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Fichamento - Livro "Conversa Sobre Terapia"

Por:   •  16/4/2018  •  1.458 Palavras (6 Páginas)  •  1.471 Visualizações

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“Fenomenologia não é uma teoria. É um modo de se aproximar de um fenômeno, que se caracteriza principalmente, por deixar que ele se mostre tal como se apresenta, o mais possível sem a interferência das teorias já existentes sobre ele. Mas o fenômeno só se mostra quando alguém olha para ele, aproxima-se dele na procura de compreendê-lo e explicita-o na linguagem. Na terapia o fenômeno em questão é a existência do paciente. ” P54

“Se o terapeuta for capaz de pensar na sua paciente como o que basicamente ela é, um “ser-no-mundo”, ele vai, antes de tudo, compreender que cada uma das coisas que ela faz ou deixa de fazer, não importa se certas ou erradas, tem significados imbricados uns nos outros, imbricados em outros significados mais amplos.; ele vai compreender que, mesmo quando uma pessoa sente o sentido que sua vida está tomando não é aquele que ela pretendia, mudar essa direção não é tão fácil como quando alguém percebe que tomou o ônibus errado, desce no primeiro ponto e pega outro. É exatamente por não ser fácil essa retomada do sentido que a pessoa precisa de terapia, precisa de tempo para pensar a sua vida, junto de alguém cujo pensamento tenha aquele caráter artesanal, aquele pensamento que é dedicado à existência dela e não já pronto para mulheres modernas em geral. “P69

“Mas se culpa é essencialmente falta, será que a vida dele não é exatamente o protótipo de culpa? Aquela existência culpada, e não naquele sentindo heideggeriano da culpa existencial, enquanto o ser sempre devedor, o sentir-se devedor porque sempre falta o que realizar. Mas aquela existência culpada, sim, porque só espalha sofrimento ao redor, que torna o mundo um lugar injusto, triste. ” P77

“Eu fui levando a terapia do modo como acredito que deve ser, tentando ver com ele as implicações de seus atos, o rumo que sua vida tomava, procurando compreender o motivo de determinadas condutas suas; abri espaço para que ele trouxesse coisas do seu passado, da sua infância, as inquietações que ele pudesse ter. “P101

“Passado um tempo, tendo revisto o caso daquele paciente, e com sua própria terapia, aquele terapeuta começou a ter claro que, independentemente do diagnóstico daquela pessoa, ele tinha feito tudo que era possível ser feito numa terapia; compreendeu a sua raiva, tão humana; compreendeu a sua decepção ao ter constado, de modo bem concreto, que o terapeuta não tem “poder”; que ele pode, ao estar afetivamente próximo ao paciente, ao estar disponível para pensar junto, favorecer uma ocasião propícia para que o paciente reveja a própria vida, descubra ou redescubra sentidos. Mas é sempre um trabalho a dois. ” P103

“O fato é que há uma relação afetiva que se forma na terapia, e isto é um fator importante no seu processo. O afeto que surge aí pode ser chamado de solicitude, visto que é o cuidado pelo outro, que deseja o melhor para a existência do paciente. Mas é uma solicitude que tem como característica aproximar, o unir aquelas pessoas. “P105

“Enfim tudo aquilo que se fala em terapia envolve sentimento, e o próprio vinculo terapêutico se toma carregado de sentimento. “P109

“Sentimentos permeiam toda a terapia. Por isso, seria estranho pensar numa terapia desprovida de sentimento. “P109

“A terapia também é isto; espaço afetivo que pode servir de um novo chão, de um novo ponto de partida. “P109

“Acho que isso é da humanidade. Mas, ainda que em cima das desgraças que os homens impõem uns aos outros, por cima das destruições, se algo resta do que ainda se chama mundo, se algo se constrói, é porque há os que o sonham com um mundo diferente. Esses tentam, dentro do que é possível a eles, construí- lo. “P140

“—Curioso, a Daseinsanalyse, que enfatiza tanto o vir-a-ser, as possibilidades que se desdobraram sempre, a condição de sonhador, o projetar-se do Dasein, é a mesma que, ao partir da concepção do homem como ser-para-a-morte, enfatiza a finitude humana. ” P141

“A vida, como sabemos, não para. Ela não espera que algumas coisas estejam resolvidas para que outras se apresentem pedindo cuidado. “P148

“A terapia é para ela o espaço favorável para a coragem de fazer perguntas. Porque terapia também é isto: ocasião em que a pessoa, sob as mais diversas formulações, faz perguntas essenciais do ser humano pelo significado das cosas. O que é? Por quê? Para quê? “P158

“A terapia torna-se o espaço propício para as indagações, porque o terapeuta as legitima e amplia. Paciente e terapeuta se empenham num trabalho de

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