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Resumo do capítulo O grande medo - História da loucura

Por:   •  24/9/2018  •  1.726 Palavras (7 Páginas)  •  536 Visualizações

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Aquele mal que vinha tentado ser excluído com as casas de Internação reaparece com caráter fantástico. As cidades, lentamente, serão contaminadas pelo vício e pela podridão. O desatino, que agora está presente mais uma vez, é assinalado por um indício de doença juntamente com seus poderes assustadores.

“Bem antes de formular-se o problema de saber em que medida o desatino é patológico, tinha-se constituído, no espaço do internamento e por uma alquimia que lhe era própria, uma mistura entre o horror do desatino e as velhas assombrações da doença. “(Foucault, 1972, p.391)

A medicina antes de ser convocada para distinguir o caráter patológico do desatino, isto é, separá-lo do que era crime ou algum mal, se relacionava com ele por meio do medo. A medicina vem para proteger a população de todo o perigo que a casa de internação poderia apresentar.

A grande reforma da primeira metade do século XVIII tem origem no anseio de diminuir a contaminação do ar e impedir que esse mal atinja todos os locais da cidade. Qualquer local de internamento deveria ser isolado e rodeado por um ar puro. Posteriormente, haverá o sonho de um internamento esterilizado, uma maneira de se defender de todos os males.

Na época Clássica, a loucura ainda não havia se separado do desatino. Contudo, na segunda metade do século XVIII:

“O medo da loucura cresce ao mesmo tempo que o pavor diante do desatino, e com isso as duas formas de assombro, apoiando-se uma na outra, não param de reforçar-se mutuamente. E no exato momento em que se assiste à libertação dos poderes imaginários que acompanham o desatino, multiplicam-se as queixas sobre as devastações da loucura.” (Foucault, 1972, p.396)

A classificação da loucura se situa numa moldura temporal, histórica e social. A consciência temporal dela precisou de uma elaboração de conceitos novos e reinterpretação de temas antigos, seguindo a mudança de acordo com a evolução da civilização. Fala-se sobre a relação da loucura com o mundo, crenças que falavam sobre a influência da natureza nos espíritos animais, sistema nervoso, imaginação e doenças da alma.

A loucura podia ser efeito de um “meio” exterior, porém sem denominação final ainda. Fala-se das “forças penetrantes”, que permitem a formação do indivíduo e variedades da espécie humana: influência do clima, diferença da alimentação e da maneira de viver. Tornam-se forças penetrantes uma sociedade que não mais reprime os desejos, como se fosse uma religião que não regula mais o tempo e a imaginação, uma civilização que não limita os desvios do pensamento e sensibilidade, ou seja, vista como um lado “negativo”.

Isso nos leva a falar sobre a loucura e a liberdade: Diziam que tudo aquilo que era feito sem razão era fruto do excesso de liberdade, e que era perigosa. Julgam essa liberdade como diferente da liberdade natural, porque ela vem dos interesses mundanos e não do homem, dos espíritos e os corações. Cheyne dizia sobre tudo aquilo que leva a riqueza da sociedade, está a na origem das perturbações nervosas, e surgem como elemento determinante da loucura.

Digamos, então, que essa liberdade não-natural afasta o homem de si mesmo, da sua essência e o aproxima das pessoas e do dinheiro podemos falar que é um efeito do meio, e é o meio que é o elemento constituinte da loucura.

A loucura a religião e o tempo: As crenças religiosas preparam uma espécie de paisagem ou um meio ilusório, favorável as alucinações e os delírios. A esperança pela salvação fazia com que qualquer um caísse na melancolia. Em um histórico diz que a religião era usada como forma de satisfação ou de repressão de paixões e o tempo era inteiramente submetido somente as vivências religiosas e por fim, diante dessa devoção a loucura se desenvolve.

A loucura, a civilização e a sensibilidade: A civilização constitui um meio favorável ao desenvolvimento da loucura, a agitação do espírito pode ser um dos efeitos. Desde que há uma própria sensibilidade, vinda desse meio também pode ser um efeito, aquela da qual não vem dos movimentos da natureza, mas sim a adquirida por aqueles hábitos que veem das exigências sociais, o trabalho e tudo aquilo que o cotidiano obriga a fazer.

É importante salientar que as “forças penetrantes” não são benéficas ao homem, “ele afasta o homem de suas satisfações imediatas a fim de submetê-lo às leis do interesse”. (Foucault, 1972, p.407). O meio se torna negativo por se subtrair ao ser vivo, o humano. Ele continua:

“O fim do século XVIII põe-se a identificar a possibilidade da loucura com a constituição de um meio: a loucura é a natureza perdida, é o sensível desnorteado, o extravio do desejo, o tempo despojado de suas medidas; é a imediatez perdida no infinito das mediações”. (Foucault, 1972, p.408)

Desta forma, o meio representa um papel simétrico e inverso à animalidade. antes, havia um momento em que a loucura podia irromper no homem como o último ponto da existência natural. Foucault acredita que a loucura tornou-se possível, no final do século XVIII, por causa daquilo que o meio pôde reprimir que dependia da existência animal. A medida que o meio constituído e formado pelo homem se torna mais reduzido, os riscos da loucura aumentam.

Tissot acredita que o homem degenera a partir de um tipo primitivo, sob a influência das instituições sociais em desacordo com a natureza. Há aqui uma atribuição ao meio humano, um poder

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