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Resenha capítulo Compreendendo o behaviorismo

Por:   •  10/11/2017  •  1.854 Palavras (8 Páginas)  •  1.630 Visualizações

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Psicologia comprativa

A psicologia comparativa surgiu através do reconhecimento da noção de continuidade da espécie, por Darwin, de que mesmo sendo nitidamente distintas as espécies também se assemelham à medida que compartilham a mesma história evolutiva, tornaram-se comuns as comparações entre outras espécies e a nossa. George Romanes foi quem levou raciocínio de que as sensações, os pensamentos e os sentimentos de um animal, o cão, deveriam ser semelhantes aos da raça humana, e assim por diante, a sua conclusão lógica, chegando até a defesa de que “nossa própria consciência deve servir de base para nossas conjeturas sobre uma eventual tênue consciência que ocorra em formigas” (Baum, 2006. p. 22).

Este antropomorfismo, ou forma de “humanizar a besta” soou como especulação para alguns psicólogos. Com a substituição de vagas informações anedóticas por observações rigorosas conduzidas por experimentos com animais, gerou-se um problema para a psicologia comparativa, pois essas afirmações sobre consciência animal, mais uma vez, ficava a mercê de vieses individuais, do caráter subjetivo das observações, visto que a discordância entre duas pessoas não poderia ser resolvida através de outros experimentos. John B. Watson, fundador do behaviorismo, disse ainda que, como método científico, as inferências feitas sobre as consciências animais eram menos confiáveis do que a introspecção e que nenhuma delas poderia servir como ciência.

A primeira versão do behaviorismo

A primeira versão do behaviorismo foi de Watson que, em 1913, publicou o ártico “Psichology as the Behaviorist Wiews It” assumido como manifesto do rudimentar behaviorismo. Norteado pela psicologia objetiva, articulou a crescente insatisfação com os métodos anteriores, a introspecção e a analogia. Proferia ainda que por se emaranhar nesses esforços improdutivos, acarretaram na definição de psicologia como ciência da consciência, definição essa que foi a responsável pela incapacidade da psicologia se tornar uma verdadeira ciência. Para ele evitar os termos relacionados à consciência e a mente, faria com que a psicologia se tornasse livre para estudar o comportamento humano e animal e, assim nasceria a ciência do comportamento, que não utilizaria termos tradicionais referentes à mente e consciência e evitaria a subjetividade da introspecção e analogias, estudando somente o comportamento objetivamente observável. E apesar de algumas divergências entre os behavioristas, todos concordaram com a premissa básica de Watson que é admissível criar uma ciência natural do comportamento e que a psicologia pode ser esta ciência.

Livre-arbítrio versus Determinismo

A ciência do comportamento tem como objeto de estudo, o comportamento que pode ser ordenado, explicado, previsto e controlado unicamente pela hereditariedade e pelo ambiente, a esse se dá o nome de determinismo. Porém, existem objeções a ele, pois fere tradições culturais antigas que atribuem ao indivíduo a responsabilidade por seus atos e, não à hereditariedade e ambiente, cujo nome é conhecido por livre-arbítrio. O livre-arbítrio traz um terceiro elemento além da hereditariedade e do ambiente, conjectura algo dentro do indivíduo, dessa forma as pessoas seriam livres para escolher suas respostas.

A tentativa de conciliar os dois conceitos, determinismo e livre-arbítrio, foi feita pelos filósofos que propuseram para o livre-arbítrio algumas teorias chamadas de “determinismo brando” e “teorias compatibilizadoras”. Donald Hebb chegou a defender que o livre-arbítrio consistia num comportamento que dependia da hereditariedade e da história ambiental.

Argumentos pró e contra o livre-arbitrio

Foram feitos alguns argumentos pró e contra o livre-arbítrio. Dizia-se que “para provar o livre-arbítrio seria necessário que, embora se conhecessem todos os possíveis fatores determinantes de um ato, a consumação desse ato assumisse sentido contrário ao previsto” (p.26). E como esse conhecimento perfeito seria impossível na prática, esse conflito não poderia ser resolvido por demonstração. Desse modo, a aceitação do determinismo ou do livre-arbítrio dependeria das consequências da crença, e essas poderiam ser sociais ou estéticas.

Argumentos sociais

Como argumentos sociais o texto traz a crença que se o comportamento é determinado pode encorajar ditaduras, o que seria uma ameaça para a democracia, e resumidamente que essa negação ao livre-arbítrio poderia prejudicar toda a estrutura moral de nossa sociedade. Todavia, mesmo sendo a democracia baseada na escolha, essa escolha não se torna sem sentido ou impossível de acontecer se não existir o livre-arbítrio. Seria uma noção muito simplista da alternativa do livre-arbítrio pensar que a escolha desapareceria se ele não existisse. Desta forma se torna necessário que o conhecimento advindo de uma ciência do comportamento esteja a serviço do bom uso, sem a necessidade de haver abuso.

Argumento estéticos

Já como argumentos estéticos, os críticos do livre-arbítrio atribuem a ele um conhecimento ilógico quando associado à noção de um Deus onipotente. Até mesmo Santo Agostinho trouxe essa questão a tona quando disse claramente “se Deus faz tudo e sabe tudo antes de acontecer, como pode alguém fazer alguma escolha livremente?” (p. 28). Em contraposição seus defensores argumentam que não se pode prever com detalhes as ações de um indivíduo, podendo ser possível sua existência mesmo que seja um mistério. Os behavioristas responde que é exatamente a natureza misteriosa do livre-arbítrio que o torna inaceitável, pois o objetivo da ciência não é resolver mistérios que não possam ser desvendados para explicar o mundo. A questão que se tem no levantamento de problemas que outras ciências precisaram superar é “Como um evento não-natural, como o livre-arbítrio, pode causar um evento natural?” (p. 29). Como resposta, os behavioristas dizem o mesmo que outras ciências, que eventos naturais podem levar a outros eventos naturais de acordo com sua relação com o outro no tempo e espaço. O que deixa implícito que eventos não-naturais não podem ser localizados no tempo e no espaço.

Referência

Baum, William M. Behaviorismo: definição e história. In.: ______. Compreender o behaviorismo: comportamento, cultura e evolução. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 17-32.

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