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Revisão de Literatura à respeito do Uso da Maconha na adolescência

Por:   •  14/11/2018  •  2.796 Palavras (12 Páginas)  •  272 Visualizações

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- Aspecto biológico

Durante muitos séculos, o termo adolescência foi definido quase que exclusivamente, em função dos seus aspectos biológicos, (p.26). A adolescência é marcada por um período denominado puberdade, quando as funções reprodutivas amadurecem, os órgãos sexuais se evoluem e as características secundárias aparecem. Esse processo leva cerca de quatro anos, sendo que, nas meninas começam em média aos 9 ou 10 anos, atingindo maturidade sexual aos 13 ou 14 anos. Já nos meninos a puberdade inicia-se aos 12, e a maturidade sexual aos 14. Não há compreensão total sobre o porquê da puberdade começar em determinado momento ou que mecanismo é responsável por desencadeá-la. Sabe-se apenas que, em um momento determinado biologicamente, a glândula pituitária envia uma mensagem para as glândulas sexuais dos jovens, que então secretam hormônios. Portanto, a puberdade ocorre em resposta a mudanças no sistema hormonal do corpo, que são desencadeadas por algum sinal psicológico. Esta resposta nas meninas se direcionam aos ovários, para a produção de estrógeno, já nos meninos aos testículos, aumentando a produção de andrógenos (testosterona).

Os hormônios também são intimamente associados com as emoções, especificadamente com sentimentos agressivos nos meninos e com agressão e depressão nas meninas (Brooks-Gunn, 1988). Alguns pesquisadores atribuem o aumento da emocionalidade e do mau humor no início da adolescência a hormônios, mas é importante lembrar que as influências sociais condizem com as hormonais e podem predominar

As principais mudanças físicas na adolescência são: o estirão do crescimento, que corresponde ao aumento agudo em altura e peso, afetando quase todo o esqueleto e as dimensões musculares e resultando em uma aparência desajeitada (comum em adolescentes); características sexuais primárias, marcadas pelos ovários, útero e vagina nas mulheres e pelos testículos, glândula próstata e vesículas seminais nos homens (p.486); características sexuais secundárias, que não envolvem diretamente os órgãos reprodutores, incluindo as mamas nas meninas e os ombros largos nos meninos. Além disso, a adolescência é uma fase que também envolve mudanças na voz e na testura da pele, pelos pubianos, faciais, na pele e sob a axila de um adulto masculino ou feminino (p.487).

A adolescência é a parte mais embaraçosa do período vital, já que os adolescentes têm consciência de que todos os estão observando e que seus corpos os estão traindo freqüentemente. A adolescência oferece novas possibilidades e, com isso, as mudanças físicas desta fase são acompanhadas por muitas ramificações psicológicas.

- Aspecto social

No que se refere à representação social da adolescência, o psicólogo social Sérgio Ozella, chama atenção para a concepção vigente na psicologia, sobre adolescência, que está fortemente ligada a estereótipos e estigmas, desde que Stanley Hall a identificou como uma etapa marcada por tormentos e conturbações decorrentes da emergência da sexualidade. Tal concepção foi reforçada por algumas abordagens psicanalistas que caracterizaram a adolescência como uma etapa de confusões e estresse causados pelos impulsos sexuais que emergem nessa fase do desenvolvimento. Erikson (1976) foi o grande responsável pela institucionalização da adolescência como uma fase especial no processo de desenvolvimento ao introduzir o conceito de moratória, identificando essa fase com confusão de papéis e dificuldades de estabelecer uma identidade própria, e como um período que passou a “ser quase um modo de vida entre a infância e a idade adulta” (p. 128).

Aberastury considera a adolescência como “um momento crucial na vida do homem e constitui a etapa decisiva de um processo de desprendimento” (1980, p. 15). Além disso, destaca esse período como de “contradições, confuso, doloroso” (p. 16). Ainda mais, afirma que a “adolescência é o momento mais difícil da vida do homem...” (p. 29). Knobel, por sua vez, introduz a “síndrome normal da adolescência” e pressupõe que “o adolescente passa por desequilíbrios e instabilidades extremas” (p. 9) e que o “adolescente apresenta uma vulnerabilidade especial para assimilar os impactos projetivos de pais, irmãos, amigos e de toda a sociedade” (p. 11). Ambos os autores acabam condicionando a realidade biopsicossocial a circunstâncias interiores ao afirmarem uma “crise essencial da adolescência” (p.10) e contribuem, assim, para caracterizar uma suposta síndrome normal da adolescência, na qual se enfatizam: a rebeldia, a instabilidade afetiva, a tendência grupal, as crises religiosas, as contradições, as crises de identidade (Knobel, 1981).

Nesta perspectiva, Freud e Piaget também podem ser citados ao conceituarem a adolescência desprezando o contexto social e cultural, tendendo a identificar bases universais em suas proposições. Apesar de abordarem uma inter-relação entre o biológico e o cultural, colocam as estruturas internas como impulsionadoras do desenvolvimento. Além disto, profissionais de psicologia têm tratado a adolescência como uma fase inerente ao desenvolvimento humano e não como um processo construído historicamente.

No capítulo 1 do livro ‘’Adolescência e psicologia: concepções, práticas e reflexões críticas’’ Sérgio Ozella fala sobre a importância de se buscar uma saída teórica que supere a visão naturalizante e patologizante da adolescência presente na Psicologia. Uma saída que supere a visão de homem, baseada na ideologia liberal, que vê o homem como autônomo, livre e capaz de se autodeterminar (2002). Ozella acredita que a adolescência é criada historicamente pelo homem, enquanto representação e enquanto fato social e psicológico. É constituída como significado na cultura e na linguagem que permeia as relações sociais. São marcas corporais, são necessidades que surgem, são novas formas de vida decorrentes de condições econômicas, são condições fisiológicas, são descobertas científicas, são instrumentos que trazem novas habilidades e capacidades para o homem. A adolescência não é um período natural do desenvolvimento, mas sim um momento significado e interpretado pelo homem (p. 22). Dentro de uma perspectiva sócio-histórica (Bock, 1997), só é possível compreender qualquer fato a partir de sua inserção na totalidade, na qual este fato foi produzido. Assim, a adolescência deve ser compreendida nessa inserção. É importante a percepção de que a totalidade social também constitui a adolescência, ou seja, sem as condições sociais, a adolescência não existiria.

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