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Impactos ambientais relacionados à Hidrelétrica de Tucuruí

Por:   •  18/4/2018  •  2.823 Palavras (12 Páginas)  •  227 Visualizações

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- Construção da Hidrelétrica de Tucuruí

Custos ambientais não receberam praticamente nenhuma consideração quando foram tomadas as decisões, apesar de melhorias no sistema brasileiro de avaliação de impacto ambiental desde a época em que o reservatório de Tucuruí foi enchido em 1984, muitas características essenciais do sistema de tomada de decisões permanecem inalteradas.

Tucuruí foi construída no rio Tocantins, no Estado do Pará, em um local propício para geração de energia. A área é de 758.000 km² da bacia hidrográfica e fornece um fluxo médio anual de 11.107 m3 /s (Brasil, ELETRONORTE, 1989, p. 46, 51, 64).

A grande questão dos impactos ambientais para os cientistas é saber qual é a real dimensão do impacto e como podem ser amenizados, uma vez que mesmo que as hidrelétricas sejam consideradas fontes de energia renovável, e de baixo custo de manutenção em relação às termoelétricas, por exemplo, existem muitas consequências negativas por causa da sua construção, como foi o caso da de Tucuruí.

Para que a usina funcione, é preciso um reservatório e essa construção acaba afetando a fauna e a flora local. A floresta é desmatada e acaba virando lago, e se essa mudança não for estruturada de forma certa, pode acabar com a flora local, assim como muitas espécies acabam submersas e morrem criando o chamado limbo. Além disso, no período de construção da usina, a poluição do solo é considerável, uma vez que há o empobrecimento do solo com a retirada da floresta e por se tratar de uma construção, resíduos sólidos são depostos sobre o solo.

Outro impacto é a eutrofização, a qual acontece desde a construção da usina e se mantém, que é o excesso de nutrientes que aumentam a proliferação de microorganismo causando a poluição de águas. Além de que ao construir a barragem de Tucuruí, foram radicalmente alterados os ambientes aquáticos tanto acima como abaixo da barragem, pois a vegetação que decompõe na represa, tanto de restos da floresta deixadas quando foi cheio o lago, como de macrófitas que proliferaram na superfície, faz com que a água fique ácida.

O clima também sofre alteração, pois aonde havia floresta agora é lago, o que pode elevar a temperatura ambiente e mudar o ciclo de chuvas. O aumento da superfície de evaporação e a mais intensa incidência dos raios solares, junto a outros fatores, como a diminuição da concentração da vegetação, as resultantes sobre o sistema aquático ou a estratificação térmica e a perda de qualidade da água com a profundidade, estão entre as alterações físicas que alteram o clima direta ou indiretamente ao redor dos reservatórios (DIAS, 1986).

Conforme Sanches (2005), no que diz respeito aos aspectos ambientais, a substituição de floresta tropical por uma lâmina de água certamente modifica o balanço de energia à superfície e, consequentemente, toda a caracterização do clima de uma localidade.

A energia hidrelétrica é frequentemente promovida pelas autoridades governamentais como sendo uma “fonte limpa” de energia, em contraste com combustíveis fósseis (SOUZA, 1996), mas a relação impacto/beneficio varia entre represas: as emissões de gases de efeito estufa do reservatório de Tucuruí foram calculadas durante o ano de 1990, baseado nisso estendeu-se de um único ano para computar a quantia e o momento de liberação de emissões ao longo de um período de 100 anos, o que consideraram nessa análise foi o estoque inicial e a distribuição do carbono, mas não foi considerado as emissões da fase de construção, nem as emissões do desmatamento feito por pessoas deslocadas pelo projeto assim como as que foram atraídas por ele.

Porém, o que acontece, na verdade, é que a hidrelétrica produz um grande pulso de emissão de gás carbônico nos primeiros anos depois de encher o reservatório em uma área de floresta tropical, e então essa emissão diminui à medida que o estoque de biomassa vai se esgotando, enquanto a geração térmica produz um fluxo constante de gases em proporção à energia gerada.

Um dado importante é que “A molécula média de gás carbônico na carga atmosférica contribuída por Tucuruí entra na atmosfera 15 anos mais cedo que a molécula média na carga comparável que seria produzida pela geração a partir de combustível fóssil” (FEARNSIDE, 2015). O que significa que, considerando um tempo de 100 anos, uma tonelada de CO2 emitida por Tucuruí tem mais impacto sobre o efeito estufa do que uma tonelada emitida por combustível fóssil.

4.2. Funcionamento da Hidrelétrica de Tucuruí

Podemos classificar as hidrelétricas de acordo com o potencial de geração de energia. Assim, pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), são as que possuem uma faixa de geração de 1 a 30 MW e com um reservatório de área inferior a 3km². As usinas que produzem mais de 30 MW são classificadas como Grandes Centrais Hidrelétricas (GCH).

Segundo Fearnside (2015), barragens hidrelétricas representam grandes investimentos e fontes importantes de impactos ambientais. Souza (2015), diz que as ações provocadas pelos seres humanos e seus resultados podem modificar, mesmo que indiretamente, a composição e qualidade do meio aquático averiguado, que tem importante atuação no equilíbrio da natureza pela biodiversidade presente nele.

Souza (2015) ressalta que os rios transportam abundante quantidade de sedimentos em seu leito, originários dos maciços rochosos, da camada de solo ao fundo e de suas áreas marginais. A construção de uma barragem interrompe abruptamente o processo. Além disto, impossibilita o fluxo natural de nutrientes que auxiliam na fertilização do solo, para o plantio de alimentos e altera a temperatura aquática.

A sedimentação representa um problema em potencial em longo prazo para a operação da represa. A empresa responsável calculou que levaria pelo menos 400 anos para sedimentos junto à barragem alcançarem o nível de 23 m acima do nível do mar, onde eles começariam a causar abrasão das turbinas. Atualmente a situação é diferente, pois uma porção significativa já foi desmatada e a área é destacada como o foco de desmatamento mais importante da Amazônia (cf. Brasil, INPE, 1999). Na imagem abaixo, os sedimentos pesados não passam de um lado para o outro:

[pic 3]

Hidrelétrica de Tucuruí: Arquivo ISA

A sedimentação ocorre devido esse desmatamento, pois este aumenta a taxa de erosão do solo. O acúmulo de sedimentos começa nas partes superiores

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