TEMAS DE PSICOLOGIA ENTREVISTA E GRUPOS, DE JOSÉ BLEGER
Por: Ednelso245 • 3/9/2018 • 2.626 Palavras (11 Páginas) • 540 Visualizações
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O enquadramento é um fator muito importante dentro da entrevista psicológica. O enquadramento consiste manter o ambiente da entrevista estável o máximo possível. Mas, a entrevista psicológica é uma relação entre subjetividades, ou seja, é mutável, dinâmica. Tentar controlar e prever o homem nas suas singularidades, é quase uma tarefa inglória. O entrevistador deve compreender a marca do comportamento humano e está preparado as adversidades que acontecem durante uma entrevista psicológica.
A observação cientifica é objetiva. Essa característica vai compor toda a entrevista. E todo o entrevistador deve ser um bom observador. Como tal tem que relatar os fenômenos da forma mais objetiva, clara e neutra possível. E, assim descrever as impressões, sentimentos, sensações e estados subjetivos de outras pessoas. Esse relato que tem descrito de maneira que facilite a leitura futura desses registros. Há um outro fator, que o entrevistador tem que está atento: sua própria subjetividade, pois a mesma de alguma maneira influencia na sua observação e consequentemente na entrevista. Então, uma suposta neutralidade pura como se prega nas ciências é uma suspeita, porque todo e qualquer comportamento humano fica implícito a personalidade do sujeito, que sempre vai tender para um lado.
Se requer que essa observação se aconteça em condições naturais, ou seja, onde acontecem os fenômenos. E, assim diminua cada vez mais as inferências também do ambiente externo, para que a validade da entrevista não seja questionada. Contudo, o entrevistador precisa ser cautela quando agi para controlar as variáveis da entrevista, supor que se um método usado algumas vezes deu certo, terá sucesso com todos sujeitos. Isso pode gerar um engessamento do método, pois se esquecem da sentença do filósofo Heráclito, que o mesmo homem não se banha no mesmo rio por duas vezes. Ambos já foram modificados com o primeiro contato que tiveram. O mesmo acontece nas relações humanas, há uma dialética constante, as personalidades se influenciam entre si, transformando-as de algum modo.
Esse desejo do homem de possui o controlar tudo a seu redor, que não é diferente na entrevista ou na observação, advém de o ser humano se sentir único e distinto como ser em relação aos demais. Mas se descobre mais semelhantes do que imaginam, nos órgãos internos, nas vísceras. Esse sentimento de superioridade também está presente na entrevista psicológica, o que faz com o entrevistador sinta-se acima do entrevistado. Sem dúvidas essa atitude vai impossibilitar o processo.
A investigação é a chave fundamental para a entrevista, e para tornar-se um bom investigador é preciso fazer uso da fantasia. Como já falamos do dinamismo que é inerente da entrevista psicológica, se o entrevistador não for criativo poderá perder-se nessa relação que está sujeita a mudanças a qualquer momento.
Na atuação tanto do psicólogo como do médico muitas vezes há uma grande discrepância entre a teoria a prática. Pois, ambos profissionais podem ficar presos as suas respectivas teorias e deixar um vazio na parte prática. O psicólogo deve está sempre em contato com seus conflitos e mazelas para podê-los ressignificá-los, dessa forma prestar ajuda na entrevista.
Outra coisa é muito importante é não tornar-se uma máquina de fazer entrevistas. Visando somente a quantidade, deixando de lado a qualidade. Então, repeti métodos e técnicas friamente, esquecendo-se da subjetividade do entrevistado e da sua própria. Por isso, é aconselhável realizar poucas entrevistas ao dia para poder se ater aos detalhes importantes, para se fazer uma entrevista com sucesso.
O entrevistador junto com o entrevistado forma um grupo, mas um grupo diferente, porque existem elementos e objetivos específicos. Como a conduta, a atitude de ambos se estimulam simultaneamente como já foi dito antes. Um outro fator decisivo nessa relação ou em qualquer outra, é a comunicação. A comunicação verbal e a pré-verbal, por isso, faz diferença o timbre, a tonalidade da voz. Além do mais existe também a não-verbal, que são expressões faciais, posturas corporais, que comunicam tanto quanto a verbal, se o entrevistador estiver bem atento pode colher preciosas informações para seus objetivos na entrevista.
Outros elementos que surgem em qualquer relação humana são a transferência e a contratransferência, e elas podem positiva ou negativa. A primeira é uma atualização de sentimentos, emoções, afetos e atitudes vividos no passado no ambiente familiar pelo entrevistado e durante a entrevista são direcionados para o entrevistador. Através desse fenômeno pode observar características da personalidade do entrevistado, como arrogância, obsessão, onipotência e pensamentos mágicos. Tendo acesso a esses aspectos, o psicólogo poderá auxiliar ao sujeito entrar em contato com seus conflitos, para resolvê-los ou aprender a lidar melhor com eles.
Esse fenômeno também acontece com o entrevistador. Ou seja, sentimentos, afetos, emoções e atitudes revividos da parte do psicólogo para com o entrevistado, que é a contratransferência. E, se o entrevistador não estiver trabalhado suas questões, conflitos, criar também como o próprio entrevistado resistência (que é um mecanismo de defesa, tais como negação, racionalização e formalismo que também acontece muito em uma entrevista) em relação ao processo com certeza vai inviabilizar a entrevista. E quando isso ocorrer o investigador deve abrir mão da vaidade, procurar ajuda para que isso não torne seus serviços mais danosos do que benéficos.
Por tratar-se de uma relação entre humanos sempre vai haver a ansiedade. Que será da parte dos dois lados. Ambos estão diante do novo, do desconhecido. E o desconhecido provoca medo, repulsa no homem. Falar das suas dores, conflitos, questões e segredos a um estranho não é uma tarefa fácil. Esse estranho tem de suscitar confiança, segurança, para que ocorra a empatia e se estabeleça o vínculo. A ansiedade também se manifesta no entrevistador em forma de desejo de resolver o problema, “curar o paciente”, tirar o sujeito do sofrimento. E muitas vezes acontece uma precipitação de intepretação, intervenção e não respeitando o tempo do paciente, que por fim, pode acuá-lo, ou afastando-o da terapia. Uma dose equilibrada da ansiedade é inerente ao humano, ela deve ser um agente motor que o impulsiona para realizar o melhor trabalho sempre, não algo que lhe turva a visão. Por isso, para se sentir seguros lança mão de testes aleatórios sem estudos ou preparação prévia, e acaba marcando, condenando, rotulando uma pessoa o resto da sua vida.
O instrumento de trabalho
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