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Enrique Pichon Riviére

Por:   •  23/3/2018  •  3.284 Palavras (14 Páginas)  •  474 Visualizações

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Um dos conceitos centrais da obra pichoniana, que traz luz à sua forma de compreender a vida, os grupos e a vida dos grupos é o de dialética. A obra de Pichon-Rivière falar sobre dialética, pois o autor construiu seu pensamento e suas teorias a partir de uma concepção dialética da realidade. É possível concluir também, que seu pensamento como método de conhecimento e apreensão da realidade, a dialética compreende o Homem na natureza e como ser histórico, como ser social pensante, ético e agente. Considera suas condições concretas de existência como ser social, político e cultural (Haguette, 1990).

Seus conceitos e reflexões são permeados pela idéia de movimento e transformação contínua dos sujeitos, de seus vínculos e de seu modo de operar na realidade. A mudança, que é o objetivo primordial de todo grupo operativo, envolve todo um processo gradativo, no qual os integrantes do grupo passam a assumir diferentes papéis e posições frente à tarefa grupal.

Logo no início da década de 30, quando estudava medicina e trabalhava no asilo de Torres com crianças oligofrênicas, fazia experiências com grupos familiares. Os oligotimicos tinham uma base orgânica e estigmas físicos degenerativos, porém os mesmos eram possuidores de um grau de retardo metal significativo. A causa que Pichon descobre para retardo é nestes casos, por carência afetiva sofridas na terna infância.

Quando se tornou Chefe no serviço de admissão do hospício de Las Mercedes, observou de perto o estado dos pacientes no momento da internação, notava o paciente em estado de crise e assistia à eclosão ou reativação do processo psicótico e é quando a presença ou ausência da família torna-se sempre significativa.

Pichón começa a tarefa de Chefe da sala de Serviço de Adolescente, criada 1943 e 1944, nesta época investiga a enfermidade, esquizofrenia na maioria dos casos, e a situação da família, observa o tipo de vínculo, a situação desencadeante e observa as situações de perdas ou de privação como constante. Inicia assim a hipótese do porta-voz. Há uma relação de casualidade não linear e sim dialética entre a estrutura e a dinâmica do grupo familiar, e a estrutura e dinâmica do grupo interno ou mundo interno do porta-voz, já naquela época Pichón usava o termo porta-voz para se referir ao doente mental como o ''depositário''.

Conceitos de dinâmica de grupo elaborada por Pichón:

Atitude frente à mudança - pode ser positiva, atitude mutante ou negativa, a qual chamamos de resistência a mudança, Diante das situações de mudanças surge os medos básicos. O medo da perde e o medo do ataque. O primeiro é o medo de perder o que já se tem eo segundo é o temor frente ao desconhecido, pode ser perigoso e não estamos instrumentados para manejar coma nova situação. O medo da perda há a aparição de uma ansiedade depressiva, e ao medo do ataque há a aparição de uma ansiedade paranoica, assim surge a resistência à mudança.

A psicoterapia de grupo passa pelo processo de cura que implica em mudança. A técnica de grupos operativos centra-se na mobilização de estruturas estereotipadas e das dificuldades de aprendizagem e comunicação produzidas pelo monte ansiedade, que causa toda a mudança.

O porta-voz que transmite com sua sensibilidade a situação emergente, denunciando algo próprio ou do grupo. Na teoria do vínculo, Pichón define como uma estrutura complexa que inclui um sujeito e um objeto, a interação em espiral dialética. É uma relação bi corporal, porém tri pessoal. Através da noção de vinculo, abordamos a relação entre a estrutura social e a configuração do mundo interno do sujeito. O sujeito é um ser de necessidade que somente se satisfaz através de relações que o determinam. Ë um sujeito produzido na medida em que existem determinantes que atuam na sua conformação como ser social.

No grupo operativo procura-se trabalhar o Eu do sujeito, com relação ao medo básico, fundamentalmente, pela diminuição dos medos básicos, em termos da perda do objeto, esses medos paralisam o Eu e o tornam impotente. Através da técnica operativa se fortalece assim uma adaptação ativa à realidade. Esta técnica hierarquiza como tarefa grupo a construção de um ECRO (esquema conceptual, referencial e operativo) comum, condição necessária para estabelecer uma comunicação a partir da afinidade de emissor e receptor. Elaborar o ECRO comum implica um processo de aprendizagem. A tarefa depende do campo operativo do grupo. Em um grupo terapêutico a tarefa é resolver o denominador comum da ansiedade do grupo, que em cada integrante, toma características particulares.

Os papeis-verticalidade e horizontalidade

Esses papéis, de fixos e estereotipados, passam a ser funcionais, operativos. O grupo assume uma dinâmica mais fluente da tarefa e cada paciente adquire uma consciência de sua própria identidade e do demais.

Ocorre no grupo ocorre o jogo de associar e assumir os papéis. A forma dos papéis permite assumir papéis complementares e suplementares.

O grupo operativo está centrado na tarefa e sua finalidade é aprender a pensar em termos de resolução das dificuldades manifestadas no campo grupo, e não no de cada um de seus integrantes, o que seria uma psicanálise individual em grupo. Assim o grupo operativo se opera em duas dimensões constituindo assim uma integração de diferentes correntes.

Grupo Operativo Terapêutico

Pichón coloca que o grupo operativo é um instrumento de trabalho, um método de investigação e cumpre, além disso, uma função terapêutica.

No grupo operativo privilegia-se o progressivo ou prospectivo na tarefa. Todo acontecimento que surge no grupo é um ensaio do que se realizará em seguida e fora do grupo

Uma tarefa realizada com eficiência, traz resultados benéficos para todo o grupo, já qualquer déficit na personalidade do sujeito e, por sua vez, todos os transtornos da personalidade, são transtornos da aprendizagem, assim o grupo tende a romper com os estereótipos.

O processo grupal, bem como o processo de aprendizagem, se dá por meio de um permanente movimento de estruturação, desestruturação e reestruturação, que pode ser representado por um cone invertido. Dentro deste cone pode-se representar o movimento que acontece entre o desejo de mudança, de entrar em contato com o novo e os medos e ansiedades que levam à resistência. Entre o que está explícito no grupo e o que está

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