PROJETO DE PESQUISA EM PSICOLOGIA SOCIAL CRÍTICA
Por: Sara • 3/3/2018 • 1.614 Palavras (7 Páginas) • 534 Visualizações
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A partir de então, o homem deixa de ser o único provedor possível (Castells 1999) e as mulheres finalmente conquistaram um espaço atuante dentro da sociedade. No entanto, isso não significa que haja uma igualdade entre os sexos, afinal de contas, no imaginário masculino e até mesmo no feminino ainda existem preconceitos que perduram até hoje, como por exemplo, a ideia de que a criação dos filhos é uma responsabilidade prioritária da mulher. Tal crença, aliás, faz com que muitas mulheres contemporâneas tenham que fazer escolhas difíceis diante das exigências de aperfeiçoamento profissional e da expectativa de que elas constituam família, e assumam a responsabilidade de cuidar da casa, do marido e da educação de suas crianças.
Se há quarenta anos a exigência era de que a mulher fosse uma exímia dona de casa, hoje a sociedade alimenta a ideia de que a mulher é capaz de manter uma dupla jornada: ao mesmo tempo em que precisam ser profissionais competentes, também precisam manter o status de mãe e esposa.
Para Figueira, 1997 (citado em Pinto, 2005 p.71), esse “desalojamento da identidade tradicional e a indefinição na nova identidade são frutos das inúmeras possibilidades da auto-representação na atualidade”.
Deste modo, é evidente que a trajetória da mulher tem sofrido inúmeras “mutações” na sua representatividade social, trazendo consigo mudanças de tempos culturais distintos, que consequentemente implicam em uma transição para um novo modo de se “identificar” no mundo. Esse movimento, aliás, denota o fato de que os modos femininos de ser e de se auto-representar, não são homogêneos, pelo contrário, apresentam singularidades e diversidades.
A ideia clássica de identidade feminina, mesmo aprisionando a mulher dentro de um papel social, trazia consigo certa segurança e estabilidade quanto a este lugar a ser ocupado. A mulher atual, por outro lado, possui uma maior flexibilidade para novas construções, mas ao mesmo tempo convoca um tipo de posicionamento perante a sociedade, que causa sofrimento, pois segundo Pinto (2005) “a desampara enquanto sujeito indeterminado quanto ao papel que deve desempenhar no contexto social”.
Essa auto-representação está fortemente conectada a várias relações estabelecidas pela mulher com o meio social, com a cultura a qual está inserida, com a sua família de origem e com a sua rede interpessoal. Conforme Vieira (2005) “o sujeito não representa apenas um momento particular, antes é constituído por uma série de eventos discursivos que acontecem na vida de uma pessoa. Resulta de percurso histórico único singular de cada sujeito, sendo construído com emoções, com perdas e ganhos, com crenças, com juízos e valores, que são agregados ao longo de sua historia de vida”.
Pensar a mulher contemporânea, é trazer a tona uma multiplicidade de escolhas e oportunidades de autoconhecimento, não só da sua identidade, mas do seu corpo, da sexualidade, da sua vida e das inúmeras possibilidades de transição.
De fato, a mulher do século XXI ainda não conseguiu abdicar das obrigações com a casa e, por outro lado, assumiu, junto com o homem, a responsabilidade sobre a manutenção da família (Pinto, 2005, p.22). Tais demandas têm refletido na constituição da subjetividade feminina. Em outras palavras, a mulher do século XXI deixou de ser coadjuvante para assumir um lugar diferente na sociedade, com novas liberdades, possibilidades e responsabilidades. Há um novo modo de ser mulher e consequentemente modos distintos de se auto-representar.
6 - METODOLOGIA
Para essa razão, serão analisados os depoimentos de oito mulheres pertencentes à faixa etária de 20 e 60 anos, sendo quatro solteiras e quatro casadas. Todas são integrantes da camada social média e habitantes da grande Florianópolis, algumas trabalham foram do lar, e todas terão suas identidades preservadas, sendo chamadas por nomes fictícios. Os depoimentos serão coletados por integrantes do grupo, com data local e hora pré-definidos.
Serão utilizados os seguintes instrumentos: (a) ficha com dados referente às entrevistadas: (1) nome, (2) idade, (3) estado civil, (4) bairro, (5) número de filhos e (6) ocupação profissional; e (b) entrevista estruturada sobre a representação social da mulher entre as próprias mulheres, na qual serão feitas as seguintes perguntas (1) Qual a sua percepção sobre a mulher atual? (2) Em relação às gerações anteriores à sua, o que você acha que mudou? (3) Acredita em desigualdade entre os sexos? (4) Você sente (ou sentiu) a necessidade de constituir família e ao mesmo tempo ser bem sucedida profissionalmente? (5) Acredita que a sua família de origem teve alguma influência no seu modo de ser e posicionar-se diante do mundo? (6) Em sua opinião, quais são as vantagens e as desvantagens de ser uma mulher no contexto socio-histórico atual? (7) Nas suas palavras, o que é ser mulher?
As participantes serão convidadas a participar do projeto e estarão cientes de que será uma colaboração voluntária, podendo as mesmas, desistirem de participar a qualquer momento. Antes das entrevistas, as colaboradoras deverão assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
As entrevistas serão realizadas de maneira individual e em locais que proporcionem privacidade as mesmas, visto que suas falas serão gravadas em áudio para posteriormente serem transcritas. A ficha com os dados pessoais serão utilizadas para caracterizar os indivíduos participantes.
7 - CRONOGRAMA
O projeto deverá ser executado dentro do seguinte cronograma:
DESCRIÇÃO DAS ETAPAS
MESES
Setembro
Outubro
Novembro
Escolha do tema
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Estruturação do projeto
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Revisão da Literatura
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Entrega do projeto
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