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Programa de Enriquecimento Instrumental

Por:   •  24/4/2018  •  5.534 Palavras (23 Páginas)  •  474 Visualizações

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O objetivo deste estudo é refletir sobre as dificuldades encontradas pro muito indivíduo no processo de aprendizagem e conhecer uma proposta de trabalho de estimulação cognitiva que utiliza como instrumento a psicopedagia e o Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI) de Reuven Feuerstein.

2. ASPECTOS HISTÓRICO-CONTEXTUAIS

O Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI) surgiu a partir do resultado de uma experiência de avaliação cognitiva de jovens órfãos de guerra, em 1950, quando se fazia a preparação deles para a imigração e entrada no mercado de trabalho em Israel (SANTOS, 2003).

De acordo com Gomes (2002), entre 1950 e 1954, Feuerstein trabalhou para o Estado de Israel, numa instituição chamada Youth Aliyah, na perspectiva de desenvolver o potencial cognitivo de crianças judias provenientes do holocausto e de diversos lugares, como a Ásia e a África. Ainda de acordo com esse autor, “essas crianças ficavam em campos na França e em Marrocos, onde deveriam ser preparadas para a sua imigração em Israel” (p. 71), e foram submetidas aos testes tradicionais, como o de QI e às provas piagetianas para verificar o nível intelectual das crianças. Ambos os testes diagnosticaram um atraso cognitivo muito acentuado, nível de retardo mental explica Gomes (2002).

O prognóstico era o pior possível.

Contrariamente aos testes, Feuerstein observava através de sua interação com aquelas mesmas crianças que elas apresentavam um padrão de raciocínio alterado, bem melhor do que o padrão usual. Elas mostravam potenciais não-demonstráveis, os quais apenas mediam as capacidades manifestas. Feuerstein buscava ir além das observações pontuais e imediatas dos testes (GOMES, 2002, p. 71).

Diante disso, Ros (2002) considera que esse trabalho, dedicado à tarefa de receber e integrar as crianças judias vítimas do holocausto, propiciou a Feuerstein a elaboração de suas hipóteses de modificabilidade cognitiva estrutural.

Reuven Feuerstein nasceu na Romênia no ano de 1921, é um pesquisador israelita que vem alcançando renome mundial pelo método desenvolvido para o trabalho com crianças deficientes. Em Bucareste (Romênia), estudou Psicologia e Pedagogia. Algum tempo depois, prestou exames de licenciatura em Jerusalém. Estudou, também, em Genebra, Suíça (nessa época trabalhou com André Rey e Piaget), e na Universidade de Sorbonne, Paris (MARTINS, 2002).

Em 1952 Feuerstein se formou em Psicologia Geral e Clínica, em Genebra, e, em 1970, com o Doutorado (Ph.D) em Psicologia do Desenvolvimento na Universidade de Sorbonne, Paris. Suas principais áreas de pesquisa foram a Psicologia do Desenvolvimento, Clínica e Cognitiva.

O trabalho de Feuerstein vem sendo reconhecido em vários países, como, por exemplo, nos Estados Unidos, na Espanha, na França, na Bélgica, e, naturalmente em Israel.

Já existem, atualmente, de acordo com o site www.icelp.org., 62(sessenta e dois) Centros de Treinamento Autorizado, destes, 22 (vinte e dois) estão localizados na América do Sul; 01 (um) na América Central; 17 (Dezessete) na América do Norte; 20 (vinte) na Europa; e 02 (dois) na Austrália. Destaca-se, ainda, que dos vinte e dois centros autorizados na América do Sul, 09 (nove) estão no Brasil: 04 em São Paulo, 01 em Belo Horizonte, 01 no Rio de Janeiro, 01 em Curitiba, 01 no Rio Grande do Sul e 01 na Bahia, na cidade de Salvador denominado FLEM (Fundação Luís Eduardo Magalhães).

Segundo os sites www.sec.ba.gov.br e www.flem.org.br, o Programa de Enriquecimento Instrumental é um dos projetos estratégicos do programa Educação para Vencer, da Secretaria de Educação do Estado, e tem por finalidade desenvolver capacidades cognitivas, habilidades e potenciais de professores e alunos de rede estadual de ensino, através da experiência de aprendizagem mediada (SANTOS, 2002, p. 80).

3. TEORIAS DE FEUERSTEIN

Toda a sua teoria tem como base seu sistema de crenças e valores aliado às suas experiências de vida com a educação. Feuerstein criou duas teorias:

a) Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural (MCE): A teoria da Modificabilidade cognitiva estrutural torna-se, segundo Rafi (2002, p. 15), uma “hipótese teoricamente plausível” tendo como base três pressupostos: a concepção de ontogenia dupla do ser humano; a definição modal do desempenho humano como um estado, não podendo ser entendido como alguma coisa fixa e imutável; e, a atual concepção neurocientífica do cérebro humano como organismo flexível e elástico.

De acordo com a teoria de Feuerstein, o ser humano é um ser modificável, uma vez que é dotado de plasticidade neuronal, flexibilidade mental e possui alto grau de modificabilidade (GOMEZ, 2014).

Cruz (2007) definem cinco postulados sobre a modificabilidade dos seres humanos:

1. Todos os seres humanos são modificáveis, sem exceção: apesar de qualquer obstáculo preconcebido (condições inatas); mesmo que a pessoa tenha problemas etiológicos (Síndrome de Down, por exemplo); mesmo que tenha idade avançada; e, mesmo que tenha séria restrição ou incapacidade física e ou mental.

2. Até mesmo ‘aquele aluno’ é modificável: não existe exceção ao primeiro postulado.

3. Eu posso ajudar meu aluno a modificar-se.

4. Eu, mediador, sou modificável.

5. O ambiente, a sociedade e o contexto social no qual estamos inseridos (mediador e mediados).

De acordo com Feuerstein (1997, como citado em GOMES, 2002, p. 63), o conceito de modificabilidade é equivalente ao de potencial de aprendizagem e tende a substituir a idéia tradicional de inteligência humana. Essa teoria define inteligência como “propensão ou tendência do organismo a ser modificado em sua própria estrutura, como resposta à necessidade de adaptar-se a novos estímulos, sejam de origem interna ou externa”.

b) Teoria da Experiência da Aprendizagem Mediada (EAM): Baseia-se na mediação de uma aprendizagem. O conceito de mediação já havia sido discutido por Piaget e Vygotsky, mas foi Feuerstein quem incluiu um novo elemento nesse processo: o mediador humano. O mediador humano se coloca entre o indivíduo (organismo) e o estímulo para direcionar intencionalmente a percepção e análise desse estímulo, e se coloca também entre o indivíduo e a resposta para mediar a qualidade da resposta.

A fórmula S-H-O-H-R

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