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Psicoterapia de Grupo I - Reflexão teórica Bion, Pichon e outros

Por:   •  6/7/2018  •  3.806 Palavras (16 Páginas)  •  359 Visualizações

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A apropriação ativa de memórias, junto aos seus artifícios culturais, possibilita a narrativa do passado de uma forma reconstruída e atualizada, permitindo agir e transformar o presente, com base nas codificações da retrospecção das lembranças vividas. Junto a isso, expõe-se o sentimento de pertença, orgulho a uma história ou sociedade, na maioria das vezes características atribuídas justamente à pessoas idosas, que, fizeram parte da construção histórica de uma sociedade e sentem necessidade de expor esse sentimento por meio da narrativa grupal.

Recordar uma experiência, é o mesmo que ler um livro, ou assistir um filme, o olhar sempre agarra algo, que antes não foi visto. Por isso que, como já dito, recordar é reconstruir, pois, cada vez que uma lembrança é trazida na fala, existe uma grande possibilidade de que o indivíduo elabore um outro tipo de significado para aquele acontecimento vivido, outras ligações, outras interpretações, sentimentos, emoções, independente da objetividade eliciada na narração, pelo indivíduo.

Ao longo de nossas vidas, colecionamos histórias que nos são contadas e presenciamos fatos que nos deixam marcas e são matérias prima para nossa subjetividade. Trabalhar com a memória do idoso nos possibilita entrar em contato com esse processo da subjetividade e realizar um trabalho político, de confronto às práticas presentes e ao papel da velhice na sociedade contemporânea.

O método exposto pelos autores, atribui-se ao espaço grupal, o qual, as experiências vividas e guardadas pelos idosos, pudessem ganhar sentido polissêmico. Logo, os autores utilizaram de Oficinas com temáticas elaboradas previamente, para que as memórias pudessem ser trazidas pelos idosos e seguiram a teoria de grupo operativo de Pichón Rivière (1986), o qual centraram o grupo em uma tarefa e/ou atividade principal. Antes das atividades acontecerem, os autores utilizavam muito de dinâmicas de relaxamento para que os idosos pudessem sentir-se mais a vontade, criando um ambiente mais favorável para disposição nas Oficinas.

Após o momento de relaxamento, os autores traziam diversas temáticas de atividades previamente programadas, como por exemplo, brincadeiras de infância, lendas e causas/histórias transmitidas culturalmente, costumes da época de cada um, bailes, cuidados com a saúde que tomavam e outras variadas. Nesse trabalho, os autores buscavam sempre registrar as histórias narradas pelos idosos, fossem elas em cartazes espalhados pela Universidade, revistas e até mesmo em ambientes públicos, como pontos de ônibus, postos de saúde, e etc.

Assim, eles buscaram transformar a narrativa histórica do idoso, em um ato político, pois, esses idosos são parte da construção do nosso cotidiano e não apenas “velhos com muitas historinhas para contar aos seus netos”. Entravam assim, em confronto com as concepções da categorização do idoso na sociedade, mostrando ao público que, relembrar suas histórias não é apenas cuidar-se para evitar doenças, como o Alzheimer, mas acabar com a alienação e quebrar paradigmas que compõem a sociedade, frente a velocidade, rotina, fuga e esquiva da vivência do tempo nos dias de hoje.

Segundo (Mairesse &Fonseca, 2002, p.114), é somente a partir de hoje que se pode falar sobre o passado, e é implicado no presente e comprometido com o futuro que se faz valer o passado, um passado sempre a se refazer no presente.

Em meio a uma sociedade que preza a velocidade, os espaços para a escuta se tornam obsoletos, por isso os autores quiseram levar os idosos até os universitários, para que, haja resignificados ao passado e um encontro entre os que possuem densa experiência de vida, com aqueles que ainda estão na caminhada da construção de uma bagagem dessas memórias e histórias tão amplas e significativas, como as dos idosos.

Objetivo do Artigo

O presente artigo teve como objetivo incitar memórias de experiências e lembranças ocorridas nas diversas fases da vida do idoso, com o desígnio de resgatar a história desse indivíduo e dar-lhes uma oportunidade de reconstruí-las no presente, através de narrativas exercidas por eles, reconhecendo assim, sua identidade social.

Reflexão Teórica

- Pichón-Rivière

Observamos a contribuição de Pichón-Rivière neste artigo, com os grupos operativos e a dialética o sujeito e dos grupos, uma reflexão de aprendizagem; os idosos trazem sua experiência de vida e elas podem ser utilizadas atualmente, porém, com algumas alterações, nada fica totalmente preso no passado que não possa ser utilizado atualmente.

Na teoria do vínculo, Pichón define como uma estrutura complexa que inclui um sujeito e um objeto, a interação em espiral dialética. Através da noção de vínculo, abordamos a relação entre a estrutura social e a configuração do mundo interno do sujeito. O sujeito é um ser de necessidade que somente se satisfaz através de relações que o determinam. Ë um sujeito produzido na medida em que existem determinantes que atuam na sua conformação como ser social.

No grupo operativo procura-se trabalhar o Eu do sujeito, com relação ao medo básico, fundamentalmente, pela diminuição dos medos básicos, em termos da perda do objeto, esses medos paralisam, o Eu o tornam impotente. Através da técnica operativa se fortalece assim uma adaptação ativa à realidade. Esta técnica hierarquiza como tarefa-grupo a construção de um ECRO (esquema conceptual, referencial e operativo) comum, condição necessária para estabelecer uma comunicação a partir da afinidade de emissor e receptor. Elaborar o ECRO comum implica um processo de aprendizagem. A tarefa depende do campo operativo do grupo. Em um grupo terapêutico a tarefa é resolver o denominador comum da ansiedade do grupo, que em cada integrante, toma características particulares. No caso do grupo de idosos, eles compartilham a angústia do esquecimento dos mais jovens, que muitos não são ouvidos, como se tudo que eles sabem e viveram não tivesse mais a menor importância.

Em um grupo operativo, existe a tarefa externa, como já dita, que é aquela que os indivíduos se reúnem para um objetivo em comum, a realização de uma tarefa específica e enquanto o grupo se empenha na realização de sua tarefa específica, outra tarefa vai se processando nos bastidores, caracterizada como tarefa interna, que corresponde à totalidade de operações que devem ser feitas pelos membros do grupo para manterem-se unidos e desenvolverem-se como equipe.

No processo de um grupo operativo, a postura do

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