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MANEJO INTEGRADO DO ÁCARO TETRANYCHUS URTICAE KOCH (ACARI: TERTRANYCHIDAE) EM CULTURA DE PIMENTÃO CAPSICUM ANNUUM L.

Por:   •  22/5/2018  •  4.831 Palavras (20 Páginas)  •  365 Visualizações

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populacional da praga. (COSTA et al.,2007).

Os sinais sobre as plantas são facilmente reconhecidos, pois T. urticae produz teia que os protege de seus predadores, uma vez que muitos destes não conseguem movimentar-se entre os fios da teia, impedindo o estabelecimento de outra espécie no mesmo lugar, como por exemplo, Panonychus ulmi, que não se estabelece em áreas ocupadas por T. urticae. A teia produzida em grande quantidade, os protege também da ação das chuvas, dificultando que gotículas atinjam a colônia, além de facilitar o encontro da fêmea pelo macho e a dispersão dos ácaros. (MORAES; FLECHTMANN, 2008).

Os T. urticae, popularmente conhecidos como ácaros rajados, são considerados pragas agrícolas, pois se alimentam perfurando com os estiletes principalmente as células da epiderme foliar abaxial de folhas jovens da parte apical das plantas, nos brotos terminais, sugando o conteúdo celular e os cloroplastos, impedindo a realização da fotossíntese, sobrando apenas uma pequena quantidade de material celular residual que coagula formando uma massa branco-amarelada em todo limbo foliar, com posterior necrose, podendo também causar deformidades nas flores e nos frutos, provocando sua queda e, consequentemente, comprometendo a produção. Em ataques intensos podem ocasionar a seca das folhas, as quais caem prematuramente, reduzindo a área foliar, afetando o desenvolvimento, a produtividade e podendo causar a morte da planta, devido à exposição dos frutos à ação dos raios solares, prejudicando a qualidade dos mesmos. (BACCI et al., 2007).

Os adultos de T. urticae podem ser vistos a olho nu, pois medem cerca de 0,6 mm e apresentam acentuado dimorfismo sexual, sendo as fêmeas ovaladas e robustas com cerca 0,5 mm de comprimento, de coloração verde/amarelada apresentando um par de manchas verde-escuras no dorso; os machos são menores e mais esguios medindo cerca de 0,3 mm de comprimento. A reprodução pode ser sexuada ou partenogênica e as fêmeas colocam seus ovos, de formato esférico e coloração amarelada, entre os fios. (FLECHTMANN, 1972).

De acordo com o observado por Flechtmann (1972), as fêmeas são maiores, mais volumosas e arredondadas e exibem as manchas ocelares mais pronunciadas que as dos machos, que apresentam a região do opistossoma afilada para a região. O desenvolvimento de ovo a adulto, para T. urticae, leva de 5 a 20 dias para os machos e de 5 a 50 dias para as fêmeas. A longevidade das fêmeas está ao redor de 10 a 30 dias e a dos machos de 15 a 40 dias. A proporção dos sexos, durante os períodos mais favoráveis para o desenvolvimento, é de 53% fêmeas para 47% de machos.

De acordo com Moraes e Fletchtmann (2008), sua disseminação se dá pelo vento, de forma natural ou pelo contato entre a folhagem das plantas, por meio de estruturas vegetais infestadas e transportadas de uma área para outra ou, ainda, por meio de ferramentas e utensílios, especialmente nas casas de vegetação.

Para o controle do ácaro rajado frequentemente utiliza-se de um controle químico muitas vezes ineficiente com a aplicação de acaricidas, o que pode favorecer, segundo Zhang (2003) a rápida evolução da resistência aos produtos químicos, principalmente pela limitação no uso de acaricidas na cultura do pimentão tendo somente a abamectina com registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) sob nº 05501 para o controle do ácaro, os produtores podem elevar as doses excedendo o limite máximo permitido de resíduos químicos, o que causa riscos a quem aplica, ao ambiente e aos consumidores, que não tem a garantia de adquirir e consumir um produto isento de contaminantes. (KIM; LEE, 2006).

O pimentão encontra-se nos primeiros lugares do ranking de alimentos que apresentam os mais altos índices de agrotóxicos. Em pesquisa feita pela Agência Nacional da Vigilância Sanitária (ANVISA) (BRASIL 2013), das 190 amostras analisadas na cultura do pimentão, 90% apresentaram irregularidades, tais como ingrediente ativo não autorizado e ingrediente ativo acima do limite autorizado, ou ambos. Com resultado do prolongado uso de pesticidas e práticas de manejo inadequadas, surgem vários problemas, como o prejuízo das funções ecológicas de polinização e controle biológico, além de resistência de pragas a inseticidas, tornando o controle ainda mais difícil. (KRUESS; TSCHARNTKE, 1994; POVEDA; GÓMEZ; MARTÍNEZ, 2008; TILMAN et al., 2002), (MARTINS et al., 2012).

Visando a redução dos impactos ambientais causados pelo uso abusivo de acaricidas e outros agroquímicos, muitas vezes sem registro no (MAPA), acredita-se que os produtores deveriam adotar boas práticas no controle de pragas, como a priorização e integração de métodos naturais, físicos e biológicos, ou com a utilização do controle químico baseado em parâmetros técnicos. (MOREIRA et al., 2007).

Inúmeras pesquisas destacam a viabilidade do uso de fitoseídeos predadores da família Phytoseiidae, como o N. californicus (McGregor, 1954) e o Phytoseiulus macropilis (Banks 1904) (Acari: Phytoseiidae), que poderão ser criados e utilizados em diversas culturas por mecanismos de liberações inundativas, ou comprando de empresas que desenvolvem em laboratórios espécies predadoras generalistas ou com alta especificidade em ácaro rajado. (EMPRABA, 2007).

O desenvolvimento e implantação do manejo integrado, visando à eliminação do ácaro rajado T. urticae que ataca a cultura do pimentão (C. annuum), podem ser realizados associando-se os ácaros predadores N. californicus com o uso de acaricidas seletivos podendo gerar resultados benéficos tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista ambiental, apesar de que ainda não existem resultados de pesquisa que definam os índices de tomada de decisão em relação ao nível de dano econômico (NDE) e o nível de controle (NC) para o controle de pragas na cultura dos pimentões, devendo-se também adotar controles preventivos antes da praga se estabelecer efetivamente no cultivo. (EMPRABA, 2007).

Segundo Poletti (2009) a praticidade da liberação dos ácaros predadores no campo ou em ambientes protegidos aliada a rapidez favorecem a otimização do tempo, permitindo ao agricultor o gerenciamento de outras atividades, além do controle de pragas.

Os ácaros predadores movem-se mais rapidamente do que suas presas e comumente são brilhantes. Seu ciclo de vida é curto, sendo que em condições climáticas favoráveis e com boa disponibilidade de alimento, completam o desenvolvimento de ovo até adulto em aproximadamente uma semana. O período de oviposição geralmente varia entre 15 e 30 dias, sendo que as fêmeas ovipositam em média dois ovos por dia, dependendo

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