔAS, 2012, p.12).

Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera, o pantanal é considerado como o bioma mais preservado no Brasil, entretanto vem sofrendo com a substituição natural de campos alagáveis por plantas invasoras arbustivas (HARRIS et al., 2005), aumentando consideravelmente as possibilidades de diminuição dos polinizadores.

Além disso, nos últimos anos, as cordilheiras (lugares mais altos) vêm sofrendo alterações na atividade econômica. A pecuária extensiva, símbolo do pantanal, considerada atividade sustentável, vem sendo gradativamente sendo substituída pelo cultivo de monoculturas[1].

Relatório de pesquisa estimando a perda da área natural da Bacia do Alto Paraguai e Pantanal Brasileiro afirma que:

(...) a situação da BAP, e, por conseguinte do Pantanal, é crítica e preocupante. O impacto imediato da supressão da vegetação original da Bacia do Alto Paraguai é a perda de biodiversidade, pois recursos como abrigo, alimento e locais de reprodução oferecidos pelas florestas e demais tipos de vegetação às espécies animais não estarão mais disponíveis (HARRIS et al., 2005, p. 24 ).

O manejo inadequado do bioma reduz os hábitats da população de animais silvestres, que dependem destes lugares como refúgios durante as enchentes. Sem esses refúgios os animais ficam desprotegidos, tornando-se vítimas fáceis de caçadores.

Considerando o contato direito dos insumos inerentes à produção em larga escala com um ecossistema complexo como o pantanal, resulta em uma situação nada animadora do ponto de vista biológico, principalmente o uso de agrotóxicos pulverizados por aviões ou tratores.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Por longos anos a economia no pantanal foi baseada na pecuária extensiva, turismo e pesca. Atividade iniciada em 1737, caracterizada quase sempre pelo uso de técnicas rudimentares ou tradicionais na produção para subsistência, a pecuária extensiva contribui na conservação do pantanal, visto que os criadores usam a vegetação nativa para alimentar o gado fazendo o manejo dos animais que estão adaptados aos ciclos da cheia e seca (BALSAN, 2006).

Para Balsan (2006), o solo é um dos recursos naturais mais afetados pelo modelo intensivo de agricultura, considerando o desconhecimento das suas características e propriedades e o descaso quanto à sorte das futuras gerações.

A utilização de técnicas modernas na produção agrícola traz sérios impactos ao bioma pantaneiro naturalmente composto por várias espécies de plantas, e micro organismos presentes no solo. Considerando o contato direito dos insumos inerentes à produção em larga escala com um ecossistema complexo como o pantanal, resulta em uma situação nada animadora do ponto de vista biológico, principalmente o uso de agrotóxicos pulverizados por aviões ou tratores.

Segundo Spivak (1998), grande demanda por terras para cultivo de monoculturas, como de cana de açúcar, soja, algodão dentre outros, criam desertos verdes onde as espécies nativas como as abelhas não encontram alimento. E se encontram, estão contaminados por agrotóxicos causando problemas nas colméias. O cultivo de uma única espécie vegetativa em grandes áreas é fator de enfraquecimento do solo pós-colheita em que o processo natural de reciclagem dos nutrientes é ceifado, necessitando cada vez mais de adubação química.

A Lei nº 7.802 de 11.07.89 da Presidência da Republica, define agrotóxicos como sendo:

produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantada, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora e da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes estimuladores e inibidores do crescimento (BRASIL, 1989).

É crescente e preocupante uso dos herbicidas, fungicidas, inseticidas e demais agrotóxicos associados às monoculturas. O herbicida glifosato largamente usado na soja transgênica, por manter a lavoura sem pragas, podendo aplicado em qualquer fase do desenvolvimento, começou a ser usado no Brasil em 1997, mas, sua liberação aconteceu somente em 2003, por pressão dos produtores do Sul. O informativo sobre biotecnologia em Grãos Céleres, mostra a evolução da produção de soja transgênica no Brasil com cerca de 90% da áreas plantadas neste modo de cultura. Este aumento na produtividade alterou o ranking mundial de produtores, fazendo-nos disputar atualmente com os EUA, o posto de maior produtor mundial de grãos (GALVÃO, 2013).

Para Amaro (2006), o uso de inseticidas sem critério técnico, afeta a micro fauna e o desenvolvimento dos insetos do ecossistema. Geralmente usados em grandes áreas cultivadas, estes produtos são pulverizados podendo espalhar se por áreas de matas nativas provocando inúmeros desequilíbrios ambientais.

O estado de Mato Grosso, grande produtor de grãos do Brasil é também, um dos maiores consumidores de agrotóxicos.

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