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O Desenvolvimento Humano II

Por:   •  20/5/2018  •  2.263 Palavras (10 Páginas)  •  244 Visualizações

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Nesta fase da vida que é a velhice alguns idosos se tornam dependentes por diversos motivos, sejam eles doenças crônicas, dependência motora ou mental, onde eles necessitam de cuidados, e quando não existem recursos financeiros para contratar cuidadores ou como no caso da Sra. L. que não teve filhos e a família não detêm de recursos para ajudá-la, ocorre assim a institucionalização.

Para algumas esta situação não ocorreu de forma tão agradável, segundo Sra. L. de 76 anos, sua filha a abandonou na instituição sem lhe dizer para onde ia e nem se voltaria para busca-la.

“[...] Minha filha me trouxe lá da minha casa no rio de janeiro porque me disse que eu ia morar com ela aqui nessa cidade [...] de repente ela me disse pra arruma minhas ‘coisa’ que íamos passear e aqui eu “to” menina, ela me abandono aqui e eu nem sei se ela vai volta pra me vê, é triste isso! (choro), me desculpe vou me deitar não quero falar sobre isso, ainda dói muito, ela me deixou aqui faz 1 mês eu acho e ainda não voltou [...]” (Sra. E.)

Pode-se observar a dor da perda e do abandono da Sra. E, onde por vezes durante a conversa notou-se que ela teve olhos marejados pelas lagrimas e em sua fala era notável a tristeza e rancor para com a filha que a abandonou. Em confissão disse que tinha uma teoria sobre o motivo de tal situação, confessou que achava ser por conta do cônjuge da filha, o qual reclamava por vezes da situação em que ela se encontrava. Ainda disse que não entendia o motivo de sua vinda para esta cidade, pois estava muito bem em sua casa, com suas coisas e sua vida.

Quando estava a ponto de ir para a casa ela me chamou e disse que eu deveria vir mais vezes pois ela e outras pessoas ali dentro necessitavam de uma atenção que de diversas vezes era negada e os cuidadores apenas lidavam com eles mecanicamente, saciando apenas suas vontades físicas sem ao menos lhe dar atenção emocional.

Na segunda visita sozinhos a Sra. L estava dormindo e não pude dar retomada a nossa conversa iniciada anteriormente porem a Sra. E. se encontrava sentada em um banco e então começamos a conversar sobre a vida em um ambiente institucionalizado. Ela disse não gostar do lugar e que houve uma desavença com a senhora que também dividia o quarto com ela, onde ela estava assistindo televisão e sem aviso prévio sua colega desligou alegando que a estava atrapalhando. E ainda disse que suas coisas haviam sumido de seu próprio quarto, no entanto quando questionada sobre isso a cuidadora/enfermeira disse que ela não saberia me informar sobre este assunto, dado que Sra. E. chegou com apenas uma pequena mala e alguns cobertores.

Como sabe-se viver em sociedade sempre haverá conflitos, e assim sendo não seria diferente em uma instituição de longa permanência para idosos. No entanto agrava-se neste ambiente pois trata-se de pessoas idosas com histórias de vida completamente diferentes e recursos financeiros diversos, sendo estes um ponto crucial para a relação entre eles.

Durante a conversa notei que uma senhora sempre entrava e saia dos quartos carregando um copo de agua que entrava cheio e saia vazio, então em uma das vezes que ela saiu chamei-a para conversar um pouco. Ela chama Sra. D. conhecida por todos como “Pequetita”, uma senhora peculiar que pelo pouco que conversei percebi uma patologia chamada síndrome do ninho vazio em que a pessoa desloca a energia psíquica do objeto perdido para um novo ou para uma outra representação mental, uma vez que a realidade mostra que determinado objeto não existe mais.

Conversando com ela me disse que já não se lembra muito das pessoas de sua família, mas que consegue se sentir bem ajudando a todos os que não podem sair de suas camas, assim, ela leva agua a todos várias vezes por dia, fazendo-a se sentir produtiva.

“Compreende-se, portanto, que a velhice é um processo complexo de alterações na trajetória de vida das pessoas. Cada contexto tem suas particularidades que vão alterar o estilo de vidas de cada um com isso, os modos de revelar o significado da velhice e processo de envelhecer para os idosos dependerão de como viveu essa pessoa e como fazem as adaptações e enfrentamentos cotidianos. A repercussão do envelhecer é respondida por eles de maneira diferente, dependendo da história de vida pessoal, da disponibilidade de suporte afetivo, das redes sociais, do sistema de valores pessoais e do estilo de vida adotado por cada um. ” (FREITAS, QUEIROZ e SOUZA, 2010, pg. 410)

Não demorou muito até ela se sentir incomodada por não estar ajudando e me pediu licença para poder sair. Diante dessa realidade me vi pensando em qual seria a história de vida desta mulher, fui atrás e descobri que ela sempre cuidou de todos a sua volta, a começar pelos filhos que depois foram viver suas vidas longe da cidade e então ela ficou para cuidar do marido doente que após um tempo faleceu, com isso, portanto ela sem alternativa e por aconselhamento dos filhos foi morar na instituição.

Em meu terceiro e último encontro com eles a Sra. L. estava ausente, pois teve de ir ao banco para assinar alguns documentos da previdência social. Sra. E por sua vez estava deitada, sem querer conversar muito me disse que estava em um dia triste pois tinha sonhado com seus netos e a saudade estava grande. Chorando me confidenciou não aguentar mais essa vida.

“[...] menina meu coração não aguenta mais tanta tristeza, quero ver meus netos, não preciso ver minha filha, porque não a considero mais nada apenas preciso ver meus netos que amo demais (choro) [...] “ (Sra. E.)

Quando chegou a hora de me despedir pois deveria ir para a casa ela me pediu que não revelasse nada as cuidadoras pois elas iriam dar remédios para ela dormir demais então pedi que se acalmasse, peguei agua e a deixei deitada para que dormisse tranquila.

Enquanto estava sentada conversando com a Sra. E. avistei aquela senhora deitada em posição fetal e que me olhava com uma alegria impressionante então fui ao seu encontro e perguntei porque deste sorriso tão feliz e ela me confidenciou não querer ficar triste apesar da vida ser assim.

Aquela senhora se chama Sra. M e que não sabe sua idade, mas que tem uma alegria de vida sem tamanho e não se deixa ficar triste pelas incertezas da vida. Sra. M. não teve filhos e não tem nenhum contato com sua família, e assim considera seus colegas de instituição sua família postiça. Apesar de parecer ter lucidez a Sra. M. se contradiz em suas colocações chegando até a esquecer o que foi dito anteriormente refazendo as suas perguntas.

“O ingresso na faixa etária considerada idosa traz muitas mudanças ao ser humano.

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